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Como é ser um estagiário depois dos 30?

Conheça os desafios de iniciar uma nova profissão após os 30 anos, como a necessidade de ter uma reserva financeira e disposição para começar do zero

Por Fernanda Colavitti
Atualizado em 14 Maio 2021, 11h27 - Publicado em 4 nov 2020, 16h00

Em 2018, a estudante Ana Carolina Targino começou seu primeiro estágio na área de marketing de uma agência de publicidade. Na época, ela estava com 37 anos. “Relutei em fazer o curso, que é a minha primeira graduação, por achar que estava velha para prestar um vestibular público, mas me inscrevi faltando 40 dias para a prova e, para minha surpresa, passei em primeiro lugar”, conta.

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“Depois veio o receio de não conseguir ingressar na área, também por causa da idade, mas assim que concluí o primeiro semestre, consegui um estágio em uma agência.”

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A história de Ana Carolina é um exemplo de movimento que vem acontecendo no mercado de trabalho: a contratação de estagiários acima de 30 anos. 

Segundo levantamento do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, realizado no mês de junho, o número de estudantes dentro dessa faixa etária já representa 14% dos estagiários em seu banco de dados.  

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“Existe um amadurecimento do mercado para essas e outras questões ligadas à diversidade”, afirma o headhunter Marcelo Olivieri, diretor da Trend Recruitment.

Segundo o especialista, as empresas só têm a ganhar com essa prática. “Não podemos dizer que idade e maturidade sempre andam de mãos dadas, mas, muitas vezes, a experiência de vida e, em vários casos, a maior responsabilidade (como morar sozinho, ter família, pagar contas) tornam um estagiário de 30 ou 40 anos uma opção interessante”, afirma. 

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Já para quem decide mudar de carreira ou iniciar a primeira tardiamente, os desafios são diretamente proporcionais aos benefícios. “Nunca é tarde para estudar ou fazer uma faculdade diferente. Mas não se trata de uma tarefa fácil”, diz Olivieri. Entre os principais obstáculos, ele cita passar por toda a rotina de estágio e faculdade e ainda lidar com outras responsabilidades da vida, como filhos, finanças, casamento. “Além disso, a pessoa precisa estar ciente de que levará certo tempo para atingir a mesma proficiência que poderia ter em sua antiga área, por exemplo”, afirma. 

Experiência acumulada

Essas dificuldades não impediram o publicitário Luiz Raposo de mudar de profissão aos 57 anos. Depois de 37 anos atuando com comunicação e marketing, ele resolveu trabalhar com gastronomia.

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Luiz conta que, em abril de 2018, durante uma reunião para discutir assuntos relacionados a negócios com um dos diretores de um hotel de São Paulo, manifestou seu interesse em conhecer a estrutura das cozinhas.

Em agosto do mesmo ano, iniciou um programa de estágio, inicialmente para uma experiência de 15 dias, em confeitaria e cozinha de banquetes. Foi o início de sua transição de carreira.

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Tanto Luiz quanto Carolina destacam o fato de que as experiências acumuladas em outros empregos, ainda que em áreas distintas, não devem ser desprezadas, porque são diferenciais que ajudam na nova empreitada.

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Carolina conta que os trabalhos que executou durante quatro anos em uma plataforma de petróleo como rádio-operadora e depois por um ano na área de telemarketing lhe trouxeram habilidade para resolução de conflitos.

Já para Luiz, o repertório de marketing tem sido fundamental no desenvolvimento de conceitos, estratégias e gestão de produtos e de marcas em sua nova rotina na cozinha.

Para quem quer fazer essa mudança de rota tardiamente, é fundamental acumular uma reserva financeira, reativar a rede de contatos e conversar com pessoas que já realizaram essa mudança (veja mais detalhes ao fim desta reportagem).

“Não há nada de errado em dar alguns passos para trás para voltar a crescer adiante”, diz Olivieri. “Mostrar que está ciente dessas possibilidades, disposto a trilhar um novo caminho e que, principalmente, pode agregar valor à posição trazendo sua experiência de vida ou de outras carreiras ajuda a abrir mais portas no mercado de trabalho.”  

Os cursos mais procurados por estudantes acima de 30 anos

  1. Pedagogia 
  2. Direito 
  3. Administração 

Fonte: CIEE

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Novo começo, muita experiência

Como atualizar o currículo na busca pela nova carreira 

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