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Diogo Arrais

Por Língua
É professor de língua portuguesa, consultor de empresas, fundador do Arrais Cursos e criador do Canal Mesma Língua no Youtube
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Veja uma análise gramatical das notícias em tempo de pandemia

Em tempos ainda tão ácidos, ando buscando - cada vez mais - palavras humanas e mensagens sensíveis, porque sei que leitores e ouvintes ficarão gratos.

Por Diogo Arrais, professor de português (@diogoarrais)
Atualizado em 9 dez 2020, 20h05 - Publicado em 4 nov 2020, 12h00
pessoas de máscara
Pessoas andam de máscara nas ruas: pandemia de coronavírus (Photo by Macau Photo Agency/Unsplash)
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Em tempos de pandemia, deve ser mais expansiva a responsabilidade quanto à palavra exposta, ainda mais se houver alguma referência ao atual coronavírus? Hoje em dia, com poucos cliques, há um furacão de mensagens que se contradizem, tornando ainda mais angustiante o cotidiano do leitor.

Veja a seguinte manchete:

VACINAÇÃO EM MASSA PODE OCORRER APENAS EM  2024

Agora esta:

VACINA DA COVID-19 ESTÁ PRONTA ANTES DO FIM DE MARÇO, PREVÊ A FIOCRUZ

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Por mais que exista o determinante “em massa”, na primeira manchete, o leitor é levado a uma onda sem-fim de pessimismo: o entendimento de que restaria ainda uma espera de mais três anos para a suposta imunização.

É também curiosa a ocorrência da locução verbal “pode ocorrer”, apontando a possibilidade, a incerteza. Se é tão incerto e provável, por que apontar na manchete uma data?

Como escritor (ciente das imperfeições humanas), busco questionar-me, antes de quaisquer publicações, o impacto das palavras na mente do leitor. Em uma frase sobre a tão rígida pandemia, a seleção vocabular pode trazer outros tons:

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MESMO SEM DATA PRECISA, VACINAÇÃO EM MASSA PODE OCORRER

VACINAÇÃO EM MASSA DEVE SIM OCORRER, SEGUNDO ESPECIALISTAS

Em se tratando de texto, reflitamos sobre Pressupostos e Subentendidos.

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Pressupostos são informações implícitas adicionais, facilmente compreendidas devido a palavras ou expressões em uma mensagem. Em:

ELE NÃO RECOMENDARÁ MAIS A VACINA

Pressupõe-se que ele já recomendou, certa vez, a vacina.

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Já os subentendidos são insinuações, informações dependentes da compreensão do leitor diante do texto ou enunciado.  Há possibilidade de serem verdadeiras. Subentendido é possibilidade, não obrigatoriedade.

Subentende-se da última mensagem destacada que houve algum conflito, alguma desavença para não haver mais a recomendação sobre vacina.

Em tempos ainda tão ácidos, ando buscando – cada vez mais – palavras humanas e mensagens sensíveis, porque sei que leitores e ouvintes ficarão gratos.

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Diogo Arrais
(foto/Divulgação)
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