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Transformação do Brasil depende de todos

Para mudar a situação do país, é preciso que cada um faça sua parte de maneira ética e com o pensamento no futuro

Por Luiz Carlos Cabrera
Atualizado em 23 dez 2019, 16h28 - Publicado em 21 ago 2017, 17h00

“A messe é grande e os operários são poucos”, diz o versículo bíblico. E esse é o retrato da construção cívica e moral que vivemos no Brasil.

Por aqui, além de trabalhadores, faltam cidadãos engajados e prontos a fazer sua parte e dar o exemplo de respeito à lei e à ordem no cotidiano. Confesso que tenho dificuldade de entender por que um povo tão gentil e honrado, como o nosso, demora tanto para reagir, defender seus direitos e os próprios pontos de vista.

Uma das explicações para isso eu ouvi do sociólogo colombiano Bernardo Toro em uma palestra promovida pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Ele comparou a formação da cidadania dos povos da América do Sul, colonizados por portugueses e espanhóis, com a criação da cidadania americana, a partir a chegada dos peregrinos no Mayflower.

O raciocínio era o seguinte: os americanos tiveram de construir eles próprios suas leis, seus protocolos de ação e seus hábitos — tudo coletivamente, sem ajuda externa. Eles criaram seus valores por meio dos exemplos de vida, e sua moral, por meio do esforço comunitário.

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Os povos sul-americanos, ao contrário, receberam a cidadania diretamente das caravelas dos colonizadores, que simplesmente a adaptaram às condições climáticas do novo continente. Desse modo, a cidadania foi construída sem a participação da população, que não pôde lutar nem discutir publicamente. O que aconteceu? O autoritarismo do colonizador prevaleceu.

“Quando há momentos difíceis, esperamos que apareça uma caravela com a solução mágica. Mas não há caravela”

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E parece que continua prevalecendo, pois, quando enfrentamos momentos difíceis, como o atual, ficamos de olho no horizonte esperando que apareça uma caravela com uma solução mágica. Mas a verdade é que não haverá nenhuma caravela. Nós é que precisamos enfrentar o mar revolto e trabalhar na construção do país.

Cada um deve exercer o próprio papel, não importa o tamanho da contribuição. O que vale é que os atos sejam executados com autenticidade, paixão e olhando para o futuro — na expectativa que os outros sigam nossos exemplos. Nada de perder a esperança. Podemos construir um novo Brasil, cercado pela ética e pela integridade. Basta que cada um faça sua parte dentro do coletivo.

A messe é grande, sim. Precisamos de mais trabalhadores. Você já foi escolhido. Agora, é só ter coragem para lutar.

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