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Como escolher a carreira certa?

Saber que tipo de atividade, ambiente e rotina de trabalho você quer é o primeiro passo para começar bem sua vida profissional

Por Inês Pereira
Atualizado em 10 jan 2020, 16h27 - Publicado em 7 ago 2017, 17h00

 

O momento de ingressar no mercado de trabalho está chegando. Depois de todo o esforço e tempo investidos na formação, a expectativa de que tudo dê certo na vida profissional é enorme. Maior ainda é o leque de possibilidades de atuação.

Ser funcionário de uma empresa privada? Atuar numa ONG? Desenvolver carreira num órgão público? Empreender? Como saber o que é melhor para você? São muitas as perguntas e cada caminho requer características e competências diferentes.

Descobrir qual é sua vocação, quais são seus pontos fortes e fracos, do que gosta ou não de fazer é fundamental para escolher a forma como vai atuar profissionalmente. Lançada sobre as dúvidas, essa luz minimiza equívocos e frustrações.

A seguir, três especialistas em carreira e mercado de trabalho percorrem as principais trajetórias profissionais para ajudá-lo a encontrar respostas que facilitem suas escolhas de carreira.

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Empresa privada

O setor privado, apesar das particularidades de cada empresa, tem características semelhantes: lidar com prazos, cumprir metas e atingir resultados. Os gestores cobram de seus funcionários apresentações convincentes, participação em reuniões, bom relacionamento com equipes e com o público externo, sempre com foco nas entregas.

É preciso estar preparado para ter seu desempenho medido por métricas objetivas e para trabalhar com agilidade. E, como tudo muda constantemente, a começar pela própria conjuntura econômica, flexibilidade é questão de sobrevivência. “É necessário ter habilidade no relacionamento interpessoal, inteligência emocional e capacidade de receber um monte de ‘nãos’ para obter um ‘sim’ ”, diz Renata Magliocca, da Cia de Talentos, consultoria especializada em recrutamento de jovens, de São Paulo.

Perfil ideal: Você consegue se relacionar com pessoas de diferentes culturas e posições hierárquicas? Lida bem com a pressão do tempo? Consegue mudar suas opiniões e seu planejamento de acordo com novas demandas? Está preparado para defender suas ideias e se posicionar? Então, uma empresa privada pode ser um bom caminho. “A habilidade para tomar decisões e a resiliência, que é a capacidade de lidar com frustrações, têm de ser enormes”, diz Eline Kullog, diretora do Stanton Chase Brasil, consultoria de recrutamento de São Paulo.

Quem não combina: Pessoas sem capacidade de relacionamento interpessoal, sem flexibilidade e com dificuldade para lidar com pressões, cobrança por resultados e de seguir os protocolos hierárquicos.

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Vai ser bom para você?

Com a ajuda de especialistas, VOCÊ S/A preparou uma lista de perguntas para fazer a si mesmo e às pessoas próximas para descobrir a carreira certa para você.

Na vida de estudante
“Que matérias mais me interessam?”, “Quais são as optativas que eu escolho?”, “Quais os trabalhos para os quais mais contribuí com espontaneidade, sem pensar apenas em entregar no prazo, cumprir a meta e passar de ano?”, “Nas atividades da faculdade, eu coordeno a organização e a distribuição das tarefas?”, “Gosto de ir à frente da sala e falar em público?”, “O que faço bem e com muita facilidade?”, “Participo da empresa júnior e gosto de liderar o time, como gerente ou presidente?”, “Sou ou fui monitor e gostava muito de dar aula e ajudar as pessoas?”

Na vida pessoal
“Resolvo com facilidade os conflitos familiares?”, “Tenho ótimo relacionamento com parentes e amigos?”, “Gosto de ajudar as pessoas?”.

Para as pessoas próximas
“O que você acha que faço bem?”, “Quando pensa em mim, que qualidades vêm mais rápido à sua mente?”

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Empreendedor

Atualmente, existe certo glamour em se denominar empreendedor. A ideia do “eu posso fazer o que quiser” é atraente. Mas, embora não exista a figura do chefe, há o cliente e, muitas vezes, o sócio.

