Elon Musk vive dias de Eike Batista e perde US$ 32 bilhões desde quinta.

Petroleiras e big techs, que vivem em pólos opostos das bolsas, dão as mãos numa espiral para o abismo nesta terça-feira sombria.

Por Luciana Lima, Alexandre Versignassi
Atualizado em 17 out 2024, 10h53 - Publicado em 8 set 2020, 19h07
 (Paulo Fridman/Maja Hitij/Getty Images)
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As empresas de tecnologia e as petrolíferas resolveram travar um rali nas bolsas nesta terça-feira: o de quem caía mais.

Por um lado, o feriadão prolongado não foi suficiente para aplacar os ânimos dos investidores, que deram sequência ao terceiro dia consecutivo de venda em massa dos papéis das gigantes de tecnologia. A Amazon terminou o dia em -4,39%, o Facebook, em  -4,09% e a Apple desabou -6,73%. Desde a última quinta, o Índice Nasdaq já soma uma queda de 7% – US$ 500 bilhões viraram pó. 

Pelo outro lado, nesta segunda-feira a petrolífera saudita Saudi Aramco anunciou que faria um dos maiores cortes no preço dos barris de petróleo para EUA e China dos últimos cinco meses. A lista que justifica esse movimento é longa. Primeiro, a diminuição das importações de petróleo pela China, após recordes de compras nos últimos meses. Depois, o aumento dos casos contaminação por coronavírus nos EUA, Índia e Reino Unidos, que enfraquecem a recuperação da economia desses países.

Até o fim do verão norte-americano entrou na conta. Isso porque essa temporada é conhecida por representar um aumento na demanda por gasolina. A razão? Assim como paulista adora pegar um engarrafamento para descer para a Ubatuba, os americanos aproveitam os dias ensolarados para juntar a família e viajar pelo país – consumindo mais combustível.

Mas o fato mesmo é que a Saudi Aramco, maior petroleira da Terra, está aproveitando o momento para ganhar mercado. Isso engatilhou uma guerra de preços entre todos os produtores de petróleo, que também baixam seus preços para não perder clientes. E as cotações caíram para os menores valores em três meses. O Brent para novembro fechou em queda de 5,38% e o WTI para outubro caiu outros 7,37%.

O resultado, então, foi esse momento insólito: as tradicionais petroleiras e as gigantes de tecnologia dando as mãos na espiral para o abismo. Ao meio dia, a americana Chevron havia conseguido superar a Apple e era a maior queda do Dow Jones. No final, o setor todo terminou em vermelho: Chevron (-3,61%), Exxon Mobil (-2,30%) e Shell (-3,68%).  

Com tantos tombos, as bolsas também foram parar lá embaixo: Nasdaq encerrou o dia em -4,11%, S&P 500 – 2,78% e o Dow Jones em – 2,25%.

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Isso logo foi sentido por aqui. E não houve relatório de banco que salvasse. O Ibov terminou o dia amargando uma queda de 1,18%, fechando quase abaixo dos 100.000 pontos. A Petro, que desde a abertura do índice caiu vertiginosamente, também foi lá no chão em -3,47%. Só não foi pior que a PetroRio, maior petroleira privada do país, que estreou hoje no Ibovespa com o pé esquerdo. Parece até que o Mick Jagger estava torcendo para ela, que finalizou como a maior baixa da sessão, em – 6,08%

Além do cenário externo, outro fator que atrapalhou por aqui foi a divulgação do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI). Ele registrou um aumento recorde de 3,87% em agosto. O resultado foi pior que a média dos últimos meses, que estava em + 3,01%, e ultrapassou as estimativas, que apontavam em +3,30%. Segundo a FGV, a razão para tal inflação foi o aumento do dólar, que criou uma corrida para os produtores brasileiros exportarem seus produtos – e encareceu os itens para o mercado local.

Mas o que era ruim ainda pode ficar pior. Diante do derretimento dos mercados, a moeda americana voltou a se valorizar. A resposta para isso é relativamente simples: com petróleo em baixa e volatilidade de ações em alta, os investidores voltaram suas atenções para portos-seguros dos investimentos, entre eles dólar e ouro. A verdinha americana, então, terminou o dia em alta de 1,07% e o ouro em outros 0,46%.

Barrada na porta

Antes de encerrar, é preciso falar da Tesla. Elon Musk está vivendo dias de Eike Batista: a fabricante de carros elétricos desabou impressionantes 21% nesta terça. Desde a semana passada, já perdeu US$ 156 bilhões – um terço de seu valor de mercado. Elon é dono de 21% das ações da Tesla. Logo, perdeu US$ 32 bilhões só nesses três pregões – quase o mesmo tanto que Eike já teve de fortuna (US$ 37 bilhões).    

A história que explica esse mar de azar para o bilionário sul-africano começa meses atrás. Depois de quatro trimestres de balanços que encheram os olhos de analistas, todo mundo dava como certo que a Tesla ingressaria no índice que mede as 500 maiores empresas listadas nas bolsas de Nova York, o glorioso S&P 500.

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Porém, na noite de sexta-feira, a agência Standard & Poors, que administra o índice, pegou todo mundo de surpresa ao anunciar que adicionaria três companhias à sua lista – e deixaria a Tesla de fora. Embora menos valiosas, essas empresas possuem um histórico de lucratividade mais consistente, algo que ganhou mais peso em meio às polêmicas sobre a inflação dos papéis das big techs pelo Softbank. O caso das ações sobrevalorizadas por conta do banco japonês afetou drasticamente a Tesla – já que a empresa de Elon é uma das mais vida loka (voláteis, como preferem os economistas): sobe e desce sempre com intensidade.     

Para piorar a vida do Musk, a Nikola, sua principal concorrente no ramo de veículos elétricos, anunciou hoje uma parceria com a General Motors (GM) para fabricar uma picape totalmente elétrica, movida a hidrogênio. Com essa cereja do bolo, as ações da Tesla terminaram a terça-feira na lona, naqueles -21%. 

É bom que os investidores tenham descansado nos últimos dias já que a semana (mais curta) promete altas emoções. 

MAIORES ALTAS

Azul: +6,79%

Localiza: +5,87%

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Iguatemi: +4,54% 

BR Malls: +4,33%

Multiplan: +4,04%

MAIORES BAIXAS

PetroRio: – 6,08%

Via Varejo: -3,96%

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Petrobras On: -3,47%

IRB Brasil: -3,3%

Petrobras: -2,88%

Petróleo:

Brent: -5.38%

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WTI: -7.37%

Dólar: +1,07% R$ 5,36

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