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Descubra como é trabalhar no cargo de gerente de e-commerce

Assim como em uma loja física, as virtuais também precisam de gerentes para botar ordem na casa. Conheça esse profissional que precisa entender toda a operação e garantir que as áreas trabalhem em sintonia para que as compras cheguem.

Por Juliana Américo
Atualizado em 17 jun 2021, 21h27 - Publicado em 7 jun 2021, 21h27
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 (Carlos Pedretti/VOCÊ S/A)
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Mais de 79 milhões de brasileiros fizeram compras pela internet no ano passado – é quase 38% da população. E, desses, 13,2 milhões estavam realizando a sua primeira compra online. É fato que o isolamento social alavancou o e-commerce no país. Só em 2020, as vendas online somaram R$ 87,4 bilhões; isso é 41% a mais do que o faturamento registrado em 2019, de acordo com um levantamento da consultoria
Ebit/Nielsen.

Segundo Maurício Salvador, presidente da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), a previsão é que o setor continue crescendo. “Normalmente, por ano, são abertas 30 mil lojas online no Brasil. Em 2020, foram 180 mil novos e-commerces – é seis vezes mais do que a média normal.” Pela contabilidade da ABComm, o volume de vendas cresceu mais do que o auferido pela Nielsen: 68%. “E esse é um movimento que vai se manter neste ano, tanto que as vendas devem subir mais 38%.”

O aumento das operações exige que as empresas tenham profissionais dedicados ao controle das lojas virtuais, pensando não apenas na parte técnica, mas também em estratégias de crescimento. Afinal, ter um e-commerce vai além de criar um site e colocar coisas para vender. É preciso conhecer os clientes, entender do negócio da empresa e garantir que ela não se perca na mudança do offline para o online. Aí que entra a figura do gerente de e-commerce.

É como se fosse em uma loja física: lá, o gerente é responsável por organizar as equipes, controlar o estoque, o recebimento de mercadoria, o fechamento de caixa e o faturamento da unidade. No e-commerce a ideia é a mesma. A diferença está no tamanho da operação. Enquanto uma loja de bairro precisa lidar com um número limitado de clientes e compras, um comércio online tem alcance ilimitado.

Por outro lado, é fácil sumir em meio ao mar de e-commerces que temos hoje. A missão-chave de um gerente da área, então, é garantir a conversão do cliente. Ele precisa fazer com que a pessoa encontre o site, se interesse pelos produtos que estão ali e finalize a compra.

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Todas as áreas em uma

Gerenciar um e-commerce é como reger uma orquestra. Você precisa saber tocar todos os instrumentos, para exigir o melhor dos músicos sob seu comando. Na profissão, isso significa dominar em algum grau áreas díspares: logística, marketing digital, TI, matemática financeira, atendimento ao cliente, gestão empresarial. Também não podem faltar conhecimento de estratégias para aumento de vendas, precificação e técnicas de SEO (as ferramentas para colocar o site no topo dos resultados do Google). Se a empresa for multinacional ou vender para fora do país, precisa ter inglês avançado.

Em suma, sem aquilo que o mercado chama de visão 360º do negócio, não tem jeito. “Uma empresa com uma logística cara ou que demore para entregar não vende, por exemplo. Por isso, o profissional não pode olhar só para os produtos que ele comercializa no site. Ele tem que saber o que acontece na logística para oferecer soluções mais rápidas, como a busca da compra em uma loja física”, diz Ulysses Reis, coordenador do MBA de Varejo da FGV.

“Você tem que ter uma visão holística do negócio para liderar a loja online. É preciso entender muito bem como cada área precisa atuar. E ter análise de dados na veia.”

Theo Vieira, diretor de e-commerce da Mondelez

O mesmo vale para a parte de tecnologia. O gerente de e-commerce não precisa saber programar, claro, mas deve conhecer as certificações de segurança necessárias para proteger o site e evitar fraudes.

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E, claro, ainda é preciso mandar bem nas habilidades comportamentais: saber lidar com pessoas e trabalhar em equipe é essencial para manter a orquestra afinada.

