Os melhores profissionais recursos humanos de 2011
Além dos 18 executivos premiados por setor, ganharam destaque o melhor RH Regional, o presidente parceiro do RH e o jovem profissional da área, com menos de 35 anos
São Paulo – A gestão de pessoas nunca esteve tão em alta. Tanto que a lista de indicados para o 3o Prêmio VOCÊ RH Profissional do Ano foi maior do que as anteriores. Em 2011, quase 250 nomes relevantes foram levantados pela redação da revista VOCÊ RH. A lista foi repassada a consultores, professores e headhunters*, e eles escolheram 30 profissionais que, na opinião deles, mais se sobressaíram nas práticas de gestão de pessoas.
Eles também puderam indicar cinco executivos que gostariam de ver na lista, além de sugerir presidentes parceiros do RH. Os votos foram consolidados pela equipe da revista, e os vencedores foram separados em 18 setores da economia. O prêmio de 2011 teve ainda categorias especiais: o RH Revelação do Ano (profissional com até 35 anos de idade), o Destaque Regional (aquele que, fora do eixo Rio-São Paulo, tem sido referência em gestão de pessoas) e o CEO Parceiro do RH (o presidente mais próximo da gestão de gente).
A premiação aconteceu na noite de 23 de novembro, no Hotel Unique, em São Paulo. Os convidados presentes escolheram, por meio de votação eletrônica, ao vivo, o Melhor RH do Ano, eleito entre os já premiados nos setores. Conheça a seguir os 18 vencedores e os destaques especiais.
Busque o que te faz feliz
Após ter sido eleito o melhor de sua categoria por dois anos, Marcelo Arantes leva o título de Profissional de RH do Ano
Profissional de RH do ano: Marcelo Arantes
Empresa: Braskem
Cargo: vice-presidente de pessoas e organização
Aos 12 anos, o mineiro Marcelo Arantes de Carvalho, de 43 anos, recebeu a primeira lição sobre recompensa na vida. Com os pais separados, ele teria de deixar a escola particular onde estudava, pois a mãe não tinha condições de pagar. Por ser um bom aluno, porém, Arantes ganhou uma bolsa integral de estudos. “Isso marcou minha vida, porque me senti valorizado como pessoa”, conta.
De origem humilde, Arantes carrega até hoje os ensinamentos dos pais e replica os valores na carreira, na educação dos três filhos e na gestão dos 7 466 funcionários da Braskem, empresa em que atua há um ano e oito meses. Do pai, ele aprendeu a cumprir prazos, dar o melhor de si e tratar todos da mesma forma. Da mãe, aprendeu que, fosse lá a profissão que escolhesse, o importante era ser feliz.
Ele escolheu, ainda adolescente e influenciado pelo programa Intervalo, da TV Cultura, ser executivo. Estudou administração de empresas e começou sua carreira em RH ainda estagiário, na Teksid, metalúrgica do grupo Fiat. Depois, passou pela Celite e pela Asea Brown Boveri (ABB). Lá, ele pôs em prática o ensinamento do pai: andava pela fábrica e falava com as pessoas até conhecer todos os 1 000 colaboradores pelo nome e pela função. Na década de 1990, a ABB escolheu profissionais considerados “sadiamente insatisfeitos” (aqueles que questionam tudo de forma saudável) para ajudar numa melhoria de seus processos. Arantes estava nesse grupo.
Aos 31 anos, casado, morando em São Paulo e trilhando uma carreira de sucesso na Unilever, ele passou por um momento de reflexão. Mesmo com tudo que estava conquistando, sentia-se infeliz. Foi quando lembrou a lição de sua mãe e decidiu pautar suas decisões profissionais com base em seus valores pessoais. Só assim, acredita, poderia ser feliz.
