De cirurgião formado pelo MIT a desempregado no meio das montanhas: Conheça a história de Jonathan Choi
Vídeos no youtube do profissional ganharam tração enorme nas redes sociais nas últimas semanas. Neles, o médico abre o jogo sobre suas escolhas profissionais – e como acabou seguindo uma carreira que o levou a 22 anos de infelicidade. Confira.
“Eu era um neurocirurgião formado no MIT e agora estou desempregado e sozinho nas montanhas. Como cheguei aqui?”.
Esse é o título do primeiro vídeo de Jonathan Choi (apelidado de Goobie), publicado em sua página do Youtube, Goobie and Doobie. O profissional tem chamado cada vez mais atenção nas redes sociais e acendeu a chama de um debate que existe desde que o mundo é mundo (e o trabalho é trabalho): como encontrar, verdadeiramente, satisfação naquilo que você faz profissionalmente?
Choi estudou biologia no Massachusetts Institute of Technology (MIT), considerada uma das universidades mais renomadas do mundo. Posteriormente, seguiu para a cursar medicina, agora na Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Por lá, fez sua residência em neurocirurgia.
Depois disso, o médico conseguiu um emprego em uma clínica particular de neurocirurgia de coluna na Califórnia, e depois depois um segundo emprego, performando neurocirurgia de trauma e cirurgia de coluna em Minnesota. Seu último emprego no ramo foi atuando como neurocirurgião de coluna Washington, capital dos EUA. Atualmente, Choi mora com a esposa e seu cachorro Doobie (que complementa o nome de seu canal no Youtube) em Seattle.
Jonathan conta que decidiu pedir demissão em 2023. E ninguém conseguia entender os motivos que o levaram a tomar essa decisão. “As pessoas perguntavam o porquê. Mas uma decisão que afeta mais de 20 anos da sua vida não dá para ser respondida em alguns minutos, e muitas pessoas não têm tempo de ouvir”, explica Choi no vídeo.
É justamente por isso que ele está ali, inclusive: para, naqueles 48 minutos, tentar trazer uma resposta e explicar o que aconteceu. Explicar porque ele faria algo que, nas palavras dele, “muitas pessoas não fariam e não entendem.”
De modo geral, Goobie abandonou sua carreira devido à extrema insatisfação com seu trabalho, e preocupações éticas sobre sua eficácia. Ele descobriu que fatores de estilo de vida como dieta, exercícios e gerenciamento de estresse eram mais cruciais para a recuperação dos pacientes do que cirurgias, que muitas vezes não abordavam problemas subjacentes. Isso o levou à infelicidade extrema – e uma sensação de aprisionamento em um trabalho que ele não acredita mais. Em um sistema que ele não acreditava mais.
“Eu percebi que sim: eu tinha me traído. Eu tinha mentido, eu não me amo, na verdade, eu me odeio. Eu me odeio por ter feito isso. E eu tinha me recusado a olhar pra isso durante 20 anos, o que trouxe uma série de patologias na minha vida, tanto físicas quanto psicológicas”, diz ele.
Com o apoio de sua esposa, o profissional largou de vez a neurocirurgia. Sem plano definido, começou seu canal no Youtube, para documentar suas caminhadas pelas montanhas ao lado de Seattle e o tempo gasto com seu cachorro.
O vídeo, publicado em agosto, já acumula impressionantes 14 milhões de visualizações. O médico fez outro vídeo em setembro, explicando mais sobre o processo que o levou para a medicina para começo de conversa, de nome: “Traí meu verdadeiro eu de uma maneira que me machucou tanto que não consegui me perdoar por vinte e dois anos.” Esse tem 816 mil visualizações.
Vivendo e aprendendo
A história de Choi pode ser única, mas sua insatisfação está longe de ser individual. Inclusive, os números mostram que ela é mais regra que exceção.
Segundo a consultoria Gallup, em levantamento realizado em 2022, quase 80% das pessoas estão infelizes com o seu trabalho. No Brasil, o número era mais modesto, 28%. Ainda sim, está longe de ser insignificante – ao contrário.
Contrariando a regra básica da internet, os comentários são extremamente positivos. “Você fez algo que 99,9999% das pessoas nunca seriam capazes de fazer (tornar-se um neurocirurgião) e agora está fazendo algo que 99,9999999999% das pessoas nunca seriam capazes de fazer: viver uma vida plena”, escreve uma pessoa em seu primeiro vídeo.”
“Este é honestamente o vídeo mais aliviante que já assisti. Tão cru e apenas um lembrete de que nenhum trabalho ou carreira vale minha saúde ou vida”, escreve Madeline Rose, logo abaixo.
Aos que se encaixam na estatística, vale a assistida. Além de vídeos sobre sua jornada profissional, Jonathan também produz conteúdo sobre filosofia – a graduação que ele sempre quis fazer, antes de ser convencido pelo pai a seguir caminho similar ao dele. Prova de que é sempre chance de se perdoar pelas escolhas do passado, e recomeçar uma jornada mais alinhada com quem você é.