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IPOs: por que uma empresa lança ações no mercado?

Porque é o dinheiro mais barato que existe. Ainda assim, não faltam empresários que torçam o nariz para a ideia.

Por Alexandre Versignassi e Bruno Carbinatto
Atualizado em 27 dez 2022, 17h19 - Publicado em 19 ago 2021, 14h31

Bom, quando você compra ações da Petrobras não está dando dinheiro para a Petrobras, mas para alguém que, por algum motivo, está vendendo os papéis da Petro que tinha na mão.

O momento em que uma empresa ganha dinheiro com a bolsa é na hora do IPO (a abertura de capital, ou seja, o lançamento das ações no mercado).

Você pode estipular que a sua empresa vale R$ 1 bilhão, por exemplo. Então divide ela em 1 bilhão de partes e vende cada uma a R$ 1 na bolsa no dia do IPO. Cada uma dessas partes é uma ação, e dá direito a uma parcela dos lucros da empresa (os dividendos).

Mas para que dividir o lucro da sua empresa com um monte de desconhecidos em vez de ficar com tudo para você?

Por causa do seguinte: você não vende tudo. O que os donos fazem, então, é abrir mão de uma parte, apenas, para se manterem como os mandachuvas. Você pode, então, vender só 30% da sua empresa e ficar com o resto. Nisso, você levanta R$ 300 milhões limpos. Limpíssimos, porque não se trata de uma dívida.

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Você, grande empresário, só está se comprometendo a ceder uma parte do seu lucro a quem comprou as ações – e isso caso a empresa dê lucro; se não der, azar de quem comprou suas ações.

O dinheiro você usa para investir na empresa, claro – e para comprar aquela mansão com campo de golfe na Suíça, porque ninguém é de ferro. Baita negócio. Por isso, basicamente todo mundo que pode abrir o capital o faz.     

Mas sempre há exceções. É o caso do Grupo Votorantim, uma gigante do cimento (e de outras áreas) que lucra mais de R$ 1 bilhão por trimestre. Há 103 anos, ela segue sob controle da família Moraes. Nos EUA, dois grandes exemplos são a Koch e a Cargill, ambas também antigas (Cargill foi fundada em 1865, a Koch em 1940) e dominantes em suas áreas.

A ideia ali é manter o negócio em família mesmo. Faz sentido também. Steve Jobs, por exemplo, fundou a Apple em 1976, mas achou melhor vender todas as suas ações no mercado. Nisso, acabou demitido pelos acionistas controladores em 1985 – erro crasso que só seria revertido em 1997.

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Por essas, Charles Koch, CEO da empresa que leva seu sobrenome, tem a seguinte resposta para quem lhe pergunta sobre uma eventual abertura: “Só se for sobre o meu cadáver”.

Em tempo: não é só no IPO que uma empresa ganha dinheiro. Os controladores também podem fazer ofertas adicionais ao longo do tempo, lançando novas ações no mercado. Isso dilui a participação dos demais acionistas, e faz minguar a fatia do lucro da companhia à qual eles têm direto. Mas nem por isso deixa de ser um artifício comum. E não menos importante: se as ações valorizam, o caixa da empresa engorda, já que toda companhia mantém um pouco (ou um muito) das próprias ações guardadas na tesouraria.

Contribuiu: Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP

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