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Acerte no lance

Abrevie a espera por seu imóvel ou carro calculando o valor mais adequado de oferta pela carta de crédito

Por Por Bárbara Nor
Atualizado em 17 dez 2019, 15h17 - Publicado em 22 fev 2017, 09h00

Considerado uma das principais alternativas aos financiamentos – que nos últimos meses espantaram os consumidores por causa dos juros altos -, o consórcio vem tendo um desempenho acima da média em plena desaceleração da economia. “Em números absolutos, de janeiro a setembro deste ano, vendemos quase 25% mais cotas em relação a 2015”, afirma Rafael Boldo, gerente da Porto Seguro Consórcio. 

Segundo dados da Associação Brasileira dos Administradores de Consórcio (Abac), nos meses de agosto e setembro de 2016, o sistema alcançou os recordes de 221 000 e 186 000 novas adesões, respectivamente (veja gráfico). E o segmento deve continuar favorável nos próximos meses. “Para 2017, estimamos mais 20% de crescimento, porque os juros devem se manter altos”, diz Rogério Pereira, diretor comercial do Consórcio Embracon, administradora de consórcios em Santana de Parnaíba (SP).

O administrador de empresas Marcio Tadeu Gonçalves, de 39 anos, de São Caetano do Sul (SP), que recentemente trocou de carro e de casa recorrendo ao consórcio, é um dos que ajudaram a engrossar essa estatística. “Eu não queria comprar à vista porque prefiro ir aplicando o dinheiro a pagar tudo de uma vez”, diz. Mas, com os juros de financiamento muito altos, Marcio acabou optando pelo consórcio. “Eu tinha bastante preconceito com essa modalidade”, diz. “Mas, conversando com o vendedor, mudei de ideia.”

Mais rápido

Embora atraia o consumidor com a promessa de cobrar parcelas fixas – não corrigidas por juros -, a principal desvantagem dos consórcios é a espera até poder desfrutar o bem adquirido. A modalidade funciona como um financiamento coletivo de longo prazo, em que todos os participantes depositam mensalmente parte do dinheiro para garantir que cada um possa ter o bem desejado. 

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A cada mês, entretanto, apenas alguns cotistas são contemplados, por meio de um sorteio. A espera para receber a carta de crédito – que permite adquirir o bem – pode chegar a dez anos, de acordo com o valor do produto (quanto mais alto, maior o prazo) e o tempo de duração do grupo. Mas há alternativas para ser contemplado mais cedo sem depender dos sorteios: os lances. O desafio, entretanto, consiste em acertar o valor da proposta vencedora, porque só leva quem faz a maior oferta. É o chamado lance livre.

Algumas estratégias podem ajudar a fazer a oferta mais adequada. “Antes de entrar no consórcio, escolhi um grupo apropriado para o valor que eu estava disposto a dar de lance”, diz Marcio, que usou o dinheiro que daria de entrada no financiamento para fazer o lance. 

Funcionou: no mesmo mês em que aderiu ao consórcio, o administrador de empresas foi contemplado. Ele gostou tanto da experiência que resolveu trocar de apartamento da mesma forma. Nesse caso, como tinha menos pressa para ter a carta de crédito, ele optou pelo lance fixo, outro tipo de lance. Nesse formato, o consorciado informa se deseja, em determinado mês, tentar levar a carta de crédito oferecendo um valor correspondente a 20% ou 30% do saldo devedor da carta de crédito. 

Esse percentual é pré-definido pela administradora do consórcio. Se mais de uma pessoa der o lance, prevalecerá o cliente cuja numeração de cota for mais próxima da contemplada no sorteio normal do período. “Escolhi o fixo porque o valor era menor do que a média do lance livre”, diz Marcio. Deu certo: três meses depois de aderir ao consórcio, o administrador foi contemplado no lance fixo, em março deste ano.

Para ele, um dos principais ganhos proporcionados pelo consórcio é o poder de barganha que se obtém ao conseguir a carta de crédito. “Você fecha negócios melhores, sem precisar ficar pagando juros durante anos”, diz. Com a carta de crédito na mão, ele pôde, por exemplo, reduzir de 30 para dez anos o prazo de financiamento de seu apartamento anterior, que foi revendido, e negociar um preço melhor para o novo imóvel, onde já está instalado.

