Nascimento de empresas no Brasil bate recorde esse ano
Segundo indicador do Serasa Experian, 390 mil novos CNPJs foram registrados, um aumento de 33% em relação ao ano passado. MEI é a categoria favorita dos novatos (80%).
396.802 negócios novos foram abertos no Brasil em abril deste ano. É o que mostra o Indicador de Nascimento de Empresas, medido pelo Serasa Experian.
O número é o maior registrado desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta é de 32,7%:
Em relação aos segmentos de atuação, o de Serviços representou a maior parcela de empresas criadas em abril (73,4%), seguido pelo “Comércio” (19,4%). Quanto ao tipo de negócio, Microempreendedor Individual (MEI) destacou-se como a opção preferida (70,9%).
Outro destaque é a localização das empresas novatas: 120 mil delas foram criadas em São Paulo, ou cerca de 30% do total. Em segundo lugar vem Minas Gerais (41.593) e Rio de Janeiro (30.954).
Segundo o vice-presidente de pequenas e médias empresas do Serasa Experian, Cleber Genero, o crescimento do número se deve ao aumento de políticas governamentais de apoio ao empreendedorismo.
Além disso, Cleber também destaca a aceleração da transformação digital, que permite que muitos empreendedores iniciem suas atividades com menos necessidade de capital inicial e enfrentem barreiras de entrada reduzidas.
“Para manter a saúde financeira dos negócios, é essencial ter acesso a recursos adequados, orientação assertiva e infraestrutura sólida para sustentar o crescimento a longo prazo e evitar riscos de insolvência”, finaliza Genero.
Processo demorado
Mas não se engane: alta demanda não significa, necessariamente, agilidade. Quem quer abrir um negócio no Brasil precisa reservar 51 dias na agenda só pra burocracia. É isso que mostra o Índice de Burocracia Ibero-Americano 2023, medido pelo centro de pesquisa econômica da Universidade Internacional da Flórida (FIU).
São 51 dias de trabalho (8h cada), ou 410 horas no total. Com esse tempo, seria possível completar, confortavelmente, quase 60 maratonas. Ou ainda, aos empreendedores cinéfilos, ver a trilogia do Poderoso Chefão 45 vezes.
É. Nessa perspectiva, as horas podem parecer… intensas. Especialmente porque, segundo o governo federal, o tempo médio de abertura de empresas por aqui teoricamente leva de uma a duas horas.
Essa discrepância rola porque o governo só mede o tempo de processamento do lado da máquina pública. Segundo Mariana Abreu, professora de Economia do Ibmec, instituto que ajudou a levantar os dados por aqui, o índice americano considera o tempo que empreendedores e contadores levam para colher e preparar informações que serão adicionadas ao sistema público (tanto para abertura quanto para o funcionamento anual dos negócios).
Assim, a pesquisa conseguiu medir os números de modo mais detalhado. A etapa de identificação e registro foi a mais demorada, consumindo 250 horas. Nesse balaio, 30% do esforço é destinado para que o empreendedor consiga cumprir obrigações tributárias exigidas pelo governo.
Já a etapa de requerimento de serviços fundamentais (luz, água, telefone e internet), consome cerca de 130 horas no total.
Wagner Lenhart, diretor executivo do Instituto Millenium, organização brasileira que coordenou o estudo, afirmou que a pesquisa mostra a urgência de emplacar políticas públicas que avancem esse processo. Ainda sim, não nega avanços, citando a Lei de Liberdade Econômica e a maior digitalização dos processos – como citado por Cleber – como fatores cruciais para explicar o desempenho do país no índice.