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Oito em cada dez consumidores voltam a ter o nome negativado após quitar dívidas

Estudo da CNDL e do SPC Brasil mostra que a maior parte dos ex-inadimplentes voltam a sujar o nome em menos de um ano após o pagamento das contas negociadas.

Por Luana Franzão
16 out 2024, 12h00
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 (Giovanna Borges/VOCÊ S/A)
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isciplina é uma palavra que assusta, e com razão. É difícil mudar hábitos enraizados em nossa vida em prol de uma rotina mais adequada. A ideia de mudança pesa ainda mais quando falamos em finanças: ensinar as pessoas como gastar seu dinheiro é uma tarefa para titãs.

A realidade da dificuldade dos brasileiros em manter uma vida financeira saudável aparece na nova pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, a CNDL, e do Serviço de Proteção ao Crédito, o SPC Brasil. Ela aponta que oito em cada dez consumidores retornam para os cadastros de negativação em menos de um ano após o pagamento de uma conta negociada.

Em agosto, 86% dos consumidores que atrasaram contas são reincidentes, ou seja, já apareceram no cadastro de inadimplentes nos últimos doze meses.

Os reincidentes se dividem da seguinte forma: 63,58% dos consumidores ainda não tinham pagado suas dívidas até agosto e 22,73% tinham saído do cadastro de devedores, mas retornaram. Os outros 13,69% não estiveram com o nome restrito nos últimos doze meses, portanto, não são considerados reincidentes.

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Defasagem na educação financeira

Segundo especialistas, há uma clara defasagem na educação financeira do brasileiro. Uma melhor instrução seria fundamental para ajudar a manter as contas em dia – ou, ao menos, aumentar a consciência sobre os benefícios de fazê-lo.

Contudo, há outros fatores a considerar. O presidente da CNDL, José César da Costa, pontos como desemprego, baixa renda e escolaridade são determinantes para uma vida financeira pouco saudável.

“Embora tenha havido uma queda de 16,38% no número de reincidentes no último ano, o problema persiste de forma significativa, impactando tanto os consumidores quanto o mercado de crédito”, afirmou.

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Desemprego, baixa renda e escolaridade são determinantes para uma vida financeira pouco saudável

Para a educadora financeira Aline Soaper, o brasileiro tem pouca consciência sobre o nível de preços e como ele afeta os gastos mensais. Às vezes, a inflação pode ter contribuído para o aumento de contas essenciais, como aluguel, luz, gás, etc., e o consumidor não ter compreendido que elas estão engolindo uma fatia maior do seu salário.

Ela também destaca que, sem salários que acompanhem o crescimento da inflação, é muito difícil mudar o cenário de inadimplência.

A última leitura do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o tal do IPCA, divulgada em 8 de outubro, aponta que os preços subiram 0,44% em setembro. De acordo com a medição do IBGE, um dos fatores impulsionando a alta é o setor de Habitação, onde os preços subiram 1,80% – sobretudo, devido à mudança de bandeira no início do mês, que elevou as taxas de energia. Um exemplo das situações às quais Soaper se refere.

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Outros números

Em média, o consumidor demora 2,4 meses para atrasar o pagamento de uma segunda conta e voltar a ficar inadimplente.

A maior parte dos reincidentes estão entre os 30 e 39 anos de idade (26,80%), seguidos pela faixa etária dos 40 aos 49 anos (22,84%).

A divisão entre gêneros está equilibrada. 53,99% dos retornantes são mulheres, enquanto 48,01%, são homens.

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Em média, o consumidor demora 2,4 meses para atrasar o pagamento de uma segunda conta e voltar a ficar inadimplente

Como evitar a reincidência

Vamos à dúvida primordial: como não voltar a se endividar?

Aline Soaper ressalta a necessidade de colocar todas as contas (sim, todas) na ponta do lápis. Ver o que aumentou, diminuiu e o que pode ser cortado no próximo mês.

Ela também recomenda pesquisar os preços antes de comprar. Entre os produtos que mais pesaram no bolso dos brasileiros nos últimos meses estão a banana prata, o café, o mamão e a laranja-pera. O ideal é substituir produtos mais caros, por outros de marcas menos famosas.

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Método 50-30-20

Essa técnica pode te ajudar a juntar um pouquinho a cada mês.

Metade – ou seja, 50% – da renda líquida mensal deve ser direcionada para gastos fixos e indispensáveis, como o aluguel, alimentação, educação, transporte e plano de saúde.

30% são destinados a gastos eventuais. Aqui entram o cinema no final de semana com as crianças, o jantar em um restaurante bacana com seu amor, o café de torra especial no mercado e um novo curso que decidiu fazer.

Os 20% que sobram são os protagonistas do método: devem ser poupados. Com eles, comece a construir a reserva de emergência que pode vir a calhar quando menos se espera. A poupança, entretanto, pode não ser o melhor investimento. Guardar a reserva em outros títulos de renda fixa, como o tesouro direto ou CDBs e CDIs pode ser mais vantajoso, a depender do estilo de investimento de cada um.

Atenção! Não é para quebrar o cofrinho por qualquer motivo. A reserva de emergência deve ser acessada apenas em caso de, claro, urgência. A régua do que é emergencial ou não deve estar bem calibrada para a iniciativa funcionar: nem tudo é importante. Um problema inesperado no carro, uma visita imprevista ao veterinário ou uma demissão surpresa são exemplos de emergências de verdade.

Quem possui dívidas para quitar, pode usar os 20% para isso em um primeiro momento. A prioridade é sair da escassez de recursos para uma situação segura nas finanças, o que passa invariavelmente pela redução de dívidas.

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