Faça um teste e descubra sua personalidade financeira
Faça o teste e entenda como ela determina sua forma de lidar com o dinheiro e suas aplicações
SÃO PAULO – Você provavelmente já deve ter notado que algumas pessoas priorizam a segurança ao escolher seus investimentos. Outras têm facilidade em assumir opções de aplicações que envolvem riscos, se isso significar a possibilidade de ganhos maiores.
Há ainda aquelas que têm atitude empreendedora e preferem colocar seu dinheiro em projetos de negócios próprios por acreditar que, assim, dependem apenas de si mesmas para chegar ao lucro. Segundo a educadora financeira canadense Stephanie Holmes-Winton, autora do livro $pent – Your Money mindset is the key to your financial freedom, isso acontece porque as pessoas têm personalidades financeiras variadas, que ditam diferentes comportamentos. “Nossa personalidade é o filtro através do qual observamos nossas finanças e tomamos nossas decisões relacionadas ao dinheiro”, diz a autora.
Para ela, é por essa razão que algumas pessoas têm tanta dificuldade em aderir a orientações puramente racionais repassadas por consultores de investimentos. “Uma estratégia financeira baseada em mudar quem somos, em vez de administrar nossas tendências naturais, tem grandes chances de falhar”, afirma Stephanie.
Em seu livro, a planejadora listou sete perfis de comportamento financeiro. Para ela, o melhor caminho para o sucesso na gestão das nossas finanças e investimentos é nos ajudar a conhecer nossa personalidade financeira, explorando suas fortalezas e evitando pontos falhos. “O perfil independente, por exemplo, é um pesquisador dedicado de informações financeiras, mas esse traço pode fazê-lo adiar decisões e, por isso, perder oportunidades financeiras”, diz. “Ao tomar consciência dessa característica, entretanto, ele pode estabelecer prazos para a busca de informações, assim como o assustado pode se dar conta de que algumas de suas decisões de investimento são irracionais, condicionadas pelo medo”, afirma ela.
Ao longo desta reportagem, você descobre os sete tipos identificados por Stephanie Holmes-Winton e os investimentos favoritos de cada um deles, bem como as aplicações financeiras que eles deveriam experimentar, considerando seus pontos fracos, na opinião de especialistas em finanças brasileiros. “Entender sua personalidade financeira permite que a pessoa continue a ser ela mesma na hora de investir, respeitando suas preferências, mas evitando a auto-sabotagem”, diz a planejadora. Faça o teste e descubra o investidor que existe dentro de você.
Que tipo de investidor é você?
1) Despesas com hobbies para as crianças são…
a) Negociáveis. Seus filhos precisam provar que o investimento não será um desperdício e se comprometer a frequentar as atividades por um tempo mínimo para que você aceite pagar.
b) Limitadas. Você primeiro verifica se há espaço no orçamento e depois decide se as atividades são realmente importantes.
c) Inquestionáveis. Se você tiver que trabalhar ou poupar mais para arcar com elas, seus filhos não sofrerão por isso.
d) Muito importantes. Seus filhos nunca atingirão todo o seu potencial se suas asas forem cortadas na infância.
e) Aceitáveis. Se você não tiver que refinanciar a casa para pagar por elas, você apoia.
f) Reflexo de sua posição. Se você quer que seus filhos sejam vencedores, tem de proporcionar ambientes com um círculo de amizades adequado.
g) Sinal de que você será motorista. Você se preocupa mais em levar e buscar as crianças nessas atividades do que com o preço delas.
2) Se lhe pedem um conselho financeiro, você…
A. fala sobre o cenário,sugere algumas boas escolhas e alerta a pessoa sobre taxas embutidas.
B. sugere que a pessoa economize em vez de embarcar em algum investimento arriscado.
C. lembra que a vida é muito curta e que é melhor gastar bem do que trabalhar e não aproveitar o que ganhou.
D. encoraja a pessoa a ampliar seus horizontes. Embora não sugira muitas ações concretas, a mensagem é: invista nos seus sonhos.
E. dá umas poucas sugestões, mas nunca com exemplos da sua própria experiência. Se a pessoa insistir, sugere que ela procure o banco para mais informações.
F. falaria sobre a corretora de investimentos que o assessora, enfatizando o prestígio dela.
G. pensa que a pessoa perdeu a cabeça, afinal você é a pior pessoa do mundo para falar desse assunto.
3) Cartões de crédito são…
A. Grandes ferramentas. São uma forma de adiantar recursos para comprar o que precisa pagando juros altos por isso.
B. Horríveis. Você não gosta nem de tê-los. Se tiver de usar para comprar uma passagem aérea, paga o cartão assim que finalizar a compra.
