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Por que o Banco Central prevê o “fim” dos apps de bancos

Open finance deve permitir que clientes acessem todas as suas contas num aplicativo só. Resta convencer os brasileiros de que essa é uma boa ideia.

Por Bruno Carbinatto
13 dez 2023, 16h27

Cansado de alternar entre apps de vários bancos para organizar sua vida financeira? Em breve, você poderá economizar alguns cliques e fazer tudo isso na tela de um só aplicativo.

Pelo menos é essa a visão de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Em várias falas públicas recentemente, ele vem defendendo que, em breve – “um ano e meio, talvez dois” –, os apps de bancos como conhecemos se tornarão obsoletos e serão substituídos por um “superapp”.

Esse seria um agregador de ecossistemas de vários bancos, que, com a permissão dos clientes, concentraria os dados financeiros de todas as suas contas num só lugar. Com isso, daria para visualizar – e movimentar – toda a grana de várias instituições em um só ambiente. 

Vale ressaltar que o tal “superapp” não seria algo criado pelo próprio Banco Central, mas por livre iniciativa do mercado. Os próprios bancos, diga-se, estão trabalhando para converter suas plataformas para o modo 2.0. Ou seja, os apps dos bancos não necessariamente deixariam de existir – mas ficariam todos conectados, de forma que você poderia viver com um só.

Há também startups não bancárias trabalhando no desenho desses produtos para concentrar os serviços de vários bancos, alheio às plataformas das instituições financeiras. 

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Um mundo em que você não precisa obrigatoriamente de um app de banco é possível porque o Banco Central implementou há dois anos o Open Finance. Trata-se de um sistema em que as instituições são obrigadas a padronizar seus aplicativos e APIs (a forma como os apps se conectam). 

Aí o BC disse que as instituições financeiras seriam obrigadas a permitir o compartilhamento das informações dos clientes. Valem dados cadastrais, saldo em conta, limite de crédito, empréstimos… mais recentemente, o Open Finance passou a incluir também dados de investimentos. Em teoria, tudo isso pode trazer benefícios para os consumidores, porque estimularia a competição entre bancos. 

Se você é cliente dos bancos A e B e quer mostrar para o A como você tem um limite melhor no cartão de crédito do B, é só pedir, via app, o compartilhamento de informações. Se a instituição A quiser manter o cliente feliz, aumentará o limite também.

Mas, com os apps individuais, não há uma relação direta entre compartilhamento e  uma oferta melhor de um produto. Num superapp, o cliente conseguiria ter acesso a um marketplace de serviços financeiros.

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Quem primeiro tentou essa integração no país, antes do Open Finance, foi finada fintech GuiaBolso, lançada em 2012 e comprada pelo PicPay, que desativou o app. 

Na prática, é claro que um app único pode ser mais cômodo. Mas ainda falta convencer os brasileiros de que compartilhar dados financeiros é um bom negócio, ainda mais com tantas fraudes atrapalhando o tráfego. Dos 190 milhões de brasileiros com conta bancária, apenas 27 milhões consentiram até agora com o compartilhamento de seus dados.

 

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