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Déjà vu em NY: futuros vão mal após três dias de bolsa no vermelho

E mais um plano mirabolante contra o petróleo de Putin: impôr um valor máximo de US$ 40 a US$ 60 no preço do barril russo – o que pode ser um tiro no pé para o Ocidente.

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
1 set 2022, 08h16

O trio calafrio S&P 500, Dow Jones e Nasdaq fechou agosto com quedas na vizinhança dos 4%, e os futuros deste primeiro dia de setembro não amanhecem promissores: os três índices começam o mês apontando para baixo, com -0,71%, -0,60% e -1,02% às 8h00 da manhã. Nota: todos os pregões da semana, até agora, fecharam no vermelho na Big Apple. O medo do Fed se tornou crônico – se você colocar um outdoor em Wall Street com a frase “outra alta de 0,75 pp na taxa básica de juros em 21 setembro”, a rua chora baixinho.

O próximo evento com potencial para mudar o cenário está programado para esta sexta (2) – é a divulgação do Payroll, principal relatório do mercado de trabalho americano. Caso as altas consecutivas nos juros já tenham machucado a economia do Tio Sam e aumentado a taxa de desemprego, há alguma chance (ainda que remota) de que o Fed volte atrás nos planos de 0,75 pp e tope só 0,5 pp, para não dar gás excessivo a uma recessão. 

O “problema” (na verdade, é uma notícia boa) é que, até agora, o peixinho da economia não parece sufocado pelos juros no aquário: os últimos payrolls vieram extremamente positivos; o desemprego nos EUA ficou em apenas 3,5% em julho. Chancela para o Fed pesar a mão sem medo de ser feliz. 

Vale o lembrete de sempre: em 2004, uma inflação em “meros” 3,5% ao ano foi suficiente para colocar a Selic deles nos mesmíssimos 2,5% de hoje. O cenário poderia estar bem pior para o mercado, e Powell fez questão de lembrar disso no discurso de sexta passada. 

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Na arena do petróleo, o Ocidente permanece atrás de um plano mirabolante de Pink e Cérebro para sufocar a economia russa sem dar um tiro no próprio pé: a ideia da vez é impor um valor máximo para compra do barril russo, algo entre US$ 40 e US$ 60  – o que, na opinião de um diretor do Instituto para Análise da Segurança Global, é “uma ideia ridícula”: além de China e Índia não estarem dispostos a cooperar (e eles têm as maiores populações do mundo, ávidas por absorver a demanda), a Rússia pode dar o troco cortando a produção de propósito para forçar uma alta no preço. Alguns analistas falam em US$ 140. 

Em uma nota paralela, Ravil Maganov, presidente da empresa russa Lukoil – uma empresa privada de capital aberto que é a segunda maior responsável pelo output russo –, se jogou da janela do hospital em que estava internado após um ataque cardíaco. Ele se posicionou publicamente contra a Guerra da Ucrânia mais de uma vez desde fevereiro. 

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Por ora, o Brent vai registrando seu terceiro dia consecutivo de queda ( -2,42%, a US$ 93,22 às 7h54 da manhã) com medo das altas nos juros no Ocidente e os lockdowns na China. Vai começar um novo nesta quinta na cidade de Chengdu, centro de um pólo urbano com 21 milhões de habitantes – o equivalente a toda a Região Metropolitana de São Paulo.

Em meio às chuvas e trovoadas, o Ibovespa se recupera: cresceu 6,16% em agosto, contra uma queda de 3,97% no S&P 500. Magalu e Via, que estavam sofrendo bullying acionário, subiram respectivamente 65% e 34% no mês passado, e protagonizaram o ranking de altas dos últimos 30 dias. A ver se setembro será tão bondoso com o investidor brasileiro – ou se tem limite para “operar descolado” das bolsas americanas. 

Bons negócios! 

 

 

Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: – 0,71%

Futuros Nasdaq: – 1,02%

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Futuros Dow: -0,60%

*às 8h00

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): – 1,36%

Bolsa de Londres (FTSE 100): – 1,45%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): – 1,29%

Bolsa de Paris (CAC): – 1,38%

*às 7h53

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): – 0,86%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,53%

Hong Kong (Hang Seng): – 1,79%

Commodities

Brent: – 2,42%, a US$ 93,22

Minério de ferro: -4,71%, a US$ 96,40 a tonelada na bolsa de Cingapura

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*às 7h54

market facts

Investimento chinês

O Brasil foi o país que mais recebeu investimentos da China em 2021. Eles injetaram US$ 5,9 bilhões em projetos brasileiros no ano passado – um aumento de 208% em relação a 2020, que registrou valores fracos por causa da pandemia. Do total investido, 85% (US$ 5,021 bi) foram para infraestrutura de petróleo e gás. As informações são de um estudo divulgado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). 

Derrocada do Snap

A Snap Inc., empresa que controla a rede social Snapchat, anunciou que vai demitir cerca de 20% de seu quadro de funcionários. O CEO da empresa, Mr. Spiegel, culpou as condições macroeconômicas desafiadoras. No mês passado, a empresa divulgou resultados de crescimento que desanimaram o mercado. Há um ano, eles valiam US$ 130 bilhões – agora, estão avaliados em menos de US $ 20 bilhões. Segundo a companhia, os cortes de pessoal vão economizar cerca de US$ 500 milhões em custos anuais.

Vale a pena ler:

Metaverso não convence

Em 2021, a Meta reportou uma perda de US$ 10 bilhões com o Reality Labs, braço de realidade virtual e realidade aumentada na companhia. Enquanto tenta vender o metaverso como futuro incontestável da humanidade, Zuckerberg chama essas perdas de “receita de investimento”. Mas, na prática, a guinada da companhia para a realidade virtual tem sido um fracasso. Apresentando protótipos do metaverso que mais parecem capturas de tela do The Sims, Zuckerberg não está conseguindo convencer muita gente de que o futuro é promissor. A Bloomberg fala sobre isso aqui

Agenda climática

Lá fora, a crise de energia está fazendo a Europa e os Estados Unidos reverem suas matrizes energéticas e pensarem em fontes mais sustentáveis. Joe Biden conseguiu, finalmente, aprovar seu tão sonhado pacote climático, que injetará pelo menos US$ 430 bilhões em tecnologias de baixo carbono. Aqui, o Valor explica como o cenário geopolítico reforça a pressão para que o Brasil se torne um líder em sustentabilidade (e pare de atear fogo à Amazônia). 

Agenda

Brasil, 9h: IBGE anuncia PIB do 2º trimestre

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