Sales Innovative? Por que você não deve inflar seu cargo no Linkedin

Perfil em inglês, mesmo procurando oportunidades no Brasil, e autoelogios podem causar o efeito contrário ao pretendido na rede social.

Por Fernanda Colavitti
Atualizado em 13 out 2020, 10h47 - Publicado em 13 out 2020, 10h22
 (SOPA Images/Getty Images)
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Nina Silva é CEO da Startup Movimento Black Money e foi considerada uma das mulheres mais poderosas do Brasil pela revista Forbes. Mas, em 2016, quando estava tentando se recolocar no mercado, resolveu repaginar seu perfil no LinkedIn.

Ela conta que descobriu de forma intuitiva o que os especialistas recomendam. “Detalhei minhas experiências profissionais, coloquei no resumo palavras-chave relacionadas ao meu objetivo, e só me aplicava a vagas que tinham relação com essa descrição”, afirma. Funcionou. Seu perfil se destacou em meio aos mais de 3 mil inscritos para uma vaga e ela conseguiu o emprego a que aspirava na época. “Até hoje sou chamada para entrevistas por causa do meu perfil no LinkedIn”, diz Nina. 

Parece óbvio recomendar a inclusão de dados básicos (localização, cargo, experiência anterior e habilidades) de maneira objetiva, mas não é. Na ânsia de mostrar muita experiência, as pessoas geralmente incluem informações irrelevantes e se estendem demais nas descrições.

Um resumo com seus objetivos e trajetória profissional é o suficiente. “Esse resumo deve ter, no máximo, três parágrafos e conter suas conquistas e habilidades, pois é a primeira coisa que os recrutadores olham”, diz Milton Beck, diretor geral do LinkedIn para a América Latina. Para os profissionais que possuem muita experiência, ele recomenda a lógica do triângulo invertido. “Os cargos mais recentes devem ser mais detalhados, e os mais antigos não precisam conter tantas informações”, afirma.

A isca perfeita

O recrutador Marcelo Arone, sócio fundador da Optme RH, lembra que o perfil do LinkedIn serve com “isca” para chamar a atenção do contratante para a fase seguinte, a entrevista. Para isso, as informações precisam ser focadas nas áreas em que o candidato se destaca. “O recrutador leva 10 segundos, em média, para avaliar um perfil. Se ‘morder a isca’, ele ‘estaciona’ por um tempo no perfil e o classifica como potencial”, diz. Essa descrição inicial, portanto, deve deixar claro o seu diferencial. “Não basta colocar um título. É preciso explicar o que você faz, para quem e como”, resume a estrategista em personal branding Ilana Berenholc. 

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Fuja de estrangeirismos

Se você está buscando uma vaga no Brasil, descrever o cargo em português é a melhor opção, ainda que a versão estrangeira pareça mais atraente. Os recrutadores utilizam palavras-chave para buscar os perfis, e, no Brasil, essas palavras geralmente são escritas em português. Na dúvida, use o cargo que possui no seu cartão de visitas ou na sua carteira de trabalho, recomenda Marcelo Arone.  

Para quem trabalha em mercados que utilizam cargos e termos em inglês (como vendas e marketing, por exemplo), ou ainda candidatos que buscam oportunidades no exterior, é possível criar o perfil em dois idiomas. Milton Beck explica que o usuário escolhe qual o seu idioma principal e, em seguida, preenche novamente o perfil no idioma secundário. As experiências, habilidades, recomendações e escolas são mantidas automaticamente, e é preciso apenas traduzir manualmente o título, cargos, descrições das experiências e o resumo.

Menos é mais

Depois de construir um perfil atrativo, é importante cuidar das conexões na rede. Comece com amigos, família, professores, colegas de sala, orientadores e mentores. “Eles podem gostar do seu perfil e indicá-lo para empresas”, afirma o executivo do LinkedIn. Ele diz que um dos erros mais comuns é aceitar todos os pedidos de conexão ou enviá-los para todas as pessoas que encontrar na rede, sem critérios. Conecte-se apenas com quem pode agregar à sua carreira ou com quem você tenha alguma conexão. Na rede social profissional, qualidade é sempre melhor do que quantidade.

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A lógica do “menos é mais” também vale para os conteúdos compartilhados. Publicar de hora em hora pode fazer com que os seguidores se irritem e deixem de seguir você, adverte Milton Beck. Ele também recomenda evitar o uso de muitas hashtags ou seguir fórmulas prontas, práticas cada vez mais criticadas pelos próprios usuários assíduos da rede. Postar conteúdo interessante (veja quadro) e interagir corretamente na plataforma não só ajudam a pessoa a destacar em uma eventual oportunidade de emprego, mas também a aumentar a rede e fazer networking qualificado. 

Uma dúvida frequente é se o LinkedIn substitui a necessidade de atualizar o bom e velho currículo. A resposta é não. Tratam-se de canais diferentes e complementares para a mesma finalidade: vender-se profissionalmente. E a maioria das dicas dos recrutadores para construir um bom perfil na rede social vale para o papel. “Independentemente de estar procurando uma nova oportunidade, mantenha ambos atualizados, pois 50% das pessoas que mudam de emprego não estão ativamente olhando o mercado”, diz Marcelo Arone. 

O que NÃO colocar no seu perfil do LinkedIn e no currículo

  • Não coloque que você sabe fazer de tudo. Ninguém é bom em tudo.
  • Não deixe sua página muito generalista, com excesso de informações. Explicar ou detalhar demais em um currículo com mais de duas páginas pode mostrar insegurança. 
  • Evite jargões ou se elogiar como “profissional dinâmico”, “pessoa enérgica”, “bom em ouvir”. Seja claro, direto e autêntico.
  • Em caso de mudanças de áreas ou transições de carreira, não omita sua antiga experiência, pois ela ajuda a construir o profissional que você é hoje e mostrar quais qualidades você adquiriu.
  • Se não tiver experiências profissionais, não deixe o espaço em branco. Preencha com outras vivências: trabalhos voluntários, intercâmbios, trajetórias acadêmicas, idiomas e certificados. Você também pode compartilhar anexos e links como portfólio, incluindo trabalhos da universidade em que recebeu uma boa avaliação, conteúdos que produziu ou algum projeto paralelo
  • Não use uma foto que não esteja de acordo com seus objetivos profissionais. Terno e gravata pode funcionar para um executivo, não para um professor de educação física. A imagem deve ser coerente com o trabalho.

 

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