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Questione as verdades absolutas

Apoiar-se cegamente em algumas crenças pode ser mais prejudicial do que pensamos

Por Patricia Cotton*
Atualizado em 17 dez 2019, 15h21 - Publicado em 14 jun 2016, 08h49

“Quais são suas vacas sagradas?”. Essa é uma das perguntas que costumo fazer em workshops e processos de mentoring que aplico em diferentes negócios. O que ela significa? Simples. É uma analogia com o fato de as vacas serem consideradas sagradas na Índia sem que ninguém questione essa verdade, realidade que infelizmente também se aplica ao ambiente corporativo. Quantas vezes vemos líderes apegados a “verdades absolutas”, ignorando que os tempos mudaram – e métodos, estratégias e objetivos ficaram obsoletos?

Apoiar-se cegamente em algumas crenças pode ser mais prejudicial do que pensamos, já que muitas vezes o status quo costuma ser mais perigoso do que o desconhecido. O caso Kodak que o diga! A empresa, então líder de mercado, inventou a câmera fotográfica digital e não quis investir em algo novo na época para não prejudicar seu negócio tradicional. Resultado: a Kodak entrou numa rota decadente que levou ao seu pedido de concordata algum tempo depois.

Por isso, no processo de mentoring, procuro provocar e instigar uma linha de pensamento que questione tais verdades absolutas e traga novas possibilidades de atuação. O interessante é observar que muitas vezes, quando questionados sobre essas crenças, os próprios donos das “vacas sagradas” passam a entender que aquela verdade talvez não seja tão inabalável assim.

Um exemplo concreto de questionamento de crenças limitantes e inversão do fluxo de pensamento foi o recente encontro que tive com dez CEOs que reclamavam da falta de tempo para a vida pessoal. Depois de um longo debate – e com apoio da ferramenta ReFrame, da escola de liderança criativa THNK -, esses líderes chegaram à libertadora conclusão de que diferentemente do que pensavam, poderiam perfeitamente ter mais tempo para a vida pessoal, desde que conseguissem delegar mais, planejar e conduzir o crescimento do negócio de forma menos acelerada, entre outras coisas. Em suma, pensar diferente não nos leva necessariamente a agir de forma diferente, mas sem dúvida é um ponto de partida para a expansão da criatividade e maior consciência nas escolhas.

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Outro ponto importante no processo de mentoring é a prática de exercícios. Quantos são os projetos que colocamos no papel e quantas são as resoluções de Ano Novo que depois não acontecem na realidade? Pois é, no mentoring é preciso disciplina e dedicação para realizar exercícios que possam, de fato, testar ideias na prática e, a partir disso, aferir se são factíveis. Embora o processo de transformação pessoal e organizacional seja longo e não linear, pequenos testes e experimentos podem aproximar indivíduos e negócios de um caminho de mudança mais equilibrado, autêntico e, portanto, sustentável.

Em situações de crise, vale observar que é ainda mais comum o apego às “vacas sagradas”, o que causa estagnação em vez de resiliência. Neste sentido, pensar de ponta cabeça e sair do ângulo usual pode ser extremamente produtivo e libertador. Ja Ma, CEO da Alibaba, estimulou isso recentemente, ao pedir que todo o seu top management ficasse literalmente de cabeça para baixo em uma reunião, para que pudessem (desculpe o clichê) sair da zona de conforto e vislumbrar novas possibilidades, abrindo caminho para a inovação.

Quando estiver muito convencido das suas verdades, suba na mesa, mude de lugar, sente em outro ponto, literalmente ou não. E note como pequenas ações podem indicar caminhos que farão toda a diferença no processo de transformação criativa pessoal e/ou organizacional.

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* Patricia Cotton é expert em transformação de negócios, inovação e liderança criativa. Fundou a Upside Down Thinking, que ajuda pessoas e organizações a transformarem ideias novas e conhecimento intuitivo em realidade por meio de processos inusitados e inversão do fluxo de pensamento.

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