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Conheça a lavanderia para quem não tem máquina de lavar

A Lavô nasceu em 2019, virou franqueadora em 2020 e já licenciou mais de 500 lojas.

Por Guilherme Jacques
Atualizado em 8 abr 2022, 09h39 - Publicado em 8 abr 2022, 06h21

Angelo Donaton, 45 anos, acompanhava de longe o ano sabático – e os perrengues – de duas amigas. “Elas venderam tudo que tinham, adaptaram um carro e saíram pela América do Sul. Só que não tinham como lavar roupa. Era uma passagem de um ou dois dias em cada cidade. E as lavanderias pediam um tempo muito maior”, conta.

Nesse meio tempo, Angelo usou uma lavanderia self-service nos EUA. Ficou impressionado: “Parecia algo muito fácil e barato”. De fato: em questão de duas horas já está tudo lavado e seco. E a preços camaradas: como as lojas não têm funcionários, você faz tudo sozinho, e os donos conseguem operar de forma lucrativa cobrando relativamente pouco. Parte do investimento que iria para o pagamento de funcionários vai para a compra de mais máquinas – o que significa menos filas.  

Angelo, então, resolveu deixar seu cargo de gerente comercial, onde estava havia 12 anos, para empreender: montaria sua própria lavanderia self-service. Não seria a primeira do país, claro. Nossas maiores cidades têm serviços assim. A diferença é que há relativamente poucas lavanderias no Brasil – seja self-service ou não. Segundo o Sindilav, que representa as empresas do setor no estado de São Paulo, apenas 4% dos brasileiros adultos mandam suas roupas para a lavanderia.

Por outro lado, a entidade também estima que o público em potencial (gente que deixaria de lavar roupa como lava hoje para fazê-lo fora de casa) é pelo menos 5 vezes maior. De olho nesse potencial, Angelo criou a Lavô. “Nosso desafio é fazer com que o consumidor use o serviço pela primeira vez. Feito isso, ele não volta a lavar roupa em casa”, diz, confiante.

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Um dos pilares por trás da ideia era criar um serviço barato, acessível a todos – inclusive por quem não tem máquina de lavar em casa. De acordo com o IBGE, um terço dos lares brasileiros não conta com o eletrodoméstico.

A virada de chave

 

As máquinas da Lavô
(Carlos Pedretti/VOCÊ S/A)

Angelo abriu a primeira loja em um posto de gasolina na cidade de Balneário Camboriú, em 2019. Paulista, de Jundiaí, ele explica a escolha pela praia catarinense: “Começamos lá por ser uma cidade com muitos turistas, e porque eu tinha planos de me mudar.”

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À época, a Lavô era mais analógica. Os clientes tinham que ir até a loja de conveniências do posto para adquirir uma fichinha, que vinha com as doses de sabão e amaciante. Depois, precisavam colocar tudo na máquina para fazê-la funcionar.

Ainda assim, deu certo. O investimento inicial, de R$ 140 mil, se pagou em nove meses e permitiu melhorias. “Ao longo desse tempo, consegui instalar os totens de pagamento e a programação para as máquinas dosarem sabão e amaciante. Também fui automatizando todo o resto, a abertura e fechamento das lojas, o acionamento de luzes e do ar condicionado”, explica.

O êxito inspirou Angelo a transformar a lavanderia numa franqueadora. A primeira loja nesse modelo veio em janeiro de 2020, em Campinas. Só que tão rápido quanto a expansão do negócio veio a pandemia. “Já estava planejando a massificação, mas precisei interromper tudo e repensar. Nisso, descobri uma aceleradora de franquias, a 300 Franchising. Vi o histórico, achei bacana e fui procurá-los para apresentar o modelo de negócios. Acabou que foi super bem aceito.”

Nesse tipo de parceria, a equipe da aceleradora ajuda o franqueador a vender os direitos de uso da marca, em troca de uma comissão a cada negócio fechado. Foi como acoplar um foguete à empresa. Em agosto de 2020, início da aceleração, cinco lojas foram vendidas. Em setembro, mais sete. Ao final do primeiro ano, já eram 80.

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Para 2021, a meta de Angelo foi robusta: vender outras 100 unidades. Superou com folga. Hoje, já são mais de 500 lojas comercializadas.

Veja bem: esse é o número de negócios fechados, não de lojas ativas. Apenas 130 delas já foram inauguradas, outras 110 estão em construção e as outras seguem no papel. É que, depois de entrar no negócio, o franqueado tem 4 meses para abrir a filial.

Há três alternativas: lojas para condomínios, que costumam ser menores e com menos equipamentos; em imóveis comerciais e em contêineres. Para as duas últimas, é importante que sejam instaladas em regiões com alta concentração populacional, com disponibilidade de estacionamento e funcionamento em horário estendido, para atender quem só pode levar as roupas depois do trabalho.

Hoje, metade da rede funciona 24 horas e as demais, das 6h à meia-noite. Além disso, 40% das lojas ficam em postos de gasolina. É um chamariz óbvio: o motorista para, abastece seu carro, vê a lavanderia e depois volta com as roupas sujas no porta-malas.

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Angelo coloca roupas e uma das máquinas da Lavô
(Carlos Pedretti/VOCÊ S/A)

A proximidade com outras alternativas de serviço também é fundamental. “As lojas de maior sucesso têm serviços agregados ao redor. Muitos clientes deixam a roupa lavando e vão ao supermercado, à farmácia ou ao salão de beleza. Aliás, os próprios estabelecimentos usam o serviço. Em algumas lojas, 30% do faturamento é decorrente de parcerias com barbearias, salões de beleza e clínicas”, conta.

E a filosofia de oferecer um serviço barato segue firme. “Temos uma adesão muito grande da classe C. Esse público, que muitas vezes não possui máquina de lavar, não tinha a oportunidade de contar com lavanderias. Até por isso estamos em Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Acre…”.

A franqueadora Lavô, aliás, tem uma semelhança com as lavanderias da marca: não conta com funcionários. Pelo menos não diretos. “A 300 Franchising responde pela parte comercial, sem participação na empresa. Todo o nosso staff é terceirizado, mas identificado com a marca: o  marketing da Lavô, a equipe de instalações, de treinamento e até a minha secretária. Também não temos sede. Eu trabalho de casa e os parceiros, cada um do seu local.”

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Ele completa: “O fato de não ter funcionários nem sede própria isenta a gente de muitas despesas. Hoje, nosso caixa representa vinte vezes o custo operacional. Não porque temos muito dinheiro, mas porque o custo operacional é baixo.”

O faturamento anual de Angelo, hoje, é de R$ 650 mil. E agora ele está de olho na internacionalização. “Já contratamos uma equipe jurídica e há um franqueado em processo de implantação no Paraguai. Depois, queremos ir para Argentina e Chile. Além disso, a nossa parceira que faz a aceleração está abrindo escritórios em Portugal e nos Estados Unidos. Ou seja, nós vamos junto com eles.”

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