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Presidente do Graacc quer focar em trabalho voluntário

O desafio de Sergio Amoroso é arrecadar mais de 60 milhões de reais em doações para tratar o câncer de crianças

Por Por Elisa Tozzi
Atualizado em 17 dez 2019, 15h20 - Publicado em 8 jul 2016, 11h00

Especializado no combate do câncer infantil desde 1991, o Graacc atende uma média de 3 000 crianças e tem um alto índice de sucesso no tratamento da doença: 70% dos casos são curados, percentual muito acima da média brasileira, que é de 48%. Para manter esse alto nível, o hospital precisa arrecadar mais de 60 milhões de reais em doações em 2016 – tarefa difícil em tempos de crise. 

À frente do desafio está Sergio Amoroso, de 61 anos, presidente do Graacc desde 1990 e que, por exercer o cargo voluntariamente, não recebe salário. Paulista de Birigui, Sergio divide o trabalho no hospital com a presidência do Grupo Jari, fundado por ele em 1981, que atua no segmento de madeira, celulose e minérios. “Conheci o Graacc há 25 anos. Desde então, evoluímos de uma casinha com crianças fazendo quimioterapia em pé para um hospital de referência”, diz. 

O Graacc depende de doações. Como é enfrentar essa realidade em um momento de crise? 

Nós lidamos com isso com muito cuidado e um pouco de apreensão. Aprovamos um orçamento de 96 milhões de reais em 2016 – um valor que vem crescendo a cada ano nos últimos dez anos. Nessa conta entram os salários da equipe médica e os remédios, por exemplo. Desse total, entre 28 e 30 milhões vêm de convênios e de repasse de verbas do SUS. O restante tem que ser arrecadado por meio de doações, principalmente de pessoas físicas, que são os nossos grandes doadores. Conseguir esse dinheiro não é simples, mas temos 250 000 doadores, um time de captação competente e estamos conseguindo completar o orçamento.

 

Não pensaram em reduzir custos? 

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Sim, fizemos uma avaliação no final de 2015 para ver onde poderíamos cortar e adotamos alguns ajustes. Mas ficamos limitados porque tratamos de vidas e não podemos reduzir o orçamento por causa da desaceleração econômica. A crise é cíclica e passa, mas a doença continua aí. O nosso desafio é que temos custos fixos altos e o caixa mensal costuma ser suficiente apenas para aquele mês específico. Mesmo assim, estamos enfrentando bem a crise, pois o Graacc é consolidado e respeitado.

A instituição é uma referência em inovação médica. Como conseguem manter o alto nível?  

Desde a fundação, o Graacc está ligado à Escola Paulista de Medicina, da Unifesp. Isso faz com que a instituição tenha médicos capacitados e conectados a inovações. Então há uma tradição de buscar o que há de mais moderno em termos de tratamento de câncer infantil. Em 2015, por exemplo, instalamos o primeiro centro de tratamento de câncer cerebral da América Latina com equipamentos que conseguem remover o tumor cerebral sem causar danos e que aumentam as chances de cura. Foi um investimento de 10 milhões de reais possível graças à doação de um parceiro internacional. Encontrar os melhores tratamentos é parte do nosso dia a dia. Em 2001, por exemplo, não tínhamos um tratamento moderno para o câncer de olho. As crianças com o problema ou ficavam cegas ou recebiam prótese de vidro. Mas, há sete anos, trouxemos do Japão uma tecnologia que permite o tratamento sem a remoção ocular, algo muito eficiente. Tanto que, no ano passado, o índice de cura para esse problema chegou a 93%. 

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Qual é o perfil dos voluntários e funcionários do GRAACC? 

Os voluntários são entusiastas da causa, eles têm muita vontade de ajudar e de trabalhar por um mundo melhor. Os funcionários, além desse entusiasmo, precisam ser muito éticos – em todos os sentidos. Ninguém pode se dar ao luxo de cometer algum erro e manchar a imagem da instituição. Por isso, há uma forte preocupação com a transparência e divulgamos relatórios de prestação de contas constantemente. 

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 215 da revista Você S/A com o título “Trabalho voluntário”

Você S/A | Edição 215 | Junho de 2016 

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