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Luciana Camargo

Diretora estratégica da Associação Brasileira de RH (ABRH-SP). Escreve sobre carreiras, liderança, diversidade e inclusão e desenvolvimento pessoal

A vida conectada: Benefícios e desafios das redes sociais

Instagram, WhatsApp, LinkedIn, Facebook, TikTok… Todos esses apps podem tanto nos ajudar quanto sequestrar uma atenção que deveria estar no trabalho e na vida pessoal. Use com moderação.

Por Luciana Camargo
24 nov 2024, 08h00
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 (Foto/Thinkstock)
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enho pensado sobre nosso cotidiano com as redes sociais… Papo de velha? Apesar de ter conhecido o mundo sem internet, sou uma apaixonada por tecnologia e acredito que estamos construindo nosso futuro com o que realizamos hoje.

A vida integrada à tecnologia já é uma realidade há muito tempo. Já não conseguimos imaginar nossa vida sem ela. Então, o que está mudando na nossa forma de viver com essas novas mídias? Por que parece que nada vai bem?

Acontece que, para participar do mundo digital de forma responsável e consciente, é necessário entender seus benefícios e também seus impactos, mesmo sem ser um especialista. Aqui vão algumas reflexões que gostaria de compartilhar com quem segue meus artigos.

Você passa horas nas redes sociais e se sente mal por não ter a vida das pessoas “lindas e felizes”? 

A curadoria das vidas nas redes sociais pode criar uma visão distorcida da realidade, gerando expectativas inalcançáveis e, em alguns casos, até mesmo levando a golpes. Essa comparação constante com vidas “perfeitas” pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima. 

Comparações em excesso podem afetar profundamente nossa saúde mental. A vida real é muito mais complexa e bonita do que qualquer feed editado. É importante ser consciente desta realidade e saber buscar apoio se sentir que a pressão está impactando seu bem-estar.

Quantas horas por dia você passa nas redes sociais?

Segundo o  Digital 2024 Global Overview Report, publicado pela parceria entre  We Are Social and Meltwater, o Brasil é o segundo país em que usuários passam mais tempo online,  com a média de 9h13, atrás apenas da África do Sul.

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A inteligência artificial – que dá assunto para outro artigo – também já está plenamente incorporada às redes sociais. Algoritmos cada vez mais eficazes são construídos para antecipar nossas necessidades, direcionar nossa atenção e influenciar nossos comportamentos. São treinados para oferecer recompensas ao nosso cérebro semelhante ao proporcionado por drogas.

É importante ser consciente desta realidade e saber buscar apoio se sentir que a pressão está impactando seu bem-estar.

Assim também, a pressão para estar constantemente presente e ativo nas redes sociais pode gerar ansiedade. As notificações contínuas interrompem atividades importantes, dificultando a desconexão e mantendo as pessoas constantemente em alerta. Além disso, a sobrecarga de informações pode causar fadiga mental e prejudicar a capacidade de concentração e tomada de decisões.

Qual seria o tempo ideal de conexão nas redes sociais para evitar impactos negativos na produtividade e, ao mesmo tempo, preservar momentos preciosos com as pessoas que realmente importam?

Você checa a fonte das informações e sabe quando está disseminando fake news?

Outro risco significativo é o volume de desinformação na internet e sua disseminação. Como as IAs generativas podem compilar e resumir todo o conteúdo disponível na web, também são expostas a informações falsas. Portanto, é crucial realizar uma curadoria cuidadosa de todo o conteúdo e nunca assumir que uma informação gerada por IA é 100% precisa. O pensamento crítico é essencial para verificar a veracidade das informações e evitar a propagação de fake news.

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Outra reflexão importante diz respeito ao engajamento da discordância. O artigo “The Spread of True and False News Online”, de Soroush Vosoughi, Deb Roy e Sinan Aral, explora como as fake news se disseminam mais rapidamente do que as informações verdadeiras nas redes sociais, principalmente devido ao apelo emocional que elas geram. 

A polarização social é uma realidade crescente, mas poderia ser minimizada se os comportamentos nas redes sociais fossem mais inclusivos, respeitando a diversidade de opiniões e pensamentos. 

Comprar online é mais fácil e rápido, mas você já caiu em golpes? 

