Mulheres no mercado de trabalho: pequenas mudanças, grandes avanços
Aline Santos, VP sênior global da Unilever, conta como, aos poucos as barreiras para a ascensão das mulheres estão sendo quebradas
SÃO PAULO – Quando foi convidada para integrar o conselho da Unilever no Brasil em 1999, Aline Santos, de 47 anos, hoje vice-presidente sênior global da empresa, notou que faltava um item indispensável no andar ocupado pelo board: um banheiro feminino. “Quando o banheiro foi inaugurado, puseram meu nome na placa, já que eu era a única mulher”, lembra. Desde então, a executiva trabalha para aumentar o número de mulheres nos postos de liderança e coordena projetos em prol da diversidade.
O que a Unilever tem feito para promover a igualdade de gêneros nos postos de comando?
Criamos um fórum global de compartilhamento de ideias e experiências para as funcionárias. Também temos um programa de coaching especial para mulheres identificadas como potenciais líderes. Esse tipo de ajuda foi um divisor de águas na minha carreira, por exemplo.
Quais as barreiras para a ascensão das mulheres?
Eu apontaria o preconceito. Eu sofri com isso quando comecei a trabalhar na área de vendas. Recebi apelido do chefe, que me mandava voltar para o marketing, porque dizia que eu não iria conseguir. Cheguei até mesmo a usar perfume masculino em reuniões e a usar roupas grandes, masculinas, para mimetizar aquele mundo.
Como mudar esse quadro?
Mudando padrões antiquados, como trabalhar 15 horas sem poder sair um dia mais cedo para jantar com os filhos. Essas situações tornam alguns cargos inviáveis para as mulheres. A atenção às necessidades femininas é um bom começo.