C. Maravilhosos. Embora procure não gastar muito neles, se a necessidade justificar o uso, tudo bem.
D. Para usar. Você os quitará quando o dinheiro entrar, mas, enquanto isso, você os usa sempre que quer.
E. Para ser guardados. Você pode até usá-los, mas não em púlbico, afinal, não quer que ninguém o rotule pelo tipo de cartão que usa.
F. Para exibir. Eles são um símbolo de status e dizem muito sobre o seu nível de sucesso.
G. uma preocupação alheia. Você põe a fatura dos seus no automático ou deixa que seu parceiro(a) faça o pagamento.
4) Se comete um erro financeiro, você…
A. Você não comete erros financeiros.
B. assegura-se de não cair nessa cilada de novo e promete nunca mais correr riscos.
C. pensa que não foi sua culpa, afinal não podia prever que perderia o emprego quando estivesse endividado.
D. Tenta aprender com eles, mas não deixa que isso desacelere seus projetos.
E. Não conta a ninguém. Mesmo se alguém mencionar ter caído na mesma armadilha, você prefere guardar sua história para si mesmo.
F. busca os culpados. Afinal, você não é burro, e se derrapou foi porque alguém o aconselhou mal.
G. só comprova que realmente não leva o menor jeito para lidar com dinheiro.
5) Quando o assunto é a escolha de um investimento, você…
A. pode até ouvir sugestões, mas a decisão é sempre sua.
B. fica com poupança ou previdência, porque precisa de garantias.
C. pensa que só poderá fazer isso quando tiver mais dinheiro em caixa.
D. mira na lua, afinal, para ganhar é preciso pensar grande e encarar riscos.
E. desconfia dos interesses de quem o aconselha, por isso, se ouvir um consultor, deixa para investir com outro.
F. Investe grandes somas, mesmo que esteja com dívidas.
G. Faz o que lhe dizem.
6) Quando compra um carro, você…
A. Pesquisa muito e faz um interrogatório com o vendedor. Você não fica feliz até que ele fique infeliz.
B. economiza ao máximo antes de comprar e, quando chega a hora, quase desiste. Afinal, não tem nada que deteste mais do que fazer uma dívida.
C. pensa que só se vive uma vez na vida e escolhe o carro que vai deixa-lo mais feliz.
D. escolhe um modelo um pouco acima das suas possibilidades apostando que deve receber um bônus ou ser promovido em breve.
E.visita concessionárias e checa vários modelos, até aqueles fora da sua realidade, afinal isso não é da conta do vendedor. Quando estiver decidido, vai a uma loja e compra.
F.escolhe o item que mais se alinha com sua imagem de sucesso.
G. Segue o conselho do vendedor ou do seu parceiro(a).
7) ) Ao contrair um empréstimo, você…
A. Compara o custo final de dois empréstimos e presta uma atenção especial nas taxas de juros.
B. Sua preocupação é que as parcelas sejam fixas, para evitar surpresas, e com quanto tempo vai levar até concluir o pagamento.
C. Faz o que for para o empréstimo sair o quanto antes. Você não se importa com o prazo até a quitação. Sua preocupação é com o custo das parcelas agora.
D. Tenta um valor um pouco acima do compatível com sua realidade. Mas, se o banco aprovou, deve ser porque você é apto a pagá-lo.
E.não gosta de ficar detalhando sua vida financeira. Por isso, onde o empréstimo sair com menos burocracia, melhor.
F. Não se preocupa muito com juros nem prazo, afinal ganha muito dinheiro e pode se livrar do empréstimo assim que quiser.
G. Prefere que seu parceiro(a), consultor ou gerente aponte a melhor opção.
8) Quando encontra um planejador financeiro, você…
A. Pensa que eles só aconselham o que é melhor para eles, e não para você.
B. Se mostra orgulhoso de sua capacidade de economizar e deixa claro que não está interessado em nenhum investimento que envolva riscos.
C. Lista todas as razões pelas quais não tem conseguido economizar nem para a sua aposentadoria, quanto mais para investir.
D. Descreve em detalhes seus sonhos e projetos e fica animado com a ideia de fazer seu dinheiro trabalhar por você.
E. é quem faz as perguntas e deixa claro que não vai dar detalhes da sua vida financeira a alguém que acabou de conhecer.
