Buscapé passa por mudanças na gestão
Sandoval Martins, que completou em março um ano na presidência do Buscapé, lidera um momento de transformação da companhia
Quando assumiu a presidência do Buscapé em março do ano passado, Sandoval Martins tinha o desafio de transformá-lo numa empresa mais estruturada e pronta para encarar as mudanças do mercado de varejo online. O plano, que ganhou o apelido de Fênix, melhorou as margens da empresa em três meses e abriu caminho para que a antiga startup, que está completando 18 anos, se reinventasse com velocidade. Agora o objetivo é fazer com que os clientes usem o Buscapé no dia a dia — e não apenas na compra de um bem mais caro, como eletroeletrônicos e eletrodomésticos. “O cartão de crédito do consumidor tem de estar dentro do Buscapé. Meu sonho é que ele use a plataforma para comprar desde celular até gasolina para o carro”, diz Sandoval.
Como você assumiu o cargo de CEO do Buscapé?
Eu me tornei CEO às 4 horas da manhã, depois de ter conversado com meu chefe, da Napster [grupo de mídia sul-africano que comprou o Buscapé em 2009], que estava em Singapura. De 2013 a 2015, fui CFO global da companhia e sempre deixei claro que queria me tornar presidente em algum momento. Quando a oportunidade surgiu, corri atrás. Foi tudo muito rápido. Expliquei qual seria minha visão para o Buscapé e por que eu seria a escolha certa. Na minha apresentação, o primeiro slide estava em branco. Queria mostrar que era hora de esquecer todos os paradigmas do passado e começar um novo caminho. A empresa tentou algumas coisas antes e não deu certo — porque o timing estava errado. Agora estamos mais maduros e com o time certo. Quando assumi, deixei claro que não iria ser um executivo de transição, mas de transformação.
Quais são os planos para isso?
Uma vez, ouvi que o Buscapé era uma empresa morna para pessoas irrelevantes. Doeu. A companhia nunca foi assim, e minha meta era mudar essa percepção. Pela quantidade de gente que me procura para fazer negócios e para perguntar sobre vagas, sei que essa ideia mudou. Somos, hoje, uma empresa de tecnologia, mídia, varejo e dados. No dia 31 de março, anunciamos nossa plataforma de market place, um pequeno passo para chegar à nova empresa que imaginamos. Queremos que as vendas tenham conteúdo — assim, o Buscapé será mais do que um comparador de preços. Estamos fechando parcerias com grandes empresas do e-commerce, e minha ambição é que a plataforma permeie todas as compras do consumidor — você pode dizer que nem a Amazon conseguiu isso, o que é verdade, mas não dá para sonhar pequeno.
A companhia já sente os reflexos dessas mudanças?
Quando estiver tudo organizado, seremos quatro vezes maior do que somos. Neste ano, em comparação com 2016, crescemos entre 15% e 20%. Para o ano que vem, a meta é crescer o dobro do mercado de e-commerce, que está com previsão de 12%. Não estou interessado só em receita. Crescimento é mais importante do que cortar custos, por isso investimos tanto em tecnologia.
Os funcionários estão engajados com as novidades?
Eles percebem que estamos em ascensão e querem fazer parte disso. Desde que assumi, houve 68 movimentações por mérito e 40 promoções — três delas para vice-presidência. E ainda deveremos contratar de 30 a 50 pessoas até o fim do ano. Um executivo me perguntou como a gente consegue fazer com que os funcionários entreguem resultados se temos tantas distrações, como mesas de jogos, videogame e até espaço para uma banda. O segredo são as metas e o reconhecimento — seja financeiro (como os bônus) ou não (como a festa que fazemos quando alguém implanta uma sugestão relevante). Você tem de confiar no funcionário e fazer a coisa de modo verdadeiro.