Freelancers perderam espaço e dinheiro para as IAs generativas, aponta estudo
Menos oportunidades e salários menores. Essas ferramentas afetaram principalmente os melhores profissionais disponíveis.

A inteligência artificial generativa está virando o mercado de trabalho freelance de cabeça para baixo. Um novo estudo identificou que essas ferramentas diminuíram as oportunidades de emprego e cortaram ofertas de pagamento para trabalhadores em todos os níveis de habilidade – até mesmo os melhores profissionais estão sofrendo.
Publicada no periódico INFORMS Organization Science, a pesquisa é uma das primeiras evidências concretas do impacto imediato da IA no mercado de trabalho.
Seus resultados vão um pouco na contramão do que os adeptos às IAs diziam que aconteceria. Com a chegada das IAs generativas – a classe de ferramentas que “cria” textos, imagens e vídeos baseados em um treinamento com mídias já existentes – a turma do mundo tech afirmava que apenas empregos e trabalhadores menos qualificados seriam ameaçados.
Segundo o estudo, não foi o que rolou. Os freelancers de alto desempenho sofreram os maiores revezes. Para cada aumento de 1% nos ganhos anteriores de um freelancer, a pesquisa identificou uma queda adicional de 0,5% nas oportunidades de emprego e uma redução de 1,7% na renda mensal após a introdução das tecnologias de IA. Ou seja, quanto melhor um trabalhador ganhava, mais ele perdeu quando as IAs surgiram.
Quem era qualificado e podia confiar na própria experiência e reputação, agora está competindo com algoritmos e programas que fazem as tarefas de forma mais rápida e barata.
Essas descobertas levantam preocupações urgentes para empresas, formuladores de políticas e trabalhadores. Com a adoção da IA acelerando, os resultados sugerem a necessidade de discussões imediatas sobre como mitigar as perdas de empregos e a instabilidade de renda desencadeada pela interrupção da IA.
“A IA generativa está mudando as regras do jogo”, afirma Oren Reshef, um dos autores do estudo e professor na Universidade de Washington. “Não está apenas reduzindo as oportunidades para trabalhadores menos qualificados; está cortando o cerne do que sempre fez os melhores desempenhos serem bem-sucedidos. Essa tecnologia nos força a repensar como os trabalhadores competem e como os apoiamos em uma economia impulsionada pela IA.”
As descobertas do estudo destacam a necessidade de empresas e formuladores de políticas abordarem o impacto em evolução da IA no trabalho digital, desenvolvendo estratégias para proteger os trabalhadores de suas consequências não intencionais.