F. mostra sua habilidade em administrar sozinho seu portfolio de aplicações. Você gosta de ouvir uma segunda opinião sobre investimentos, mas não quer alguém dizendo como deve cuidar de sua vida financeira.
G. imediatamente confia. Se ele é um profissional, deve saber o que está fazendo.
Resultado
Confira qual letra você marcou mais vezes e leia o resultado
a- Independente
b- Assustado
c- Indulgente
d- Sonhador
e- Desconfiado
f- Ostentador
g- Ingênuo
Cada perfil, um jeito de gastar
A) O independente
Você gosta de se sentir no controle. Não confia na opinião nem nos conselhos de ninguém, apenas no seu próprio julgamento. Quando vai comprar, pesquisa na internet, busca ao menos seis opções antes de se decidir e vai direto ao local onde pretende fechar negócio. Como investidor, você estuda suas opções e não aplica em nada que não entenda em detalhes. Dificilmente toma decisões erradas quando a economia vai bem, mas, diante de uma crise iminente, pode tender à negação, deixando de fazer as mudanças necessárias para atravessar uma fase difícil. Não porque não tenha habilidade para lidar com a situação. É que a determinação em fazer uma análise minuciosa e independente pode fazê-lo adiar demais a tomada de decisão, resultando em prejuízos.
Investimentos preferidos: aqueles sobre os quais detém conhecimento técnico, não necessariamente os melhores.
Investimentos que deveria considerar: Como tem tomada de decisão lenta, deve diversificar suas aplicações com opções que combinam baixo risco e rentabilidade, como CDBs, LCA, LCI e debêntures. “Esse investidor deve evitar imóveis, pois a baixa liquidez é inimiga de quem demora a tomar decisões”, diz Mauro Calil, especialista de investimentos do Banco Ourinvest.
B) O assustado
O mero pensamento de desperdiçar dinheiro faz seu coração acelerar. Para você, comer fora é algo para aniversários e datas especiais. Como consumidor, é do tipo que adora comprar os produtos com garantia estendida só para evitar surpresas desagradáveis. No geral, seu esporte favorito é economizar. Como investidor, seu medo pode impedi-lo de tomar decisões racionais. Você evita o risco a todo custo, mesmo quando se trata de aplicações de longo prazo. Se o fizer e seu investimento se desvalorizar, mesmo que minimamente, você surta e saca o dinheiro o quanto antes. Em vez de pesquisar novos investimentos, você sempre prefere retornar a algo que já fez no passado.
Investimentos preferidos: Caderneta de poupança, CDBs de grandes bancos, mesmo que paguem pouco em relação ao CDI (de 70 a 85%) e fundos de investimento com bons resultados no passado, esquecendo-se que os rendimentos passados não são garantia de rendimentos futuros.
Investimentos que deveria considerar: Há alternativas para conciliar a busca por segurança desse investidor com uma melhor rentabilidade. “Ele pode começar por títulos como Tesouro Direto Selic, e evoluir para CDBs, LCs, LCIs e LCAs de instituições menores, com remuneração de ao menos 100% do CDI e assegurados pelo Fundo Garantidor de Crédito”, diz Mauro Calil.
C) O indulgente
Você pode não estar endividado, mas, certamente, seus hábitos de consumo e a falta de um controle mais rigoroso das despesas podem fazer com que sobre pouco dinheiro para investimentos. Você é do tipo que justifica um gasto extra com frases como “Eu mereço” ou “Minha família merece”. Por falar em investimentos, você prefere modalidades de aplicação que não precisam ser muito monitoradas e em que não é necessário tomar decisões com frequência, como poupança programada ou previdência privada com desconto na folha.
Investimentos preferidos: Poupança programada e planos de previdência.
Investimentos que deveria considerar: Para Mauro Calil, esse investidor deve transferir ao menos 80% de suas aplicações para títulos de renda fixa, como Tesouro Direto LCI, LCA LC e CDB de bancos menores. “Eles permitem ganhos maiores, que serão usados para formar poupança, mesmo sem demandar muita atenção”, diz o economista do Ourinvest. A previdência privada pode ser um investimento arriscado para esse perfil. “Por não dedicar muita atenção, ele pode ser vítima de taxas de carregamento e administração elevadas e só se dar conta muito mais tarde”, afirma.
