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O tiro no pé do trabalho híbrido

Uma pesquisa descobriu que há diferenças radicais entre quem quer continuar no home office e quem quer voltar ao escritório – o que pode gerar desigualdades na equipe.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 17 jun 2021, 20h50 - Publicado em 7 jun 2021, 14h48

Sonhando com o home office permanente? Melhor repensar. Uma pesquisa americana que acompanha milhares de trabalhadores desde maio de 2020 perguntou como as pessoas gostariam de trabalhar depois da vacina. O estudo descobriu que 32% não querem nunca mais voltar para o escritório, enquanto 21% querem sair para trabalhar todos os dias. O restante (a maior parte) opta por um regime híbrido.

Só que o perfil desses grupos é radicalmente diferente. Entre aqueles que querem ficar para sempre no home office, predominam as pessoas com filhos – em especial as mulheres. O perfil médio de quem quer voltar de segunda a sexta é de homem jovem e solteiro.

Se a escolha fosse deixada ao gosto do freguês, então, voltaríamos aos anos 1950, quando escritórios eram dominados por homens. Ok, elas continuariam de casa, mas acontece que há diferenças brutais entre os regimes de trabalho: quando rola uma reunião presencial, por exemplo, as pessoas que estão em casa se sentem menos incluídas, segundo o mesmo estudo (nem precisava da conclusão do estudo – é humano).

Pesquisas anteriores também mostram que, em um regime híbrido, as chances de promoção para quem trabalha presencialmente é maior do que quem fica em home office. Nem sempre é intencional – gestores naturalmente tendem a se conectar mais com quem está próximo deles. Não há saída mágica. A mais racional seria, infelizmente, a menos democrática: adotar uma rotina obrigatória (seja ela qual for) em vez de deixar os funcionários escolherem sua agenda. Adeus, pijama!

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(Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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