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“Ser criativo é importante em qualquer área”, diz o CEO do Cirque du Soleil

Daniel Lamarre, o canadense que está há 15 anos liderando o Cirque du Soleil, fala sobre sua carreira e como é trabalhar no mais famoso circo do mundo

Por Por Mariana Amaro
Atualizado em 17 dez 2019, 15h26 - Publicado em 10 nov 2015, 14h00

SÃO PAULO – “Você tem que ser criativo o suficiente e ousado o suficiente para dizer para os Beatles que não preparou nada para a reunião com eles e que só está lá porque juntos vocês são uma força criativa”, diz Daniel Lamarre, presidente do Cirque du Soleil há 15 anos, durante uma apresentação no HSM Expomanagement, hoje (10), em São Paulo. Da reunião com o George, Paul, Ringo e Yoko Ono, foi dado o passo inicial para fazer um dos espetáculos de maior sucesso da companhia circense, o The Beatles Love. 

Antes de ser convidado pelo fundador da companhia, Guy Laliberté, para assumir a liderança da empresa, Daniel trabalhou como jornalista e relações-públicas e fez carreira na TVA, o maior canal de televisão privada de Quebec, no Canadá. Lá, ele alcançou a presidência, onde ficou até 2001, quando aceitou o convite de Guy para  liderar cerca de 5 000 funcionários  da companhia circense, 2 000 dos quais, artistas. O próprio Guy começou a carreira no circo, como engolidor de fogo. “Quando contei para o meu filho o que o meu novo chefe fazia, ele me olhou com pena e disse: boa sorte, papai”, afirma. 

Hoje, Daniel tem uma equipe de 50 pessoas que viajam pelo mundo em busca de artistas e ideias. “Nenhum bom líder pode achar que a empresa está ótima e não precisa de mais nada” diz. 

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Em busca do cake boss brasileiro

O faturamento da companhia fica em torno de 850 milhões de dólares e boa parte do orçamento é destinada à pesquisa e desenvolvimento feito em um laboratório interno ou em parcerias com empresas e mais de 20 universidades. “Chegamos em uma sala com estudantes de engenharia e desafiamos: ‘estão vendo essa cadeira? Se alguém conseguir fazer ela voar, nós a compraremos”, conta Daniel. 

Presente em mais de 20 cidades pelo mundo e com artistas de mais de 40 países, inclusive do Brasil, Daniel contou que um dos seus maiores medos, quando entrou na companhia, era ser um chefe chato e antiquado em uma empresa tão criativa. A solução foi contratar um palhaço para ser seu assistente pessoal. “Ela interfere quando as reuniões estão muito chatas e serve como um chacoalhão diário para me relembrar que o meu negócio é a diversão”, diz. 

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Em seu negócio, a criatividade é a habilidade mais trabalhada entre os funcionários. Ele estimula isso com um ambiente de trabalho “diferente e eclético”, em suas palavras. “Nossa cafeteria não é só um lugar para comer, mas também para conversar, ter ideias, ouvir”, diz. Lá, não é incomum que os funcionários de áreas como finanças, jurídica e até de imigração saiam de suas mesas no meio do expediente para assistir a um dos ensaios dos próximos espetáculos ou passear no ateliê de fantasias, onde são confeccionados cada sapato e chapéu usados nos espetáculos. 

Sob sua gestão, foi criado o Eureka, um programa para ouvir todas as ideias dos funcionários. Eles as apresentam e recebem uma resposta do próprio presidente sobre cada uma delas. “Tenho a convicção de que esse é o melhor jeito de manter os funcionário engajados, especialmente os da nova geração, que querem ter voz dentro da companhia em que trabalham”, diz. 

Uma das maiores preocupações de Daniel na gestão da empresa é justamente a de conversar com os jovens e desenvolvê-los. “Temos um programa forte de sucessão na companhia e hoje, sei com muita segurança, que se for atropelado por um ônibus e não puder mais trabalhar amanhã, há cinco profissionais que poderiam tomar meu lugar na companhia”, diz. E completa: “mas não é tão fácil assim explicar para um acrobata de 20 anos que que ele não pode parar de estudar porque não vai conseguir trabalhar como acrobata para o resto da vida”, afirma. “Quero que eles tenham um plano de carreira”, diz. 

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Estimular a criatividade e inovação dos funcionários, na opinião de Daniel, não pode ser preocupação apenas de uma empresa de entretenimento. “Quem não se preocupa em inovar, morre”, sentencia. O mesmo vale para cada profissional e de todas as profissões. “Se você for o advogado mais criativo, você será o melhor advogado. Se for o engenheiro mais criativo, será o melhor engenheiro. E se você for bancário mais criativo, talvez seja…um novo artista no Cirque du Soleil”, diz. A empresa, aliás, está contratando. Para se inscrever em uma das vagas, basta acessar o link .  

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