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Arthur Feltrin

Pneumologista, especialista em medicina integrativa, medicina do Estilo de Vida e Nutrologia.
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A associação entre home office e dores crônicas

Ficar sentado o dia inteiro dentro de casa, durante a pandemia, piorou muito os quadros de dor lombar, na coluna e no pescoço. Veja dicas para não sofrer.

Por Arthur Feltrin
9 nov 2024, 12h00
cadeira de escritório
 (Raj Rana/ Unsplash/Você S/A)
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V

ocê lembra como era a rotina de trabalho nos piores períodos da pandemia? Home office era o padrão. A reunião, que até então era marcada presencialmente para as primeiras horas da manhã, quando tomávamos um cafezinho, encontrávamos os amigos do trabalho, conversávamos sobre o final de semana e nosso time, passou a ser online, digitalizada, sem contato.

Não tínhamos intervalo entre as reuniões, não caminhávamos, não interagíamos, apenas ficávamos sentados em cadeiras dentro de casa, durante as oito horas laborais.

Alguns de nós até conseguiram criar uma estratégia de montar um escritório dentro de casa; alguns optaram por transformar a sala de jantar em sala de reuniões. 

A questão é: ficamos imóveis, em cadeiras – muitas vezes – não preparadas e desconfortáveis.

Aumentamos o peso, a compulsão, a ansiedade e, não menos importante, as dores de coluna.

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O “fique em casa” reduziu drasticamente a prática de atividades físicas. As reuniões, uma atrás da outra, inibiram o horário de almoço e as caminhadas até o restaurante. Comíamos mais guloseimas, menos nutritivas, reforçando nossa compulsão e ansiedade na ingesta de alimentos de rápida absorção, mas de menor qualidade nutricional.

Um estudo italiano publicado em 2020, no ápice da pandemia, mostrou que os participantes declararam que eram menos produtivos (39,2%) em comparação ao tempo de trabalho no escritório.

Em relação aos distúrbios MSK (MSK: distúrbios de ordem musculoesqueléticos), a dor lombar foi referida por 41,2% dos trabalhadores domésticos, e a dor no pescoço, por 23,5% deles. 

Essa no pescoço piorou em 50% dos trabalhadores domésticos. Não à toa, foram os profissionais que mais relataram menor satisfação na execução de suas tarefas. Dependendo de nossos dados, o ambiente doméstico parece não ser adequado na população de trabalhadores móveis, com um risco aumentado de problemas de saúde mental e MSK, afetando particularmente a coluna. 

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Já um outro estudo avaliou um total de 463 adultos (259 homens e 204 mulheres) com idade entre 18 e 64 anos. Foi utilizado um questionário estruturado autoadministrado, composto por 20 questões sobre características demográficas, aspectos relacionados ao trabalho e acadêmicos, atividade física, hábitos e tarefas diárias, além de aspectos relacionados à dor.

A prevalência pontual de dor lombar antes da quarentena foi de 38,8% e 43,8% após a quarentena. A intensidade da dor lombar aumentou significativamente nesse período. A parte inferior das costas também foi a área de dor musculoesquelética mais comum. 

Estresse e dor lombar

Além disso, durante o tempo de isolamento, uma intensidade significativamente maior de dor lombar foi relatada por aqueles indivíduos que tinham entre 35 e 49 anos, um índice de massa corporal igual ou superior a 30.

Eles passaram por níveis mais elevados de estresse, não cumpriram as recomendações ergonômicas, ficaram sentados por longos períodos e não praticaram atividade física suficiente. 

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O problema se torna ainda mais frequente com o uso contínuo de uma cadeira inadequada, sem suporte para os braços e apoio extra para a lombar, que preserva a curvatura correta das costas.

A lombalgia pode ser leve e permanente, embora ocasionalmente se apresente na forma de queimação ou pontadas repentinas, que dificultam a realização de movimentos. 

Um estudo americano, apoiado pela fundação de Bill Gates e publicado pela revista Lancet, demonstrou que, em 2020, a dor lombar afetou 619 milhões de pessoas globalmente, com uma projeção de 843 milhões de casos prevalentes até 2050.

Um total de 38,8% indivíduos limitados por incapacidade foram atribuídos a fatores ocupacionais, tabagismo e alto IMC. 

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Chega de tanto sofrimento

Mas e agora, o que fazer se meu chefe quer manter essa estratégia de home office? Siga as dicas abaixo e sofra menos:

  • Encontre uma cadeira confortável para seu tamanho e peso.
  • Faça pausas pontuais durante o dia, de preferência duas vezes de 10-15 minutos por turno (matutino e vespertino).
  • Tenha postura ereta no momento do trabalho, com o pescoço sempre alinhado com o resto do corpo, sem inclinar a cabeça para a frente.
  • Ajuste a altura do seu computador, com suporte ou até livros, para manter o centro da tela na altura dos seus olhos. 
  • Faça manobras simples de alongamento no início e final do dia.
  • Procure um ortopedista e auxílio de um fisioterapeuta motor se as dores agravarem.
  • Evite uso indiscriminado de analgésicos ou anti-inflamatórios em excesso (o seu rim e estômago vão agradecer).

A coluna é o alicerce principal do nosso corpo, o eixo perfeito de todo nosso movimento. O problema é: só lembramos dela quando sentimos dor.

A dor crônica não apenas nos limita, mas prejudica nossa qualidade de vida, altera nosso humor, nosso sono, nossa imunidade e nossa produtividade. Ter uma coluna boa é ter saúde.

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(Termine esta leitura ajeitando sua postura sentado. O colunista agradece.)

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