Na prática, isso requer habilidade de lidar com pessoas e flexibilidade para adaptar-se a situações adversas, como as crises econômicas. “No empreendimento, o senso de urgência é uma constante. Se você não lançar seu produto ou sua ideia logo, um concorrente vai fazer isso antes ou a economia e a sociedade vão mudar e aquilo deixará de ser necessário”, diz Eline, da Stanton Chase Brasil.

Perfil ideal: Gente com disposição para trabalhar duro. Geralmente, o empreendedor é também o financeiro, o RH, o comercial. “Ser movido pela ideia, ter ritmo e velocidade alta, querer implementar coisas e vê-las acontecendo são características desejáveis para quem quer abrir um negócio próprio”, diz Renata. E ter capacidade de resiliência grande, pois nem sempre as coisas dão certo.

Quem não combina: Pessoas que têm dificuldade de gerir o tempo, as prioridades e as equipes. Também podem errar na escolha aqueles que não lidam bem com instabilidade, riscos e planejamento.

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Carreira pública

A grande característica do setor público é o tempo. “O ritmo em que as coisas acontecem é ditado pela burocracia. Se você quer implementar uma ideia, tem de passar por inúmeras instâncias e muita gente para aprovar”, afirma Renata, da Cia de Talentos.

Isso quer dizer que, no serviço público, seu projeto só consegue andar depois de mobilizar recursos e envolver outras secretarias. Mas, por ser contratado via concurso público, o funcionário tem estabilidade. “Numa época complicada para o país, isso pode ser considerado uma vantagem”, afirma Marcelo de Lucca, sócio da consultoria KPMG, de São Paulo.

Só que é preciso encarar o desafio de que as ideias e as inovações acontecem num ritmo mais lento.

Perfil ideal: Se você não lida bem com a pressão dos prazos, é mais introvertido e prefere investir numa carreira em que progrida por seu conhecimento técnico, pela profundidade com que domina algum assunto, então a carreira pública é um bom caminho.

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Quem não combina: O setor público envolve uma carreira longa, para a vida. “O profissional muito ambicioso, que gosta de mudanças e tem vontade de crescer rápido, dificilmente se sentirá contemplado”, diz Marcelo, da KPMG.

Terceiro setor

As ONGs são movidas pelo engajamento numa causa. A maioria tem uma estrutura menor, o que leva o profissional a fazer de tudo um pouco – desde pesquisar dados e desenvolver projetos até buscar patrocinadores.

Por isso, ter a clareza de seu propósito é muito importante. Então, responda às seguintes perguntas: que ONG vou escolher? O impacto que ela causou no mundo tem a ver com o impacto que eu quero causar? Estou disposto a cumprir vários papéis em nome desse projeto?

No terceiro setor, é preciso engajar a sociedade em torno de um projeto. Nesse sentido, planejamento, organização e capacidade de mobilização são fundamentais.

Mas é importante lembrar que esse é um mercado incipiente no Brasil. “Não há grandes projetos do ponto de vista estrutural corporativo em que se consiga imaginar uma carreira”, diz Marcelo, da KPMG.

Perfil ideal: Quem é idealista e tem facilidade de mobilizar pessoas pode se dar bem numa ONG. Ao mesmo tempo,
é preciso gerir o tempo e gostar de autonomia. “O terceiro setor não tem uma estrutura tão hierárquica. São modelos mais horizontais, em que cada indivíduo tem de caminhar por si só, pois não haverá alguém cobrando nem uma máquina que o leve junto”, diz Renata, da Cia de Talentos.

Quem não combina: Aqueles que anseiam por desenvolver a carreira rapidamente e ter um salário alto não encontrarão boas perspectivas. “Não conseguir estabelecer um bom relacionamento interpessoal pode ser um problema. Lembre que você vai ter de se artcular com diversos parceiros a todo o momento”, afirma Marcelo de Lucca, da KPMG.

Você encontra essa reportagem na edição de Julho/230 da VOCÊ S/A (VOCÊ S/A/VOCÊ S/A)
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