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Armando Lourenzo

Doutor e Mestre em Administração pela FEA-USP. Pós-graduado em Filosofia pela PUC. Diretor da EY University. Presidente do Instituto EY. Professor da FIA, USP (PECEGE) e Casa do Saber.
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Como preparar funcionários com empregos em extinção

Esta é uma grande questão, que desafia as empresas diariamente

Por Armando Lourenzo, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 11 fev 2020, 16h21 - Publicado em 5 fev 2020, 17h00

De acordo com estudo recente do Fórum Econômico Mundial, até 2022 serão criados mais de 133 000 novos empregos. Por outro lado, cerca de 75 000 postos de trabalho serão extintos. O dado mostra um saldo positivo de 58 000 posições nas organizações. 

Mas como serão essas ocupações? E que tipo de habilidades elas irão exigir dos profissionais? Essas são perguntas fundamentais. 

Sabemos que muitas delas estarão relacionadas com a transformação digital em curso. Haverá necessidade de conhecimento em RPA (Robotic Process Automation), Blockchain, Data Science, Inteligência Artificial, entre outras tecnologias. 

Mas o grande desafio das empresas não será técnico, já que elas conseguem desenvolver os funcionários nestes quesitos. O maior desafio será de mudança de mindset das pessoas, que deverão migrar de uma cultura analógica para uma cultura digital. 

Os profissionais dos próximos três anos terão de ser hábeis em encontrar soluções digitais para grande parte dos problemas enfrentados. Diante disso, fica a pergunta: contratamos um profissional formado em RH e ensinamos a ele tecnologia ou recrutamos um profissional de TI e ensinamos a ele RH?

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O desafio é enorme. Hoje, temos 11,9 milhões de desempregados no nosso país e não se pode ter uma visão limitada de que, se o Brasil crescer a fortes taxas, o problema estará resolvido. É necessário considerar que parte destas pessoas estará desatualizada em razão do longo período sem emprego. Muitas delas precisarão, inclusive, de novas formações para se recolocar em postos diferentes e enfrentar novos modelos de trabalho. 

E pensar sobre isso não deve ser uma responsabilidade apenas das empresas. Precisamos de políticas públicas e investimentos governamentais direcionados por uma visão de futuro.

O Fórum Econômico Mundial cunhou dois termos muito interessantes para esta situação: upskilling e reskilling

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Quando pensamos em atualizar as pessoas dentro de suas profissões para que aprendam novas competências, estamos falando de upskilling. Para aqueles profissionais cujas ocupações forem extintas e necessitarem de novas habilidades para ingressar em outras carreiras, entra o reskilling. Lembrando que ambas estratégias não devem ser limitadas aos conhecimentos técnicos, abarcando as soft skills também. 

Na minha visão, as companhias devem trabalhar conjuntamente para reduzir os gaps de profissionais desatualizados. Mas o papel de direcionador deve ser dos governos em todas as esferas: federal, estadual e municipal.

Enquanto a velocidade das mudanças se acelera, há uma questão dificílima de resolver: como preparar as pessoas para um mundo que não sabemos como será? Refletindo sobre como combater o “analfabetismo digital” ao mesmo tempo em que desenvolvemos profissionais éticos, adaptáveis e ágeis, capazes de trabalhar efetivamente em qualquer cenário que lhes seja imposto

 

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