Dois dias depois do pacote de medidas para diminuir os preços dos combustíveis apresentado pelo governo, a Petrobras publicou, ontem à noite, uma nota em que deixa claro: o preço do diesel está em alta no mercado internacional e assim continuará.
Na avaliação da estatal, a situação é de escassez global na oferta da commodity, e, “como o país é estruturalmente deficitário em óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda total em 2021, poderá haver maior impacto nos preços e no suprimento”. Ou seja: o preço por aqui também vai aumentar, queira ou não.
Segundo a petroleira, a escassez no mercado internacional não é nova, mas pode piorar agora por três motivos: i) a demanda mundial costuma ser maior no segundo semestre; ii) as sanções à Rússia continuam e devem se agravar e; iii) refinarias nos Estados Unidos e no Caribe começam a enfrentar a temporada de furacões, que vai de junho a novembro e pode afetar seu funcionamento e, portanto, a oferta.
A Petro também cita que, no mercado interno, a demanda por diesel também tende a aumentar no segundo semestre porque o “consumo é historicamente mais alto devido às sazonalidades das atividades agrícola e industrial”.
O comunicado da Petrobras é divulgado no momento em que o governo e o Congresso se empenham em um plano para a redução dos preços dos combustíveis. Embora não cite isso explicitamente, a mensagem da nota é: atenção, esses esforços não terão o resultado esperado. Não dá para fazer chover diesel do céu. Sem oferta, o preço aumenta, apesar de qualquer estratégia que o governo busque.
O tom da nota ainda sinaliza que novos reajustes podem vir a qualquer momento.
Além disso, no texto, a estatal voltou a defender sua política de preços, algo que já fez várias vezes, mas dessa vez foi ainda mais incisiva: “a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado é condição necessária para que o país continue sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diversos agentes”. Ou seja: se mudar sua política, como vem sendo pressionada pelo governo, vai faltar.
Mais um capítulo que vai dar o que falar na novela dos combustíveis.
Enquanto isso, lá fora, o dia começa morno nos EUA e bolsas caem na Europa à espera da decisão do Banco Central Europeu, que deve sinalizar quando o aumento dos juros começará no bloco.
Boa quinta.
Futuros S&P 500: 0,55%
Futuros Nasdaq: 0,63%
Futuros Dow: 0,48%
*às 8h08
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,40%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,40%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,61%
Bolsa de Paris (CAC): -0,27%
*às 8h13
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,05%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,04%
Hong Kong (Hang Seng): -0,66%
Brent*: 0,10%, a US$ 123.70
Minério de ferro: -2,21%, cotado a US$ 141,85 por tonelada em Cingapura
*às 08h04
8h45 Banco Central Europeu divulga decisão monetária
9h IBGE divulga IPCA de maio
9h30 Christine Lagarde, presidente do BCE, faz coletiva de imprensa pós decisão monetária
9h30 Departamento do Trabalho dos EUA divulga número de novos pedidos de auxílio-desemprego no país
Planos de saúde
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) votou, nesta quarta-feira (8), para retirada da obrigação de operadoras de planos de saúde de custear procedimentos não incluídos na lista de cobertura estabelecida pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
O tribunal entendeu que a lista é taxativa, ou seja, definitiva, sem possibilidade de interpretações, revertendo o entendimento que predominava anteriormente e se alinhando à posição defendida pelas empresas que atuam no setor. Apenas três votos defenderam a posição de que a lista é exemplificativa, ou seja, que contém apenas outros exemplos básicos e outros procedimentos fora dela também devem ser pagos pelos planos, dependendo das necessidades específicas de cada paciente.
A decisão afeta milhões de usuários de planos de saúde. Mas não deve parar por aí. A palavra final provavelmente será do STF, que já analisa uma ação sobre o tema.
Violência na Amazônia
O Vale do Javari, local onde o jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira desapareceram no domingo, é palco de crescentes invasões por quadrilhas de caçadores e pescadores. Entenda o tamanho do problema nesta reportagem da BBC Brasil.