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Camila Antunes

Mãe, pedagoga, especialista em inteligência emocional, parentalidade e felicidade. Top Voice do Linkedin e fundadora da consultoria Filhos no Currículo.
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Maternidade e carreira: a culpa não é sua

Você não é uma mãe ruim por trabalhar, seguir seus sonhos e cuidar de si mesma. Saiba como dizer adeus a esse sentimento e seguir em frente.

Por Camila Antunes
5 nov 2024, 12h00
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 (Alexander Dummer/Unsplash)
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o ambiente de trabalho, prazos e metas dominam as conversas. Mas, entre mães, há outra palavra que ocupa o centro de muitas dessas discussões: a culpa. Seja sobre filhos ou carreira, essa palavra surge quase automaticamente. De dez mães com quem converso, dez vão mencionar a culpa em algum momento. Desde o início, em que descobrimos a gravidez, ela começa a se instalar. A culpa de voltar ao trabalho, de deixar o trabalho, de não estar presente o suficiente, ou até mesmo a culpa de, às vezes, não sentir culpa.

 

A verdade é que a culpa materna parece ter se tornado um acessório inevitável. Quase como se fizesse parte do enxoval, ouvimos o tempo todo: “Nasce uma mãe, nasce uma culpa”. Mas será que essa culpa é realmente nossa? Ou ela faz parte de uma estrutura maior que nos pressiona a sermos perfeitas o tempo todo?

De dez mães com quem converso, dez vão mencionar a culpa em algum momento

A culpa como sistema

Mais da metade das mães brasileiras se sentem culpadas em relação à maternidade, conforme estudo recente (​InPACT 2025). Esse impacto é ainda maior para as mães-solo. A culpa não é um problema pessoal, meu ou seu – é um reflexo de um sistema que idealiza a maternidade perfeita, nos empurrando para a busca incessante por sermos impecáveis em tudo.

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Essa pressão começa cedo, desde a educação das meninas sobre boas maneiras até a intolerância em relação ao envelhecimento. Estamos pressionadas a ser mães totalmente presentes, enquanto também devemos atuar no trabalho como se não tivéssemos filhos – um dilema prestes a explodir. Isso nos leva a acreditar que estamos errando em todas as frentes. O resultado? Um ciclo constante de sentimento de inadequação.

 

Culpa versus responsabilidade

Outro dia tive uma conversa profunda com minha filha, de 9 anos. Ela, como sempre, me convida a refletir. Desta vez, estava chateada porque havia se esquecido de levar sua boneca preferida para a escola. E disse: “Mãe, eu sou culpada por ter esquecido a boneca”. Aquilo me chamou atenção, e perguntei: “Você sabe o que é culpa?”. Após uma pausa, ela respondeu: “Culpa é quando a gente faz mal para alguém”.

Naquele momento, aproveitei para explicar que ela não era culpada por esquecer a boneca. O que ela estava sentindo era responsabilidade. Ela era responsável por se lembrar da boneca e, naquele dia, tinha se esquecido. Mas isso não a tornava culpada.

Essa conversa me fez refletir sobre como nós, mães, muitas vezes confundimos culpa com responsabilidade. Não somos culpadas por todas as escolhas que fazemos. Mas somos responsáveis por nossas decisões e pelo modo como conduzimos nossas vidas.

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A culpa pode ser uma informação valiosa, nos alertando quando algo está desalinhado com os nossos valores

A culpa como aliada

E se, em vez de vermos a culpa como algo que nos paralisa, a enxergássemos como uma aliada? A culpa pode ser uma informação valiosa, nos alertando quando algo está desalinhado com os nossos valores. Se você sente culpa todos os dias porque não está presente na hora de dormir do seu filho, talvez isso indique que um valor importante está sendo negligenciado. Isso não te torna culpada, mas, sim, responsável por fazer os ajustes necessários para alinhar as suas ações com os seus princípios.

Transformando culpa em ação: Tchau

A culpa pode ser um ponto de partida para o crescimento. Quando ela surgir, siga estes passos simples e diga TCHAU para a culpa:

  • TTomar consciência: quando a culpa aparecer, pergunte-se: de onde ela vem? Ela é realmente sua ou é fruto de uma pressão externa?
  • CCompartilhar: não guarde a culpa para si. Compartilhar seus sentimentos com outras mães ou amigos é uma forma poderosa de processá-la e entender o que está por trás do sentimento.
  • HHora de sentir: permita-se sentir a culpa, mas com limites. Não podemos viver imersas nesse sentimento o tempo todo.
  • AAção: use a culpa como ponto de partida para agir. O que ela te diz? Há algo que precisa ser ajustado nas suas escolhas ou na rotina?
  • UUfa!: depois de seguir esses passos, respire fundo e siga em frente com mais leveza. Você está fazendo o melhor que pode.
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Coragem e crescimento

A culpa não precisa ser uma prisão. Ela pode nos guiar para o crescimento e nos ajudar a ser mais conscientes e responsáveis pelas nossas escolhas. Ter filhos e uma carreira não precisa ser um jogo de culpa constante. Se conseguirmos enxergar a culpa como uma oportunidade de ajuste, estaremos desenvolvendo novas habilidades e criando uma vida com mais significado e propósito.

Desconstruindo a culpa coletivamente

Chegou a hora de desconstruirmos, juntas, essa narrativa da culpa. A maternidade não pode ser uma jornada de constante “dívida”. Precisamos compartilhar nossas histórias e usar nossa voz para reescrever essa história. A culpa não deve ser um destino inevitável.

Lembre-se: você não é culpada por seguir seus sonhos, por trabalhar, ou por cuidar de si mesma. Diga TCHAU à culpa e siga em frente com confiança. Você é suficiente exatamente como é.

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