Também é importante saber trabalhar sob pressão e tomar decisões rápidas. No mundo online, tudo muda rápido. Um ajuste no algoritmo do Google basta para destruir as estratégias de SEO do site. Ou seja: quem se apega a processos que deram certo no passado fica para trás.

Vivência na área

Não existe uma graduação específica para atuar em lojas online – os principais cursos são os de Administração, Marketing e TI. Se você quiser se especializar para valer na área, vale fazer uma pós-graduação em varejo, e-commerce ou
negócios digitais.

A questão é que não se torna gerente de e-commerce da noite para o dia. Ter uma certa experiência direta no varejo ou na área de vendas é indispensável para assumir o cargo, independentemente da formação. É o caso de Theo Vieira, 40 anos.
Ele se formou em Relações Internacionais. Em 2002, teve a oportunidade de mudar para a área de trade marketing da Unilever. O setor é responsável pela comunicação e pelo estudo de posicionamento de produtos nos pontos de venda – sabe quando você vai ao supermercado e consegue achar o que buscava com uma certa facilidade? Então. Esse é o resultado de um trabalho bem feito de trade marketing.

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Theo passou oito anos na Unilever e, nesse período, foi atuar na unidade da companhia na China, onde morou quatro anos. “Minha inserção no mundo do e-commerce começou ali. Eu sempre me interessei por tecnologia e a China já era um mercado muito digitalizado.”

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(Carlos Pedretti/VOCÊ S/A)

No final de 2010, ele decidiu voltar para o Brasil. Dessa vez, foi trabalhar na área de marketing da Mondelez – dona de marcas como a Lacta, Oreo, Club Social, Trident e Halls. “Comecei em uma marca menor e depois fui cuidar da [linha de sucos em pó] Tang. Mas sentia que faltava passar pelo setor de vendas; então fui trabalhar na área em 2015.” Theo foi responsável por estruturar o Cash & Carry – canal pelo qual a empresa se relaciona com os atacarejos. Ele também atendia à conta de varejo do Grupo Pão de Açúcar e ajudou na criação de um canal exclusivo dentro do site da rede de supermercados para o e-commerce dos produtos Lacta para a Páscoa.

Em 2016, ele foi trabalhar como gerente de marketing da Duratex. “Lá, eu liderava três squads: um de internet das coisas, outro de estratégias de e-commerce e o de criação de conteúdo do site. Foi uma época em que eu desenvolvi muito o conhecimento de digital.” Em julho de 2019, veio o convite para voltar para a Mondelez e assumir como gerente de e-commerce da companhia. “Você tem que ter uma visão holística do negócio para liderar a loja online. É preciso entender muito bem como cada área precisa atuar. Também tem que ser uma pessoa que tenha análise de dados na veia, porque, quando a gente está falando de e-commerce, não é de um ou dois clientes, e sim de milhares.” Hoje, Theo é o diretor de e-commerce da companhia.

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Atividades-chave
Aumentar a taxa de conversão da loja virtual, monitorar a concorrência, supervisionar outras áreas da companhia relacionadas ao e-commerce (logística, marketing, atendimento ao cliente, TI), evitar fraudes e selecionar ferramentas online que melhorem a experiência de compra.

Quem contrata
Médias e grandes empresas que possuam um e-commerce, tanto para consumidores finais (B2C) quanto para clientes corporativos (B2B).

Pontos positivos
É uma profissão nova e de destaque dentro das companhias. Os profissionais capacitados têm muitas oportunidades de emprego.

Pontos negativos
Se você quer um trabalho calmo e previsível, gerente de e-commerce não é para você. No mundo online, a atualização é constante. O profissional deve sempre acompanhar as mudanças de mercado e saber adaptá-las continuamente à loja virtual.

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Principais competências
Conhecimento de varejo, tecnologia, logística, marketing, finanças e gestão de negócios. Na parte comportamental, o destaque é para capacidades de liderança, trabalho em equipe e pensamento estratégico.

O que fazer para atuar na área
Não existe uma graduação específica, mas os cursos de Administração, Marketing e TI são os mais comuns entre os profissionais. Também é possível fazer uma pós-graduação em Varejo, Negócios Digitais ou E-Commerce.

Salário*
Médio: R$ 6,7 mil | Alto: R$ 17 mil
*Fonte: Glassdoor

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