Logo depois de sua reflexão, recebeu o desafio de sua vida: formar uma operadora de telecomunicações do zero — a Intelig. Mudou-se para o Rio de Janeiro e, aos 33 anos, já ocupava a posição de diretor de recursos humanos. Sua missão era montar uma cultura baseada em pessoas. Os valores da Intelig, comprada em 2009 pela TIM, eram tão fortes que a companhia ficou três anos sem presidente — os sete diretores (entre eles Arantes) faziam a gestão compartilhada e lidavam diretamente com os acionistas.
Em 2005, Marcelo Arantes foi convidado para trabalhar na Reckitt Benckiser e, depois, na Fiat. Em maio de 2010, recebeu a proposta irrecusável da Braskem, segundo ele, “a última empresa onde espero trabalhar, até me aposentar”. O que o atraiu? O desafio de ser uma corporação brasileira em fase de internacionalização, com uma cultura simples, baseada na confiança entre líder e liderado. Tudo a ver com os seus valores.
Há quase dois anos no cargo, Arantes definiu cinco assuntos estratégicos para os próximos três anos, traduzidos em 38 ações. Entre elas, atração e formação de engenheiros, formação de líderes, reforço da cultura corporativa, melhoria do ambiente de trabalho, parceria com escolas técnicas e universidades, e fortalecimento da imagem da Braskem como um bom empregador.
Sua mãe faleceu há cinco anos, de infarto, mas o ensinamento ficou na frase que o mineiro, de Belo Horizonte, sempre repete: “Busque fazer na vida o que te faz feliz”. Ao receber o Prêmio Profissional RH do Ano, ele deixou claro que, em paz com seus valores, está fazendo, sim, o que o deixa feliz.
Eu dependo das pessoas
CEO Parceiro do RH: Sergio Chaia
Mineiro e administrador de empresas, Sérgio Borges Chaia começou a carreira como estagiário na Johnson & Johnson. Seguiu pela área de marketing, até que, em 2001, já como diretor-geral de uma unidade de negócio da Sodexho, acumulou a área de recursos humanos. “Quando você olha de fora, às vezes pensa ‘por que o RH não faz isso, não faz aquilo’. E, dentro, você entende a complexidade, as pressões, as limitações”, diz Chaia, de 46 anos, hoje presidente da Nextel, eleito o CEO Parceiro do RH pelo prêmio VOCÊ RH Profissional do Ano de 2011.
O que o marcou quando você acumulou a área de RH?
Sérgio Chaia – A quantidade de pessoas que me procuravam para contar suas angústias, frustrações e pedir conselhos de carreira. Eu tinha de fazer um papel de coach, e esse é um trabalho que não aparece no RH. Isso drena energia, porque você precisa se preparar de corpo e alma para a conversa. Por outro lado, você ajuda a empresa a potencializar o desempenho, já que apoia as pessoas na vida profissional e pessoal.
Quais são os desafios na gestão de pessoas para que os planos de negócios deem certo?
Sérgio Chaia – Um desafio é a comunicação e o alinhamento. Trouxemos 1 500 pessoas em 2011 — como ter certeza de que todos estão alinhados? Outro desafio é trazer os melhores. Em 2012, o RH precisa contratar 2 000 pessoas, e tem que provar que estamos trazendo os melhores, que vão ajudar a Nextel a ser mais nos próximos anos. É um desafio brutal para uma área com relevância brutal.
Como você ajuda o RH a cumprir seus desafios?
Sérgio Chaia – O executivo de RH não pode ser o gestor dos 7 000 funcionários da Nextel. São os líderes que tratam com seus colaboradores. E o presidente deve reconhecer perante toda a equipe as coisas boas que o RH faz para que a área tenha força. Numa empresa, se você não tem força, não consegue fazer as coisas.
O que você aprendeu sobre gestão de pessoas?
Sérgio Chaia – Que agradecer é uma excelente forma de cobrar. Agradecer pelo resultado desse e do próximo bimestre, inclusive para quem não cumpriu as metas, gera mais pressão do que cobrar, brigar, ou demitir. Quando você dá um murro na mesa, cria raiva e questionamento. Quando você agradece, gera comprometimento.