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‘Deus me livre de mulher CEO’, diz fundador da Singu, startup de beleza a domicílio

Tallis Gomes, também presidente da G4 Educação e da Easy Taxi, pediu desculpas pelo comentário após repercussão negativa. Personalidades como Luiza Trajano criticaram as falas do executivo nas redes sociais.

Por Sofia Kercher
19 set 2024, 17h00
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Tallis Gomes, CEO da G4 Educação, Easy Taxi e Singu. (Reprodução/ Instagram/VOCÊ S/A)
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esta quarta-feira (18), o CEO das empresas  G4 Educação, Easy Taxi e Singu, Tallis Gomes, abriu uma caixa de perguntas em seu Instagram. Questionado por um de seus seguidores: “Se sua mulher fosse CEO de uma grande companhia, vocês estariam noivos?”, a resposta de Gomes gerou uma repercussão negativa nas redes sociais – especialmente de mulheres inseridas no mundo corporativo.

A resposta de Gomes foi: “Deus me livre mulher CEO”. Segundo o executivo, salvo raras exceções, a mulher no cargo passaria por um “processo de masculinização” que invariavelmente colocaria seu lar em quarto plano; o marido em terceiro plano e seus filhos em segundo plano.

Ainda complementa que, na média, esse não é o “melhor uso da energia feminina”. “O mundo começou a desabar exatamente quando o movimento feminista começou a obrigar a mulher a fazer papel de homem”, escreve. Confira a resposta completa:

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Repercussão negativa

A resposta gerou uma repercussão negativa nas redes sociais e em grupos de Whatsapp, com executivas e executivos se posicionando de forma contrária às afirmações de Gomes.

Uma parte das publicações aponta para o fato de Tallis ser integrante do conselho de administração do Grupo Hope, cujo portfólio de marcas é voltado para mulheres. Ele também é fundador da startup Singu, de serviços de beleza e bem-estar a domicílio, que oferece serviços de manicure, cabeleireiro, massagens e outros – também marketado para o público feminino.

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Entre as publicações, está Luiza Trajano, CEO do grupo Magalu, que se posicionou em seu LinkedIn: “De uma coisa tenho certeza: nós, mulheres, podemos ser aquilo que queremos e optamos”. Vale dizer que a G4 Educação, uma das empresas de Tallis Gomes, já manteve uma parceria comercial com a Magalu.

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“É interessante (interessante = triste, decepcionante!) observar como algumas empresas permanecem atreladas a líderes que ainda insistem em adotar uma visão tão limitada e antiquada sobre o papel das mulheres no mercado. Não se trata apenas de um posicionamento individual equivocado, mas de uma escolha corporativa que traz consigo implicações muito mais profundas”, analisa Andréa Migliori, CEO da Workhub. 

“Quando uma empresa decide se alinhar a uma figura que minimiza a capacidade feminina, ela está, deliberadamente ou não, endossando um modelo de liderança que ignora as transformações sociais que moldam o mundo dos negócios hoje”, complementa.

As críticas não pararam por aí. Liliane Rocha, CEO da Gestão Kairós, consultoria em sustentabilidade e diversidade, escreveu em seu LinkedIn:  “A discriminação está naturalizada, em um perfil com mais de 800 mil seguidores, você entende o perigo dessa propagação de ideias machistas? Mulheres são somente 25% da liderança das grandes empresas nível gerente e acima e mulheres negras apenas 3%, segundo o estudo ‘Diversidade, representatividade e Percepção’”.

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Elisa Rosenthal, presidente do Instituto Mulheres no Imobiliário, complementa em outra publicação: “Gostaria de entender como a Forbes e o MIT Technology Review chancelam um executivo que se posiciona publicamente sobre o papel da mulher desta forma e que afirma que o ‘mundo começou a desabar exatamente quando o movimento feminista começou a obrigar a mulher a fazer papel de homem’”. Elisa faz referência ao fato de que Gomes faz parte da lista da Forbes Under 30 e do MIT Global Innovators, ambos indicados em seu perfil do Instagram.

“Mulheres, ao escolherem sua próxima Escola de Negócios, avaliem se querem beber dessa fonte. Eu passo longe”, finaliza.

Pedido de desculpas

Depois da repercussão, Tallis se pronunciou duas vezes. Na primeira, ele afirma que a posição que assumiu “nada tem a ver com meu juízo de valor sobre a capacidade ou não de uma mulher ser CEO de uma grande empresa.” Ainda afirma que houve uma má interpretação de suas falas, e faz um aceno à sua empresa, que terá um Ebitda (lucro) de R$ 100 milhões graças à sua CFO, uma mulher. A resposta completa:

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Mais tarde, Gomes se retratou novamente, reconhecendo o erro e pedindo desculpas. Ainda adicionou: “minhas palavras não refletem o que a G4 é como empresa”. Veja:

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Além das desculpas do executivo, a G4 também soltou nota em suas redes sociais. Escreve: “A G4 Educação não compactua com as palavras do CEO Tallis Gomes no Instagram ontem sobre as mulheres executivas. Essas palavras não representam o pensamento da G4 e muito menos a história da empresa. O próprio Tallis entendeu o seu erro e já pediu desculpas públicas. O G4 se orgulha de ter contribuído para a formação de centenas de mulheres executivas de sucesso. Continuaremos comprometidos com essa causa”.

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