Salários e carreiras quentes: quais as expectativas para o setor jurídico em 2026?
A Reforma Tributária promete balançar as competências e cargos procurados no ano que vem. Mas não é só ela que vai ser importante.
O setor jurídico já tem a pauta do próximo ano definida. Graças à Reforma Tributária, que começa a rolar em 2026, a área vai passar por um período bem aquecido. É importante que os profissionais também alinhem esse conhecimento técnico com outras habilidades.
Mas, é claro, que a digitalização e a inteligência artificial também vão ser fatores importantes para moldar o setor no ano que vem. Quem achou que o jurídico iria escapar da IA, achou errado. Mas a área tem algumas particularidades que fazem a adoção dessa tecnologia um pouquinho mais sensível.
Reforma Tributária
A principal tendência da área é o aquecido direito tributário. Devido à já mencionada Reforma Tributária, esse ramo jurídico vem demandando profissionais. Não só advogados, mas também contadores e profissionais de finanças com contato com o jurídico interno.
Por isso, um advogado tributário que conheça um pouco da área financeira e contábil tem um grande diferencial. O conhecimento técnico-jurídico é presumido, então é importante se manter antenado sobre as singularidades da reforma.
A reforma tributária vai substituir alguns tributos e adequar sistemas para a apuração desses tributos, o que gera uma demanda operacional que afetará áreas também a área financeira. Reforçando: vai haver uma alta demanda por entendimento da tributação.
“O sistema tributário no Brasil é complexo. Com a reforma acontecendo, vai ter extinção de imposto, substituição, criação”, lembra Thiago Pegaz, especialista de recrutamento da Robert Half. “Especialmente com a reforma tributária, não vejo um prazo de validade tão cedo para essa área”.
Direito trabalhista é sempre presente
Pegaz afirma que a Justiça do Trabalho brasileira é a maior do mundo, proporcionalmente. “Não existe nenhum Judiciário no mundo com o volume de litigiosidade que o Brasil tem”, afirmou Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal.
Exagero ou não, essa área movimenta muito o Judiciário. De acordo com o Relatório Justiça em Números 2025, foram julgados 5,6 milhões de processos trabalhistas em 2024.
Para os especialistas da Robert Half, temas atuais como a pejotização em alta e os diferentes modelos de trabalho (como híbrido, presencial e remoto), devem manter a área quente.
Inteligência artificial no jurídico
Pois é, nenhum setor vai escapar da IA em 2026. Dentro do jurídico, ela pode agregar bastante valor, especialmente para acelerar papeladas e processos. Já estão surgindo empresas especializadas para atender escritórios jurídicos com IA, permitindo acelerar o volume diário de entregas.
No entanto, a área jurídica tem uma particularidade. Os documentos confidenciais e informações sensíveis fazem o uso da IA não ser tão simples assim. Por causa dessa sensibilidade em torno da privacidade de dados, as questões de compliance e adequação do uso de IA precisam receber atenção especial.
“As empresas já tinham um receio muito grande com vazamento de informações e com segurança da informação em geral, ainda mais nesse setor de privacidade e proteção de dados, em que você está lidando com informações extremamente sensíveis”, afirma Pegaz. “Se isso já acontecia antes dessa ascensão de inteligência artificial, imagino agora.
A consciência ética é fundamental para qualquer usuário de IA, especialmente no setor jurídico. É crucial que o advogado saiba como usar essa ferramenta. É um caminho sem volta, mas que exige mecanismos para garantir eficiência.
“Todas as áreas estão sendo impactadas. Precisamos fazer a coisa ser positiva, trabalhando com consciência. A melhoria precisa acontecer trabalhando questões seguras”, defende Mariana Horno, diretora da Robert Half. “A qualidade técnica do advogado é sempre frisada, sempre interessante, sempre essencial para a demanda jurídica. A questão é verificar como a gente pode ganhar eficiência sem a perda da complexidade e do olhar apurado na técnica. Eu não posso substituir, eu preciso somar.”
Habilidades jurídicas
Esse vai ser um mote importante para o jurídico em 2026: habilidades que somam. Além do já esperado conhecimento técnico-jurídico, quem entender da área financeira e contábil terá um diferencial importante para o ano que vem.
Pensando na relação com a inteligência artificial, fica o destaque para competências como o conhecimento de tecnologia e a consciência ética, essencial para advogados saberem como usar a IA de forma eficaz e segura, evitando problemas.
E quem planeja subir posições na carreira e quer assumir postos de liderança precisa desenvolver uma visão empreendedora.
“Até algum tempo atrás era raro você ver advogados sendo alçados a postos de CEO, general manager. Era difícil ele passar do cargo mais alto dentro do corporativo jurídico”, afirma Vinícius Feitosa, gerente de recrutamento da Robert Half. “Mas cada vez mais a gente vê tomadores de decisão de primeira linha que são advogados. E aí tem que ser alguém com essa visão de business, que entenda a estratégia empresarial como um todo.”
Além de um olhar mais expandido para o negócio, a capacitação constante também é uma habilidade importantíssima. Entra nesse balaio, por exemplo, o idioma. Nesse caso, os especialistas da Robert Half destacam não só a importância do inglês, devido à atratividade do Brasil para capitais estrangeiros, mas também a relevância do espanhol para diálogos com nossos irmãos latinos. O inglês jurídico também é um desdobramento importante.
Outro destaque vai para a busca por outras especializações, cursos de pós-graduação, e aprofundamento em outras áreas, como finanças e tecnologia.
“Habilidades além das questões técnicas são importantes. A gente vê uma disrupção em relação a essa questão apenas da especialidade. É claro que é bom o advogado ser especialista em alguma área, mas no fim do dia o direito é uma ciência única”, defende Horno.
CONFIRA OS PRINCIPAIS DADOS
Indústrias que mais contratam
- Escritórios
- Alimentos e Bebidas
- Logística e Transportes
- Mercado Financeiro
- Automotivo
Ramos do direito com mais demanda de contratação
- Direito do Trabalho
- Direito Tributário
- Proteção de Dados / Propriedade Intelectual
- Direito Bancário e Financeiro
Cargos mais demandados
- Advogado(a) Trabalhista
- Advogado(a) Tributário (consultivo)
- Advogado(a) Empresarial/M&A
- Advogado(a) Generalista
- Advogado(a) de Contratos
Habilidades técnicas mais demandadas – e difíceis de encontrar
- Elaboração de Contratos
- Redação Jurídica
- Habilidades de Negociação
- Visão de Negócios
Competências que garantem salários acima da média
- Habilidades de negociação
- Uso de IA Generativa
- Idiomas
- Reforma Tributária
Habilidades que os profissionais buscam desenvolver ou aprimorar
- IA Generativa
- IA na Análise de Documentos Jurídicos e Apoio a Litígios
- Chatbots e Assistentes Virtuais Jurídicos
- Privacidade e Proteção de Dados
Como ler a tabela
Dividiu-se o salário de cada cargo em três percentis:
- 25°: pessoa nova na função, com pouca ou nenhuma experiência; necessita de mais instruções ou supervisão para realizar as tarefas diárias.
- 50°: tem experiência para assumir responsabilidades de forma consistente, sem supervisão direta; familiarizada com processos e assuntos da função;
- 75°: possui qualificações diferenciadas, além de especializações e certificações; pessoa pronta para avançar na carreira.
O salário dos cargos listados neste guia não incluem bônus, benefícios e outras formas de remuneração.

Veja o Guia Salarial da Robert Half em outros setores:
- Tecnologia
- Engenharia
- Mercado Financeiro
- Vendas e marketing
- Seguros
- Contábil e financeiro
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