D) O sonhador
Você é ambicioso e sente que construir uma imagem de sucesso é um investimento de longo prazo, o que, por vezes, o faz gastar mais do que deveria. Para você, é realmente difícil economizar. Não que você não perceba a necessidade, a questão é que acha que ainda não ganha o suficiente para começar a poupar. Como investidor, você não tem problemas em assumir riscos se for para construir algo grande. Em vez de ações ou fundos, você prefere investir em coisas que pode ver e tocar, como abrir seu próprio negócio ou comprar e vender imóveis.
Investimentos preferidos: compra e venda de imóveis, sociedade em empresas e novos negócios.
Investimentos que deveria considerar: Fundos de renda fixa e multimercados. “Esses títulos, de risco médio, servem de base para a criação do patrimônio necessário à abertura de um negócio ou para a aquisição de patrimônio”, diz Alexandre Chaia, economista e professor do MBA Executivo do Insper.
E) O desconfiado
Você é discreto e desconfiado. Pelo seu estilo de vida, as pessoas não conseguem imaginar quanto dinheiro você tem ou com o que o gasta. Isso porque você prefere experiências a objetos na hora de comprar. Você pode chegar ao cúmulo de dividir seu dinheiro entre diferentes aplicações e bancos, para que nem eles saibam o tamanho da sua renda, ou ter um esconderijo de dinheiro vivo, que possa acessar rapidamente em caso de necessidade. Você até pode ser um bom poupador, mas não é um investidor muito eficiente. É uma pessoa difícil de aconselhar porque odeia abrir sua vida financeira e responder muitas perguntas, o que pode fazer com que seja mal orientado por passar informações incompletas.
Investimentos preferidos: Dólar (no cofre de casa) caderneta de poupança , CDBs de grandes bancos e fundos de investimento com alta performance no passado.
Investimentos que deveria considerar: Esse perfil de investidor pode experimentar fundos multimercado e de ações. “As aplicações trazem maior rentabilidade podem ser feitas direto no site do banco ou corretora, sem intermediários”, diz Alexandre Chaia, do Insper. Mauro Calil, do Ourinvest, sugere investimentos de renda fixa como CDB, LC, LCI e LCA de instituições menores com remuneração de ao menos 100% do CDI e garantia do FGC, que asseguram baixo risco a um investidor que não gosta de se aconselhar.
F) O ostentador
Como consumidor, você adora produtos de marca e considerados raros e não é do tipo que confere a conta do restaurante. Como tem um bom fluxo de caixa, pode-se dar ao luxo de pagar sem se preocupar com mixarias. Só quando uma emergência bate à porta é que você se preocupa com isso. Para investir, você prefere opções que os outros possam ver, como edifícios, de preferência com seu nome pintado na entrada. Eles são muito melhores do que títulos impessoais de que só você e seu banco saberão. Você pode ter um portfólio de investimentos rentável, mas seus ganhos podem ser anulados pela sua dívida. Você teria um grande potencial para o sucesso financeiro se aprender a reinvestir os dividendos ou se deixar de avançar sobre o seu capital para cobrir despesas pessoais.
Investimentos preferidos: imóveis, obras de arte e ações, pela aura de conhecedor que isso trará nas rodas sociais. Eventualmente, pode investir em fundos com alto tíquete de entrada, pela sensação de exclusividade que pode ser alardeada aos amigos.
Investimentos que deveria considerar: investimentos programados e previdência privada. “O objetivo é fazer com que esse investidor se obrigue a criar uma poupança”, afirma Alexandre, do Insper.
G) O ingênuo
Você adora presentear os demais e é do tipo que sempre se oferece para pagar a conta e se ninguém o influenciar a economizar regularmente, você não o fará, simplesmente porque acha estressante pensar sobre qualquer questão relacionada a dinheiro. Se alguém pudesse ouvir suas conversas sobre investimentos com o gerente, consultor financeiro ou companheiro, certamente o ouviria dizer: “O que você preferir” ou “Eu confio em você”. Para você, a administração do dinheiro é um processo exaustivo e pouco atraente e você tende a concordar com qualquer coisa só para escapar dessa tarefa.
Investimentos preferidos: Poupança e fundos de renda fixa ou aqueles que o gerente oferecer para cumprir suas metas.
Investimentos que deveria considerar: Inicialmente, deveria focar em aplicações de renda fixa de qualidade, como Tesouro Direto Selic e CDBs, LCs, LCIs e LCAs com remuneração de ao menos 100% do CDI. “Mas essa pessoa deve investir principalmente em educação financeira, para ter mais conhecimento e se estressar menos com o assunto dinheiro”, diz Mauro Calil.