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Quatro arrependimentos de um ano sabático

Em coluna para a CNBC, Hellen Zhao, jornalista e ex-produtora de vídeo da emissora, conta como foi seu período fora das redações – e o que ela teria feito diferente.

Por Da Redação
9 set 2024, 08h00
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 (Kaique Valente/VOCÊ S/A)
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ellen Zhao trabalhava como produtora de vídeo no canal americano CNBC. Ela tinha 28 anos, e o recém conquistado cargo era seu sonho profissional de longa data.

Ao menos é isso que Hellen acreditava. Ainda que ela passasse os dias mergulhada no trabalho, feliz e realizada por estar cumprindo aquela função, havia um lado amargurado da moeda: Zhao frequentemente acordava no meio da noite assustada, com uma sensação de terror iminente. 

“Imaginei o tempo correndo a uma velocidade estonteante até que de repente acordei aos 80 anos, lamentando ter vivido para trabalhar, em vez de trabalhar para viver. Afinal, passei a maior parte da minha vida adulta focado no futuro. Esgotada e cronicamente ansiosa, perdi minha capacidade de viver no presente”, conta a jornalista, em uma coluna escrita no site da CNBC.

Para o problema, uma solução pouco ortodoxa no mundo corporativo: Hellen largou seu emprego, aos 32 anos, comprou uma passagem só de ida para o Peru e passou um ano e meio (e US$ 34 mil, cerca de R$ 190 mil) explorando duas dezenas de países por aqui, na América do Sul, e na Ásia. 

“Cada dia escolhia uma  aventura”, envolvendo decisões boas e ruins. Aprendi lições da maneira mais difícil sobre equilibrar preparação, produtividade e diversão”, escreve. Quais aprendizados foram esses? Ela cita quatro, que você confere a seguir.

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  1. Preocupação excessiva com grana

Uma das regras de ouro para garantir boas passagens de avião você já conhece: compre com o máximo de antecedência possível. Hellen seguiu isso à risca, o que teve um efeito positivo em suas finanças – mas negativo em sua experiência.

“Eu estava tão obcecado em planejar com antecedência para me sentir no controle que perdi grandes experiências de vida”, conta a jornalista.

Ela narra dois episódios específicos: um aqui no Rio de Janeiro, e outro em Bogotá. Ela veio ao Rio em dezembro de 2022, e imediatamente se arrependeu da decisão. Isso porque ela estava em Buenos Aires antes, comemorando a vitória da Argentina na Copa do Mundo com seus amigos.

Sozinha, ela ficou em seu hotel e rapidamente reservou o voo mais barato à Bogotá, na Colômbia, com medo dos preços subirem demais. Isso significou que ela saiu daqui no dia de seu aniversário, três dias antes do Ano Novo carioca (um evento dificilmente equiparável em qualquer lugar do planeta, modéstia à parte). 

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Hellen aprendeu sua lição: daquele momento em diante, ela decidiu manter seus planos em aberto. “Agora, começo cada dia com uma visão solta do que gostaria de realizar e flexibilidade para mudar em resposta ao inesperado. Aprendi a viver minha vida guiada pela alegria em vez da ansiedade”, complementa.

2. Planejamento financeiro

Ela deixa claro: não se arrepende nem do ano sabático, nem da grana que gastou nele. O que não foi bom, segundo ela, foi a falta de instrução em sua juventude, que fez com ela tivesse que escolher entre a realização pessoal e a segurança financeira.

“Quando me formei na UCLA, eu conseguia decifrar textos de Shakespeare, mas não tinha ideia de como pagar minhas contas. Passei boa parte dos meus 20 anos desempregada ou trabalhando em estágios mal pagos, e sofri com ansiedade e esgotamento tentando me atualizar”, conta Zhao.

Se ela tivesse se dedicado mais à sua educação financeira (tópico que você, caro leitor, pode conferir pode conferir à esmo na editoria de finanças pessoais da VCSA), a profissional acredita que poderia ter tirado esse tempinho longe das redações sem que isso atrasasse seus outros objetivos de vida. 

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3. Investimentos em standby 

Na mesma linha do planejamento financeiro, Zhao explica sua trajetória de investimentos. Em 2020, ela começou a investir em renda variável, e perdeu todos seus ganhos em 2022, um período complicado para o mercado acionário norte-americano. 

Resultado: ela vendeu suas posições na bolsa, além de fechar sua conta na corretora de investimentos e parar de contribuir com seu plano de aposentadoria individual.

“Perdi a oportunidade de construir riqueza”, afirma Hellen. “Gostaria de ter continuado investindo durante minhas viagens, colocando US$ 200 por mês em um fundo de índice de grande capitalização. Eu poderia ter bancado isso, já que tinha economias suficientes sobrando depois do meu ano sabático. Mas para aliviar meus medos de ficar sem dinheiro, eu também poderia ter gasto menos em bons restaurantes, roupas, lattes diários e coqueteis.”

4. Descuido com pertences

A última dica refere-se aos objetos que ela levou durante as viagens. Um furto durante um momento difícil da viagem no Camboja, que rendeu quase US$ 800 (R$ 4,5k) em prejuízos para a profissional, ensinou essa lição para a profissional. 

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Essa não foi a única vez que isso aconteceu, e os episódios renderem dinheiro, tempo e energia (que poderiam ter sido tremendamente bem aproveitados em outras situações e experiências). Embora ela fosse meticulosa com listas de tarefas e voos, às vezes eu era descuidada em outros contextos.

“Os erros que cometi enquanto viajava me ensinaram quando deixar ir, mas também quando ter mais controle”, finaliza.

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