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Planejamento

Desde 2013, quando conheceu a modalidade, o consórcio é a opção favorita do engenheiro Felipe Andrade de Magalhães Carvalho, de 32 anos, de Brasília, na hora de trocar de veículo. “Para mim, a principal vantagem é não pagar juros, só a taxa administrativa”, afirma. Para reduzir o tempo de espera, o engenheiro toma alguns cuidados, como avaliar o percentual médio e os tipos de lance preferidos dos participantes de cada grupo. “Guardo dinheiro para a oferta e vou pesquisando a média dos grupos”, diz. 

Feita a escolha do grupo, ele dá um lance 5% superior à média. Desde 2013, Felipe já conseguiu três veículos por lance, sempre com apenas alguns meses de espera. O último carro, um Corolla, saiu em janeiro deste ano. “Estou muito satisfeito.”

Para quem não tem muito dinheiro reservado para o lance, o consórcio oferece a opção do lance embutido. “Ele pode ser usado para completar tanto o lance fixo quanto o livre”, diz Silvano de Oliveira Carvalho, da seguradora Mapfre, em São Paulo. Nesse caso, o valor do lance é subtraído da carta de crédito e pago nas prestações normais do consórcio. 

Mas nem sempre isso é vantajoso. “Em grupos em que muitos usam o lance embutido, o valor dos lances acaba ficando inflacionado”, afirma Fernando Segato Afonso, sócio da Gorioux Faro do Brasil, consultoria de assuntos financeiros em São Paulo. E há grupos em que o consorciado só pode ter o benefício do lance embutido caso já tenha demonstrado ter capital próprio por meio de um lance livre. Por isso, cheque as regras de cada grupo antes de optar por algum.

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No caso de consórcio imobiliário, também é possível sacar o FGTS para engordar o valor do lance. “Minha recomendação é só dar de lance o que você realmente tiver disponível. Endividar-se para dar um lance tira toda a vantagem do consórcio”, diz Bruno Chacon, educador financeiro da DSOP, escola de educação financeira em São Paulo. Vale ressaltar que o lance serve para quem tem pressa. “Se puder esperar pelo sorteio, a pessoa terá a opção de aplicar o dinheiro que iria para o lance em um fundo de renda fixa, por exemplo”, diz Bruno.

Não custa lembrar a importância de investigar a situação da administradora do consórcio na Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) e no Banco Central, além de checar o histórico de queixas contra ela em sites de reclamações na internet. Com esses cuidados e dicas, o consórcio pode ser uma boa ferramenta para realizar seu sonho de consumo sem juros e sem demora.

A matemática envolvida

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Confira algumas dicas para elevar suas chances de dar o melhor lance

• Estude antes de entrar: com ajuda do vendedor, analise a média histórica de lances de cada grupo para saber qual se encaixa melhor na sua realidade financeira.

• Evite grupos novos: eles tendem a ser mais concorridos e ter valor médio de lance mais alto.

• Calcule quanto adicionar: estime um valor de 1,5% a 3% acima da média do grupo para dar o lance.

• Evite o fim do ano: nessa época, quando as pessoas recebem o 13o salário, o valor médio dos lances sobe.

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• Investigue a Administradora: cheque a situação dela em sites de reclamações, no Banco Central e na Abac. Quanto melhor a saúde financeira de um grupo, mais contemplações por mês acontecem.

Aposta certeira 

Entenda como funcionam os tipos de lance. É possível usar o fixo e o livre ao mesmo tempo, e até usar recursos da carta de crédito para ser contemplado mais cedo

• Lance fixo: consiste na oferta de um percentual de 20% ou 30% do saldo devedor da carta de crédito no mês em que o cliente desejar efetuar o lance. Se duas ou mais pessoas derem um lance igual, será contemplado o cliente cuja numeração de cota for mais próxima da sorteada no período.

• Lance livre: cada um dá o lance que quiser, e quem oferecer o maior percentual sobre o valor da carta de crédito será contemplado.

• Lance embutido: permite ao cliente dar o lance com 30% a 50% do valor que receberia na carta de crédito. O percentual usado antecipadamente será abatido do valor da carta de crédito. Pode complementar os outros dois tipos de lance.

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 223 da revista Você S/A e pode conter informações desatualizadas

Você S/A | Edição 223 | Dezembro de 2016 

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