Black Finance dá formação para negros que querem trabalhar no mercado financeiro
Projeto tem duração de dez semanas e quer aproximar jovens profissionais de bancos de investimento, facilitando a contratação.
Conseguir uma vaga no mercado financeiro é um desafio brutal. Quatro amigos negros que trabalham na área, Gabriel Souza, Victor Satiro, Eduardo Lima e Matheus Cruz, decidiram ampliar as chances de quem, como eles, veio da periferia. Criaram o Black Finance, um curso de formação e mentoria. A essência ali é colocar estudantes promissores em contato direto com profissionais gabaritados ao longo de cursos de dez semanas – algo que não apenas ajuda na formação, como cria chances de o estudante acabar contratado pelo mentor. Aqui, Gabriel explica a iniciativa.
1. Como surgiu o projeto?
Nós já falávamos sobre as nossas experiências no mercado financeiro, como sermos os únicos que eram chamados por apelidos no ambiente de trabalho. Mas só virou um projeto de verdade por causa do Victor. Somos amigos há bastante tempo e ele veio conversar comigo porque estava sem perspectiva. Trabalhava como atendente de farmácia e não tinha dinheiro para fazer uma faculdade. Levei ele ao Insper e disse que aquela seria a universidade dele. Um ano depois, ele entrou com bolsa integral. Ele me disse que eu havia derrubado um muro invisível. E que precisávamos fazer isso para mudar a vida de mais pessoas. Aí começamos a pensar no Black Finance.
2. Como funciona o programa?
Acreditamos muito na educação. É um programa de formação para estudantes negros de economia, para que eles sejam capazes de atuar em um banco de investimento. Então vamos ter aulas sobre demonstrativos financeiros e valuation de empresas, como funcionam fusões e aquisições e emissão de ações na bolsa. Além disso, teremos mentorias com dois profissionais diferentes, um mais jovem e outro mais velho. A ideia é que todo mundo saia do programa com uma vaga de emprego ou de estágio.
3. E como reduzir o choque social quando a pessoa consegue o emprego?
Nós vamos levá-los a esses lugares possíveis e fechar o gap que existe em educação. Se ele entra no banco sem saber nada, vai se sentir burro. E eu já estou na área há três anos e ainda sinto isso todo dia. Também vamos dar aulas de inteligência emocional, para diminuir o choque da transposição social.