A proposta do comércio eletrônico nas redes sociais é oferecer uma experiência de compra mais fluida e integrada, permitindo que os consumidores concluam suas transações diretamente na plataforma onde já estão engajados, sem a necessidade de serem redirecionados para sites externos.

É crucial realizar uma curadoria cuidadosa de todo o conteúdo e nunca assumir que uma informação gerada por IA é 100% precisa. O pensamento crítico é essencial para verificar a veracidade das informações e evitar a propagação de fake news.

No entanto, acessar aplicativos, realizar compras online, cadastrar cartões de crédito e responder mensagens exige atenção redobrada. As redes sociais, embora convenientes, também podem expor os usuários a riscos, como golpes e cyberbullying, que não apenas causam prejuízos financeiros, mas também podem ter efeitos devastadores na saúde mental das vítimas.

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Para evitar golpes em redes sociais, é fundamental adotar práticas de segurança e ficar sempre atento a possíveis armadilhas. A melhor forma é buscar cartilhas de segurança em sites oficiais. Parecem conselhos óbvios, não é? Mas as estatísticas de vítimas de golpes cibernéticos só cresce, e o Brasil é um dos países com maior número de crimes – que se sofisticam e pegam até mesmo os mais experientes.

Como as organizações gerenciam a comunicação no contexto das redes sociais?

As organizações corporativas também operam no figital, onde os mundos físico e digital estão integrados, conforme o conceito criado pelo cientista Sílvio Meira. 

Essa integração está presente nos fluxos de trabalho, nos treinamentos, no uso de ferramentas colaborativas e até nas conversas espontâneas por chats, elementos cruciais para o sucesso do trabalho híbrido. Nesse contexto, espera-se que a experiência digital no ambiente corporativo seja tão intuitiva e eficiente quanto aquela vivida em nossas vidas pessoais.

Como garantir que informações importantes sejam comunicadas internamente antes de chegarem às redes sociais?

Para alcançar uma comunicação de qualidade dentro das organizações e assegurar que as pessoas se sintam ouvidas, sem recorrer às redes sociais, é essencial manter um fluxo de comunicação ágil, transparente e adotar práticas, como:

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  • Promover uma comunicação clara entre líderes e equipes, fortalecendo o alinhamento interno.
  • Criar canais específicos para denúncias e feedbacks, assegurando um espaço seguro para expressar preocupações.
  • Organizar grupos de afinidade para fomentar a colaboração e o engajamento.
  • Cultivar uma cultura de feedback, na qual a comunicação entre as pessoas seja valorizada e integrada no dia a dia.
  • Implementar políticas claras de uso de redes sociais, alinhadas aos valores da empresa.
  • Educar sobre consciência digital, abordando os impactos do uso de redes sociais no ambiente corporativo.
  • Definir que apenas líderes autorizados e orientados pela equipe de comunicação falem em nome da empresa.
  • Oferecer treinamentos em gestão do tempo e prioridades, ajudando as pessoas a focar no que realmente importa.
  • Fomentar ambientes de trabalho saudáveis, que estimulem a criatividade, o foco e o bem-estar.

Ao adotar essas práticas, as organizações podem fortalecer a confiança interna, reduzir o risco de vazamento de informações e criar um ambiente de trabalho mais engajado e conectado.

Redes sociais: desafios e oportunidades

As redes sociais têm o poder de conectar pessoas, encurtar distâncias entre aqueles que vivem longe de familiares e amigos e apoiar quem enfrenta dificuldades de socialização. Elas amplificam nossas vozes, democratizam o acesso ao conhecimento, impulsionam o empreendedorismo, o comércio eletrônico, o networking e criam oportunidades profissionais, entre tantos outros benefícios.

São, acima de tudo, ferramentas poderosas. O impacto que terão em nossas vidas depende diretamente de como escolhemos usá-las. Ao adotarmos uma postura mais consciente, ética e humana, podemos transformar esses ambientes em plataformas que não apenas nos conectem, mas também contribuam para a construção de um futuro mais colaborativo, inclusivo e responsável.

Que tal começar hoje? Reflita sobre a maneira como você interage com as redes sociais e pense nas pequenas mudanças que podem fazer a diferença.

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