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Se eu tiver R$ 1 milhão, posso me considerar “milionário”?

Não. Na real, real mesmo, você precisaria de R$ 80 milhões. Entenda.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 13 set 2022, 09h23 - Publicado em 11 ago 2022, 11h42
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 (Laura Nunes/VOCÊ S/A)
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Nem a pau. O termo “milionário” surgiu na França do século 18 para descrever a situação financeira dos novos ricos da época – que tinham ganhado boladas com ações. Referia-se, claro, a quem tivesse um milhão ou mais de unidades financeiras da época, a libra francesa.

Bom, 1 milhão de libras francesas compravam 303 quilos de ouro na época. Hoje, com o grama do ouro a uns US$ 55, você precisa de 16,6 milhões de dólares para comprar 303 quilos. Dá 86 milhões de reais. É disso que você precisaria para ter uma fortuna equiparável à dos primeiros millionnaires.

Com a ascensão econômica dos EUA, no começo do século 20, “milionário” passou a ser quem tem 1 milhão de dólares. E era mesmo uma bolada. Há 100 anos, em 1922, isso comprava até mais do que 303 quilos de ouro: equivalia a US$ 17,6 milhões de dólares atuais. Ou seja: R$ 90 milhões, um valor bem próximo daquele da França do século 18 – cortesia de um tempo em que basicamente não havia inflação, pois as moedas fortes eram lastreadas em ouro.

O lastro foi afrouxando ao longo do século 20 (e terminou de vez em 1971). Sem essa âncora, a impressão de dinheiro comeu solta, e as moedas fortes foram perdendo poder de compra (as fracas, então, nem se fala). E há 30 anos, em 1992, 1 milhão de dólares já não era tudo isso. Equivalia a US$ 2,1 milhões de hoje – bem menos que os US$ 17,6 milhões atuais do dólar de cem anos atrás.

Mesmo assim, US$ 1 milhão ainda é um bom dinheiro, lógico, então segue como linha divisória na cabeça dos economistas.

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O Global Wealth Report, do Credit Suisse, estima que existam 56 milhões de pessoas no mundo com US$ 1 milhão ou mais. 207 mil delas no Brasil. Nota: o valor da casa onde você vive não conta nesse tipo de estatística. Só “patrimônio líquido”, que você possa vender amanhã sem ter de repor.

Já 1 milhão de reais em patrimônio líquido dá meros US$ 190 mil – um montante que não basta para colocar alguém no topo da pirâmide. Aplicado a juros de 4% ao ano (uma medida realista para o longo prazo), R$ 1 milhão rende R$ 3,3 mil por mês. Já R$ 5,4 milhões, o milhão de dólares em valores de hoje, produziriam R$ 16,6 mil mensais – o bastante para manter um bom padrão de vida só com renda passiva; ou seja, para você realmente se considerar “milionário”.

PAÍSES COM MAIS MILIONÁRIOS:
1º EUA: 21,9 milhões
2º China: 5,3 milhões
3º Japão: 3,7 milhões
4º França: 2,5 milhões
24º Brasil: 207 mil

Fonte: Global Wealth Report 2021, do Credit Suisse

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