Papa Francisco sugere que a Páscoa pode ter uma data fixa. Como fica o Carnaval?
Comemorada no dia 20 de abril em 2025, a Páscoa é um feriado que muda de data todos os anos – e a Igreja Católica e Ortodoxa tem divergências na hora de escolher o dia. Mas a data pode, eventualmente, se fixar em um dia.

Todo ano a Páscoa acontece em um dia diferente. A culpa é do jeito que a data é definida: a Páscoa sempre cai no primeiro domingo depois da primeira lua cheia do início da primavera no hemisfério norte.
Por causa disso, o feriado pode cair tanto no final de março quanto no final de abril. A Páscoa mais adiantada caiu no dia 22 de março de 1818. A mais atrasada, 25 de abril de 1943.
Como se já não bastasse o caos de agenda, como a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa usam calendários diferentes para calcular quando vai ser a Páscoa. Enquanto a católica usa o calendário gregoriano (esse que nós, do Ocidente, estamos acostumados) a Ortodoxa usa o calendário juliano, que está 13 dias “atrasado”.
Por causa dessa diferença, a Páscoa pode ser celebrada em datas distintas pelas duas Igrejas cristãs: em 2024, a Páscoa Católica foi em 31 de março, enquanto a Ortodoxa caiu no dia 5 de maio – mais de um mês inteiro depois.
Mas a data em 2025 vai ser especial. Neste ano, para ambas as Igrejas, a Páscoa vai acontecer no dia 20 de abril. Aproveitando essa coincidência matemática, o Papa Francisco afirmou que espera que a ocasião seja um “lembrete a todos os cristãos para darem um passo decisivo rumo à união, e uma data comum para a Páscoa”.
O Pontífice discursou na Basílica Papal de São Paulo Extramuros, na conclusão da 58ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Segundo ele, “A Igreja Católica está disposta a aceitar a data que todos desejarem, uma data de união”.
Em 2022, Papa Francisco já havia se pronunciado sobre o assunto em uma reunião sobre o tema, dizendo: “Tenhamos a coragem de acabar com esta divisão, que às vezes nos faz rir. ‘O seu Cristo ressuscita quando? E o seu Cristo, quando ressuscita?’ Não. O sinal é um só Cristo para todos nós”.
Propostas de unificar a Páscoa em uma data única no mundo cristão já rolam há certo tempo. Ainda não oficializadas, o Papa Francisco estava reiterando a posição de um antecessor seu, o Papa Paulo VI que, na década de 1960, afirmou que, se os cristãos orientais concordassem sobre uma forma de determinar uma data comum para a Páscoa, a Igreja Católica aceitaria.
Beleza, mas e o Carnaval?
Nem o Papa, nem a Igreja Ortodoxa deram a proposta oficial de uma data específica para unificar a Páscoa – ainda.
Se a data escolhida for o terceiro domingo do mês de abril – que é a data do feriado em 2025 – vão haver outras mudanças no calendário de datas religiosas.
Na prática, a fixação da Páscoa também vai fixar outras comemorações móveis, como o Carnaval e Corpus Christi, que são baseadas nela.
A terça-feira de Carnaval, o último dia do feriado, acontece 47 dias antes da Páscoa. Em 2025, por exemplo, ela vai cair no dia 4 de março. Caso a Páscoa seja marcada no terceiro domingo de abril, o Carnaval vai passar a rolar sempre em março, e não mais em fevereiro. Jorge Ben Jor teria que mudar a letra de “País Tropical”, porque “Em fevereiro tem carnaval” não faria mais sentido.
Contudo, se a Páscoa ficar no primeiro ou segundo domingo de abril, o Carnaval permaneceria em fevereiro – e não estragaria a música.
Corpus Christi é outro que seria mexido. Por convenções de datas e motivações religiosas, o feriado sempre cai na quinta-feira, 60 dias depois da Páscoa. Esse ano, ele cai dia 19 de junho.