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Do mercado financeiro ao negócio de bicicletas elétricas

Conheça a transição de carreira de Aneliza Costantini de Lima, que usou seu conhecimento do trabalho em bancos e fundos para impulsionar o varejo de bikes.

Por Aneliza Costantini de Lima*, especialmente para a Você S/A
14 nov 2024, 17h07
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 (Divulgação/Divulgação)
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Nunca imaginei sair do mercado financeiro, pois desde a faculdade em Economia pela PUC-SP sempre estagiei e trabalhei em bancos e fundos. Mas, em 2019, minha trajetória profissional acabou me levando a atuar em uma empresa varejista. Decidi abraçar esse novo desafio: estruturar financeiramente uma marca de bicicletas elétricas, a Lev, para uma expansão agressiva, um setor completamente distinto do ambiente bancário com o qual eu estava familiarizada.

A princípio, meu objetivo era dar uma breve consultoria financeira, provavelmente, e retornar para uma instituição financeira. Mas, a cada desafio vencido, vinham outros. Eu ficava feliz em ver o crescimento contínuo e como eu podia agregar mais à Lev.

Foram muitas aplicações do que aprendi ao longo dos anos para desenvolver esse negócio. Lidar com importações, em particular, mostrou-se uma oportunidade muito relevante para que eu praticasse meu conhecimento em produtos bancários e hedges para reduzir o custo de capital e proteger a empresa da variação cambial. Sempre tive um domínio em Gestão de Riscos, não somente de mercado, mas também de liquidez, crédito e operacional, e em uma empresa conseguimos aplicar todos ao mesmo tempo, diferente de um banco onde você escolhe um desses riscos para se especializar.

Habilidades para conseguir créditos e investidores

Todos os meus anos trabalhando em bancos também permitiu que eu conseguisse aprovações de créditos. Isso porque eu já entendia o outro lado, sabia exatamente o que é importante na análise de crédito e liberação de recursos, sabia preparar reports e demonstrações financeiras da forma que precisam ser feitos, sempre com o olhar de riscos e controles que foi minha maior experiência bancária.

Além do setor bancário, tive experiência em um fundo de Private Equity, o qual me permitiu agregar valor do ponto de vista de investidores para a empresa de bikes elétricas, como aplicações de governança corporativa, políticas de compliance e voltar o negócio para diretrizes ESG. Hoje, na Lev, temos metas de remuneração variável vinculadas ao ESG, o que está em linha com o que o mercado espera de uma empresa de valor.

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Até durante os momentos difíceis, percebi que existiam conhecimentos que pareciam específicos do mercado financeiro, mas que se mostravam muito úteis no varejo. No início da pandemia, por exemplo, foi preciso ter muita organização para sustentar um período com queda no faturamento, e nosso objetivo era evitar demissões. Sendo assim, fui atrás de toda oportunidade e auxílio que surgia, desde parcerias até postergação de impostos pelo governo. Isso, ao lado da atuação brilhante do resto da equipe e de um grande esforço para manter a gestão financeira saudável, permitiu que não demitíssemos ninguém. Depois dos primeiros meses, mesmo enquanto a pandemia ainda acontecia, conseguimos nos normalizar e até acelerar o ritmo, que não diminuiu até hoje. Nos últimos cinco anos, nosso negócio de bicicletas elétricas cresceu em média 51%; o desejo de qualquer fundo de Private Equity. E os planos estão a todo vapor: nossa meta até 2027 é crescer 53,4% e chegar a 94 lojas, frente às 40 que temos atualmente.

Mas a questão não é só o lugar onde estou, é tudo que já construí. Mesmo ao mudar de setor ou, para algumas pessoas, fazer uma transição mais intensa na carreira, o passado não é perdido. No meu caso, além dos conhecimentos financeiros técnicos que o cargo ainda exige, pude adaptar muitos dos fundamentos da minha trajetória, além de manter um networking relevante.

Às vezes, o mais importante é olhar por outro ângulo e descobrir como vamos nos encaixar na situação. Aceitar novos desafios e ter coragem para vivê-los faz diferença na sua carreira e na sua vida. Claro, eu não conseguiria ajudar no crescimento da Lev se não tivesse a confiança dos sócios Rodrigo e Bruno Affonso, e sou grata pela oportunidade. Hoje, fico feliz em ter aceitado a proposta, e sinto que estou me tornando uma profissional cada vez mais completa — seja dentro de um banco ou vendendo bicicletas.

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*Aneliza Costantini de Lima é CFO da Lev, marca líder em bicicletas elétricas no Brasil

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