Exclamações deixam sua mensagem mais amigável e não prejudicam sua competência, afirmam pesquisadores
Algumas exclamações no seu email podem te aproximar do seu destinatário. Pesquisa também mostra que mulheres sentem mais necessidade de usá-las do que homens

Um trio de pesquisadores investigou uma questão importante da comunicação digital: como diferentes pessoas usam pontos de exclamação e como isso afeta a percepção dos outros sobre a mensagem.
Eles perceberam que os receptores acham o comunicador mais caloroso e mais entusiasmado quando a mensagem tem exclamações e que não tem nenhum
A comunicação é formada 93% pela linguagem não verbal, dividida entre voz e linguagem corporal – 38% e 55%, respectivamente. Só o restante, 7%, são palavras propriamente ditas.
Na era da internet, as nuances não verbais ficam bem complicadas. Como a maior parte da comunicação digital é feita quase que exclusivamente com palavras, é como se 93% da informação acabasse se perdendo. Por causa disso, a forma como você escreve suas mensagens acaba virando uma preocupação séria.
Pequenas escolhas de comunicação, como as palavras específicas escolhidas, a estrutura das frases e até o formato das mensagens de texto podem moldar as impressões das pessoas sobre alguém e sobre a mensagem.
O ponto de exclamação surge como uma tentativa de quebrar um pouco dessa frieza das palavras puras no meio da mensagem. Contudo, pode gerar preocupações para aquele que escreve: será que isso me faz parecer pouco sério para meus colegas? Os pontos de exclamação fazem os outros duvidarem da minha capacidade? Da minha competência? Ou isso me faz parecer caloroso e amigável, como eu espero? Se eu usar um ponto final ou uma vírgula, as pessoas me verão como frio e distante?
Diante de implicações tão significativas para a comunicação, será que os pontos de exclamação acabam sendo mais uma armadilha para líderes e funcionários se esforçando para serem levados a sério, colaborar com colegas e subir na hierarquia corporativa? E será que a preocupação com as possíveis consequências leva algumas pessoas — talvez especialmente mulheres — a se preocuparem excessivamente com a forma como seu estilo de comunicação será recebido?
Para responder a essas perguntas, o trio conduziu uma série de estudos examinando como as exclamações são de fato recebidas e as maneiras como homens e mulheres navegam na decisão de usá-las. “Nossas descobertas podem ajudar pessoas de todos os gêneros a serem comunicadores mais confiantes, com um melhor entendimento do que realmente acontece quando você usa essas marcas aparentemente inconsequentes”, escrevem em um artigo da Harvard Business Review.
Como mulheres e homens pontuam
Os cientistas primeiro consideraram as expectativas em torno do uso das exclamações. Segundo eles, a maioria dos receptores as usa como um possível indicador do gênero. Em um estudo, eles perceberam que quando um e-mail relacionado ao trabalho era escrito com exclamações, 61% dos participantes esperavam que o autor fosse mulher; quando o mesmo e-mail era escrito só com vírgulas e pontos finais, apenas 21% esperavam que fosse mulher.
A análise vai ainda mais além. Tanto mulheres quanto homens percebem uma espécie de norma sobre as exclamações em suas mensagens. Contudo, os padrões impostos por essa regra invisível são diferentes. Segundo os pesquisadores, as mulheres eram mais propensas a achar que precisam usar exclamações nas mensagens. Por outro lado, os homens eram mais propensos a acharem que não deveriam usar exclamações.
As mulheres também pareciam bem mais conscientes do que os homens sobre o uso de pontos de exclamação. Elas eram mais propensas a sentir que os usavam muito, em oposição a eles, que pensavam usar sempre a quantidade certa. As mulheres também se preocupavam mais do que os homens com a forma como os outros as percebem com base no seu uso de exclamações.
Exclamações são positivas!
Mas será que essa preocupação tem fundamento? Afinal, como os pontos de exclamação influenciam a percepção das pessoas sobre a mensagem?
Para descobrir, os cientistas conduziram uma nova parte da pesquisa. Eles pegaram mensagens diferentes, variando a quantidade de exclamações e o gênero do remetente, e pediram para que os entrevistados contassem suas avaliações.
Segundo os pesquisadores, as mensagens que incluíam pontos de exclamações tinham uma percepção mais positiva e causavam nos destinatários um maior desejo de trabalhar com quem a enviou. E esse efeito não dependia do gênero do comunicador.
As pessoas também acharam o comunicador mais caloroso e mais entusiasmado quando a mensagem tinha exclamações. O uso da pontuação também não mudou em nada a percepção de competência de quem enviou a mensagem.
De acordo com os pesquisadores, nenhuma diferença significativa entre as percepções dependia do gênero do remetente. Ou seja, apesar das preocupações e “normas” em que acreditavam, não houve nenhuma aversão a mulheres que não usavam exclamações ou a homens que usavam.
Não tenha medo das exclamações!
As descobertas são importantes para qualquer pessoa que já se pegou pensando demais sobre uma exclamação em um email. Os pesquisadores destacam especialmente o possível fardo que mulheres podem carregar ao tentar navegar pelas expectativas de seu comportamento no trabalho – mesmo em relação a algo tão pequeno quanto um ponto de exclamação.
“Para os funcionários, especialmente mulheres, nossas descobertas devem ajudar a aliviar as preocupações com o uso excessivo de exclamações. Embora o uso de exclamações tenha diminuído as percepções de poder e pensamento analítico, eles não impactaram negativamente as percepções de competência, e tiveram um impacto positivo nas percepções de entusiasmo, calor e nas impressões gerais dos avaliadores”, tranquilizam os pesquisadores.
E esses efeitos foram semelhantes tanto para homens quanto para mulheres, sugerindo que ninguém deve se preocupar excessivamente em conciliar o uso de exclamação com expectativas de gênero.
“Quanto a nós, nossas descobertas nos levaram a abraçar o ponto de exclamação mais plenamente, reconhecendo que seu impacto é mais propenso a ser positivo do que negativo”, encerram.