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Por que empresas fazem recompra de suas ações?

Normalmente, é para sumir com os papéis. Vem entender.

Por Alexandre Versignassi | Ilustração: Laís Zanocco | Design: Juliana Krauss
Atualizado em 27 abr 2022, 15h20 - Publicado em 8 abr 2022, 06h00

Para tocar fogo. Sim: o objetivo de uma recompra costuma ser cancelar as ações. Para entender isso direito, você precisa ter claro na cabeça qual é a razão de existir de uma ação. Partamos para o realismo fantástico: eu tenho uma van de cachorro-quente cheia de clientes. Tenho certeza de que, se comprar mais cinco vans, vou me dar muito bem.

Preciso de R$ 250 mil para isso, mas não tenho o dinheiro. Então vou atrás de sócios. Aí divido meu negócio em 10 mil partes* (ações). Cada parte vai dar direito a 1/10.000 do lucro da minha futura rede de vans. Fico com 5 mil ações, 50%, para garantir minha parcela dos ganhos, e vendo as outras 5 mil na rua a R$ 50 cada uma. Levanto os R$ 250 mil e a minha rede vira um sucesso.

O lançamento das ações foi fundamental para que o negócio crescesse, mas esse dinheiro está saindo caro agora: tenho que distribuir metade dos meus lucros para o resto da vida. Como agora dinheiro não é mais problema, faz todo o sentido eu dar um jeito de recomprar, nem que seja uma parte. Então vou lá, compro mil ações de volta e toco fogo nelas. O que acontece?

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A empresa de vans passa a ter 9 mil ações. Minha parte, de 5 mil, agora equivale a 55% das ações. Passo a ter direito a uma fatia maior dos lucros da minha própria empresa. Acontece o tempo todo no mercado de verdade. Petrobras, Vale, Bradesco, Santander, Ambev e JBS anunciaram grandes recompras recentemente.

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(Arte/VOCÊ S/A)

No caso da JBS: a família Batista, dona do negócio, tem 48,2% das 2,24 bilhões de ações da empresa. Anunciaram a intenção de recomprar na bolsa 116 milhões de papéis. Após o cancelamento delas, a JBS será composta por 2,12 bilhões de ações. Nisso, as 1,08 bilhão de ações que os Batista têm hoje corresponderão a 51% da empresa – algo que, de quebra, lhes dará o controle total da companhia.

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Lá fora, isso é ainda mais comum. A Apple compra de volta entre 3% e 4% de suas ações no mercado todo ano. Só em 2021, gastaram US$ 85 bilhões nisso. Para os demais acionistas é um ótimo negócio. Cada ação que sobra na sua mão, caso você seja um deles, passa a dar direito a uma fatia maior dos lucros. Logo, o preço delas tende a subir. Bom para todas as partes.

*Por isso que “ações”, em inglês, é shares – literalmente, “partes”.

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