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Vizinhos de ganhadores da loteria têm mais chances de se endividar

Estudo mostrou que ter um sortudo no bairro aumentava em 6,6% as chances de os vizinhos decretarem falência.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 17 ago 2021, 16h18 - Publicado em 17 ago 2021, 09h58

Quando alguém nos arredores do bairro fica rico da noite para o dia, a chance de os outros moradores da região se afogarem em dívidas é maior.

Motivo: Os vencedores de loteria tendem, naturalmente, a ostentar o prêmio em carros, roupas de grife e reformas na casa – caso não mudem de bairro, claro. E aí quem vê aquilo de perto começa a fazer o mesmo, com detalhe de não contar com a grana extra na conta.

Parece bobeira, mas cientistas conseguiram mostrar que isso acontece mesmo. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Alberta analisaram o fenômeno dos vencedores de loterias canadenses entre 2004 e 2014. Eles focaram em quem ganhou prêmios pequenos e médios (até US$ 120 mil), uma quantia que serve para um upgrade no estilo de vida, mas não é o suficiente para que os vencedores mudem para áreas mais caras de suas cidades.

Os resultados mostraram que ter um sortudo no bairro aumentava em 6,6% as chances de os vizinhos decretarem falência – nos países desenvolvidos existe regulamentação para isso, o que não acontece no Brasil. 

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Eles quebravam mais facilmente porque faziam mais empréstimos do que um canadense médio. E eles gastavam mais com coisas que servem para ostentar – carros ou reformas na fachada –, mas não tanto com “bens não-visíveis”, tipo móveis para dentro de casa. Isso reforça a ideia de que, inconscientemente, não queriam ficar atrás dos seus colegas endinheirados. Pior: a tendência de gastança além da conta se mostrou persistente: quem passava a gastar o que não tinha o fazia por até três anos.

Além disso, os vizinhos que decretavam falência também tinham uma quantia maior de suas poupanças em investimentos mais arriscados, como ações. Ou seja: na falta do dinheiro cair do céu, queriam multiplicar a quantia que já que tinham de forma rápida, e o tiro acabava saindo pela culatra.

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