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Use o dólar a seu favor

A valorização da moeda americana pode ajudar a incrementar o faturamento da sua empresa

Por Por Danylo Martins
Atualizado em 17 dez 2019, 15h21 - Publicado em 7 jun 2016, 11h12

Desde o ano passado, quando ultrapassou o patamar de 4 reais, o aumento do dólar atrapalha os planos dos brasileiros de viajar ao exterior. Negativa para a pessoa física, a escalada da moeda americana pode fazer toda a diferença para o empreendedor que quer expandir a atuação para outros países. 

O cenário favorece não apenas as grandes companhias brasileiras exportadoras, que já têm parte do faturamento em dólar, mas traz oportunidades aos pequenos negócios. “É uma maneira de diversificar a receita, reduzir riscos e tornar a empresa mais sustentável no longo prazo”, diz Gustavo Marques, gerente da unidade de acesso a mercados e serviços financeiros do Sebrae, de São Paulo. 

Diante desse contexto, mais empresas de pequeno porte estão incluindo a exportação em sua estratégia. O número de pequenos empreendedores que fazem negócios com outros países cresceu 2,7% entre 2013 e 2014, segundo o mais recente estudo desenvolvido pelo Sebrae em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Para ter uma ideia, em 2014, as micro e pequenas empresas representaram 59,4% das companhias exportadoras do país. 

A paraense 100% Amazônia, que desenvolve e exporta ingredientes feitos com produtos florestais não madeireiros, é uma delas. O foco em comercializar para outros países faz parte do negócio desde o começo, em 2009. “Uma estratégia que tem se provado vencedora é contar com uma exposição muito grande na internet”, diz a economista Fernanda Stefani, uma das sócias, que trabalhou durante anos na área de comércio exterior. Além do site em inglês, a empresa usa a plataforma do Alibaba.com, site de e-commerce global. “Funciona como um cartão de visitas para atrair clientes e é uma forma de entender as tendências de mercado internacional; sabemos, por exemplo, se determinado país está comprando mais algum produto específico”, afirma Fernanda. No ano passado, a alta do dólar impulsionou os negócios e, hoje, a companhia exporta para 41 países – há dois anos, eram 30. “Mas é preciso traçar uma política consistente que independa da cotação”, diz Fernanda. 

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A Nativa Gems, que produz e exporta joias, pedras e minerais brasileiros, também tem uma estratégia para lidar com a volatilidade do dólar. “No planejamento, trabalhamos com dólar ultraconservador, com mínimo de proteção para não cair na euforia dos 4 reais”, diz o diretor-geral e fundador da empresa, Richard Katz. 

Com três escritórios em Porto Alegre, um depósito na cidade e outro no interior do Rio Grande do Sul, a Nativa Gems é focada totalmente em comércio exterior e exporta para mais de 50 países – principalmente joias feitas com pedras nacionais. “Produtos de decoração em pedras são bastante comercializados para redes varejistas dos Estados Unidos”, afirma Richard. 

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De uma receita de 30 000 reais em 2009, primeiro ano de operação, para um faturamento esperado de 10 milhões de reais neste ano, a empresa faz as exportações sem intermediários. Se no começo Richard trabalhava sozinho, de sua casa, hoje tem uma equipe com profissionais formados em administração e comércio exterior e o empresário amplia sua visibilidade lá fora. “Participamos, anualmente, de duas feiras dedicadas ao mercado de joias, pedras e minerais nos Estados Unidos”, afirma. 

Caminho das pedras

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Para dar os primeiros passos na internacionalização, uma boa estratégia é procurar uma empresa comercial-exportadora. “Como boa parte delas é focada em determinados setores da economia, vale a pena para fincar a bandeira”, diz Gustavo, do Sebrae-SP. Após entender como funciona o processo, é possível testar o modelo direto de exportação. Nesse caso, o esforço é mais longo no percurso e inclui uma série de tarefas. 

Uma das mais importantes é conhecer os países para os quais você quer exportar – e não basta fazer pesquisa na internet. “Viaje para alguns locais, conheça os estabelecimentos e tente lá mesmo colher a opinião de consumidores e atendentes sobre os produtos de referência do seu segmento”, diz Marcos Silvestre, economista e especialista em finanças pessoais e empreendedorismo, de São Paulo. 

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Outra etapa fundamental é adequar o que você vende aos diferentes mercados. “Busque maneiras de adaptar ou customizar os seus produtos, incluindo embalagem, rótulos e promoções, em linha com exigências regulatórias, gostos dos consumidores e preferências culturais”, diz Alex Tsai, diretor de marketing para a América Latina do Alibaba.com. 

Faz parte desse processo elaborar um método de precificação que leve em conta os custos de exportação, as mudanças feitas nos produtos e o câmbio. “Realize também uma projeção de como a inflação tende a impactar o preço dos seus insumos nos próximos 12 meses”, afirma Marcos. Feito isso, é hora de alçar voos maiores. 

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 213 da revista Você S/A e pode conter informações desatualizadas

Você S/A | Edição 213 | Abril de 2016 

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