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Socorro do BNDES é voo atrasado, mas faz decolar ações de Azul e Gol

Papéis das companhias avançam e ajudam a devolver Ibov aos 100 mil pontos

Por Tássia Kastner
Atualizado em 9 out 2020, 16h33 - Publicado em 14 set 2020, 19h20

Parece aquele voo que atrasou, teve turbulência, o passageiro perdeu a conexão e quando chegou no destino, a mala tinha sido extraviada. E foi devolvida seis meses depois.

Seis meses é o tempo que o BNDES levou para apresentar formalmente às companhias aéreas brasileiras uma proposta de socorro financeiro para enfrentar os efeitos do coronavírus. Era para ser um socorro emergencial.

No domingo a Azul divulgou comunicado dizendo ter recebido a proposta, nesta segunda a Gol confirmou que também recebeu o documento. A Latam entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos em julho, antes que o socorro chegasse.

O que as empresas vão fazer com a proposta ainda não se sabe, ambas afirmam que analisam os termos propostos. A Azul deu uma bela esnobada e, com vocabulário corporativo, disse que agora talvez nem precise mais. 

“Levando em consideração a retomada da demanda por voos e a posição de caixa da companhia, ambas mais favoráveis do que inicialmente estimado, o conselho de administração da companhia analisará a proposta da BNDESPAR juntamente com outras alternativas de financiamento disponíveis”, disse a Azul em comunicado ao mercado.

Mas o investidor foi mais facinho e se deslumbrou. Comprou Azul e Gol e ajudou a puxar o Ibov de volta para os 100 mil pontos (+1,94%) –claro que o dia positivo no exterior colaborou.

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As ações da Azul subiram 6,28%, a R$ 28,25. As da Gol avançaram 7,29%, a R$ 21,20. Nos dois casos, os papéis ainda valem cerca de metade do valor máximo do ano, lá em janeiro.

A ajuda é de R$ 2 bilhões para cada empresa e as exigências para acessar o financiamento são mais complexas que tentar remarcar uma passagem sem custo.

Envolve crédito parte do BNDES, parte de um sindicato de bancos, mas uma parcela desses R$ 2 bi ainda precisa ser captada no mercado financeiro. E se as empresas não quitarem a dívida, títulos da emissão de dívida podem ser convertidos em ações e os atuais acionistas terão seu capital diluído.

O dinheiro da operação equivale ao prejuízo que cada uma delas tomou no segundo trimestre, quando a malha aérea caiu mais de 90% –agora, é cerca de 70% menor que a de um ano antes.

O prejuízo causado por tanto avião em solo no segundo trimestre foi de R$ 1,9 bi na Azul e de R$ 1,2 bi na Gol, as duas empresas com ações na bolsa brasileira. Teve também, claro, o efeito da disparada do dólar.

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Além da possibilidade de finalmente sair o dinheiro do BNDES, as empresas foram ajudadas, claro, pela retomada dos testes com a vacina da AstraZeneca com a universidade de Oxford.

E assim os mercados globais começaram a semana com um tom mais positivo do que o fim amargo da última semana. Os principais índices americanos avançaram mais de 1%. 

O sinal de alívio lá fora também apareceu no dólar, que caiu 1,09%, a R$ 5,2755.

Dia foi do noticiário corporativo

Outras notícias de empresas ajudam a contar a animação desta segunda.

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A maior alta do dia na B3 foi da Ser Educacional (fora do Ibovespa), que subiu 10,21% após anunciar um acordo para comprar o Grupo Laureate no Brasil (que é dona de Centro Universitário FMU | FIAM-FAAM e a Universidade Anhembi Morumbi). Aí a concorrente Yduqs voltou para a jogada, segundo o Valor Econômico, e disse que pode oferecer mais. Com isso, as ações avançaram mais de 7%.

Teve ainda a alta da Cielo, que vai captar as transações da nova carteira digital do Bradesco. Mas é a típica euforia de investidor que não dá pra entender muito bem. Novembro tá quase aí e com ele o Pix, que fará com que as carteiras digitais funcionem em qualquer maquininha.

MAIORES ALTAS

Yduqs: +7,96%

Gol: +7,29%

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Cielo: +6,98%

BR Malls: +5,91%

,

Azul: +6,28%

MAIORES BAIXAS

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PetroRio: −1,54%

Petrobras ON: −1,00%

Petrobras PN: −0,91%

Bradespar: −0,78%

Cosan: −0,03%

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