Dólar sobe 3,3% na semana; Ibovespa empaca

Mas a sexta foi ótima para Hering (9,99%), Qualicorp (7,81%) e Eletrobras (7,07%). Lá fora, altas da Apple e da Tesla testam os limites da racionalidade.

Por Alexandre Versignassi, Camila Pati
Atualizado em 17 dez 2024, 10h38 - Publicado em 21 ago 2020, 18h38
foguete dólar
 (kobzev3179/Getty Images)
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A frente fria pegou o mercado também. O Ibovespa fechou basicamente no zero, a 0,05% na sexta (21). Mas algumas ações arrumaram um canto quentinho, e fecharam o pregão fervendo. 

Foi o caso da Hering, que fechou em 9,99%. O gatilho foi o início de um programa de recompra de ações por parte dos controladores. 

Recompras são, via de regra, uma demonstração de que os controladores estão otimistas com o futuro da empresa. Companhias abrem o capital para obter dinheiro sem ter de pagar juros. Digamos que você tenha uma empresa e precise de dinheiro para expandir. Um jeito de levantar a grana é pedir emprestado. Outro é arrumar um sócio, que pague para ficar com 30%, 40% do negócio – e ter direito a 30%, 40% dos lucros que a empresa dê lá na frente. Abrir o capital na bolsa equivale a arrumar um sócio – na verdade, milhares de sócios, que vão pagar, no ato do IPO (a abertura de capital propriamente dita) para ter uma parte de sua empresa. 

Se lá na frente você, o controlador da empresa, decide ir ao mercado para recomprar as ações que lançou, significa o seguinte: 1) Que você está com o caixa recheado 2) Que confia mais no seu negócio do que o mercado, já que, se você mesmo comprou, é por que acha que as ações estão baratas demais para ficarem dando sopa por aí. 

O mercado, também via de regra, vê esse tipo de jogada com bons olhos, ainda mais quanto a recompra é grande. E a da Hering é grande. Serão 5 milhões de ações, o equivalente a 4% do capital da empresa – algo que, pelo valor de mercado da malharia hoje, vale R$ 87 milhões. Logo, as ações da Hering viveram um dia de subida histórica. Agora é ver se a aposta dos controladores vai se pagar, já que a companhia não apresentou um balanço animador no segundo trimestre. 

Qualicorp e Eletrobras

Outra que se deu bem nesta sexta foi a Qualicorp. A empresa de planos de saúde anunciou uma “mini-fusão” com a Notre Dame Intermédica, sua concorrente. É mais ou menos como um acordo de codeshare entre companhias aéreas: ela vão vender planos em conjunto. O mercado gostou da ideia, e a Qualicorp fechou em alta de 7,81%.

A parceria  amplia a oferta de produtos oferecidos pelos canais da Qualicorp com a entrada dos planos oferecidos pela Notre Dame Intermédica no segmento coletivo por adesão – aqueles contratados por conselhos, sindicatos e associações comerciais. Outra notícia que impulsionou as ações da Qualicorp foi o comunicado de compra da operadora Assim Saúde.

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Bom, outra alta rampante foi das ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6): 7,07% e 4,95%. A expectativa de privatização da maior empresa de energia elétrica da América Latina ganhou força com a notícia de reserva de R$ 4 bilhões no orçamento do governo para 2021 para a execução do plano de venda da estatal. O dinheiro será usado para a criação de outra estatal, que absorveria parte das operações após a privatização. 

É que nem todas as atividades controladas pela Eletrobras podem executadas por empresas de capital privado. A nova empresa do governo ficaria, por exemplo, com as operações da Eletronuclear, responsável pelas usinas nucleares de Angra (RJ), e que também é sócia da usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR).

Lá fora, os índices passaram mais um dia no berço esplêndido de suas cotações recordes, sempre puxados pelas empresas de tecnologia. A Apple teve uma alta brutal (para uma empresa que já vale mais de US$ 2 trilhões): galgou mais 5,15% hoje, por conta do otimismo com o breve lançamento do iPhone 12 (falta combinar com os russos, claro: é impossível cravar se o novo aparelho da Apple vai mesmo vender como os fanboys das ações da maçã esperam). 

A Tesla, com não menos respeitáveis US$ 382 bilhões em valor de mercado (CATORZE vezes o da Ford), também teve um dia feliz, o que não tem sido nada raro para ela em 2020: 2,41%, atingindo um valor recorde de US$ 2 mil por ação (deve vir um split por aí logo mais).  

Nisso foi fácil, extremamente fácil, para que o S&P 500 (0,34%) e o índice Nasdaq (0,42%), das empresas de tecnologia, seguissem em seus patamares de recorde histórico. O Dow Jones, da bolsa de NY, também subiu mais um pouquinho: 0,69%. 

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Dólar na ionosfera 

A notícia ruim do dia ficou por conta do dólar (ruim para quem não investe em dólar, claro). Dados capengas da economia europeia, divulgados hoje, fizeram o euro perder valor diante da moeda americana. E quando o dólar ganha força diante do euro, as moedas dos emergentes pagam o pato: tombam mais ainda diante do greenback

Para segurar o câmbio, o Banco Central fez mais um leilão de dólares no mercado, e vendeu US$ 650 milhões. Mesmo assim, não teve jeito: o dólar fechou a R$ 5,60. Uma alta de 0,98%.

Na semana, a moeda dos EUA subiu 3,3%, contra míseros 0,17% do Ibovespa, que fecha esse período basicamente do jeito que começou, com 101.521 pontos. Pois é. Por aqui, nada é fácil.

Bom fim de semana.

Maiores altas

IRB Brasil Resseguros  +12,31%

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Hering  +9,99%

Qualicorp +7,81%

Eletrobras (ELET3) +7,07%

Eletrobras (ELET6) + 4,95%

Maiores baixas

Metalúrgica Gerdau (GOAU4)  -2,59%

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Gerdau (GGBR4) – 2,91%

CSN -2,23%

B3 -2,20% 

Localiza -1,94%

 

Petróleo (Brent): – 1,43%, a US$ 44,26

Dólar: + 0,98%, a R$ 5,60

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