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Escolas não estão preparadas para desenvolver os jovens para o futuro

O isolamento social trouxe à tona algo que já estávamos percebendo: que educação vamos construir

Por Ligia Zotini
Atualizado em 25 ago 2020, 10h09 - Publicado em 25 ago 2020, 09h18

Nesses dias de quarentena por causa do novo coronavírus, muitos de nós vivemos tudo junto e misturado em nossa casa — inclusive a educação dos filhos. E certamente essa experiência deixou claro que o futuro demandará outras qualidades e especialidades educacionais. Embora não seja novidade que muitas das escolas do país ainda estão presas ao “paradigma do conteúdo”, foi grande o impacto de ver nossas crianças e jovens estudando dentro de casa. É inquietante que elas sejam incentivadas a memorizar, durante horas a fio, diferentes conteúdos, desde as etapas de reprodução da água viva até fórmulas matemáticas complexas. Tudo porque o currículo escolar não pode ser perdido e porque ainda estamos presos a um conceito antigo de educação.

Mas talvez tudo isso gere um lado positivo para o futuro. Quero acreditar que esse quadro de complexidade imposto às escolas e às famílias esteja trazendo à tona os principais pontos que deverão ser discutidos no mundo pós-pandemia. Muita coisa está sendo testada agora, mas o maior o saldo do que vivenciamos passará pela construção de planos de educação híbridos. Isso quer dizer que o saber será construído entre o mundo intelectual e o emocional — e não apenas entre o mundo físico e o digital.

(Arte/VOCÊ S/A)

O futurista Thomas Frey, um dos grandes pensadores sobre nosso mundo, explica de forma bastante clara por que precisaremos revisitar nossos sistemas educacionais. Ele diz o seguinte: “Estaremos vivendo nas próximas décadas em um mundo que exigirá pessoas de maior calibre moral e ético para fazê-lo funcionar”. Para isso, professores não vão atuar apenas na transferência de conhecimentos. A função dos educadores será fazer a arquitetura dos saberes utilizando as tecnologias como meio — e não simplesmente como um fim em si.

Entendo que temos uma grande oportunidade em nossas mãos. Devemos usar este momento de isolamento social e de homeschooling para ir muito além de encontrar a melhor forma de utilizar tecnologias digitais nas escolas. Nosso papel será, principalmente, o de refletir sobre as maneiras de trazer novos valores para as jornadas educacionais, pois precisamos urgentemente de alunos podendo se desenvolver integral e humanamente. E não ficar decorando fórmulas que serão esquecidas em breve.

Eu já disse isso aqui algumas vezes, mas repito porque é algo em que acredito muito: é da conexão do melhor da tecnologia com o melhor do humano que evitaremos distopias tecnológicas e educacionais. Só assim conseguiremos, enfim, preparar nossos jovens para que se tornem criadores de novos paradigmas para um mundo que necessita urgentemente de reinvenção.

(Arte/VOCÊ S/A)
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