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CVM estuda novas regras para analistas de ações e isso ajuda influencers

Regras para ser um analista de investimentos são consideradas muito duras, e por isso afastariam pessoas do mercado financeiro que estão numa zona cinzenta.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 11 mar 2021, 16h03 - Publicado em 23 nov 2020, 16h11

A Comissão de Valores Mobiliários considera mudar a norma que restringe os investimentos dos analistas de ações. E isso pode ajudar a transformar alguns influencers de finanças em profissionais do mercado.

O analista de ações é a pessoa que vive de estudar o desempenho de empresas da bolsa. E ele vende essas avaliações com uma recomendação clara de compra, manutenção ou venda de papéis.

Para ser analista, é preciso registro na CVM, que regula o mercado financeiro. Com o registro, vêm as regras, que são estabelecidas na Instrução 591/18. Uma delas diz que o profissional não pode negociar uma ação um mês antes de publicar um relatório sobre a companhia em questão. Depois da publicação, cinco dias.

O motivo é simples: evitar que o analista invista e depois recomende que seus clientes façam o mesmo só para garantir a alta.

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Por que mudar? A internet está inundada de gente que faz algo que parece análise, mas não é. São como youtubers de investimentos ou pessoas que tuítam o emoji de foguetinho () com o nome de uma empresa para dizer que a ação vai subir.

Mas, entre o analista profissional e o palpiteiro amador, estão os que acompanham o mercado diariamente, produzem conteúdo nas redes sociais e ganham algum dinheiro com isso. Dependendo do conteúdo, a CVM pode considerar que isso é análise.

Parte dos influencers não quer se tornar analista porque acha a restrição para investir dura. E a CVM reconhece, internamente, que existem outras formas de evitar esse conflito de interesses. Uma alternativa, por exemplo, seria tornar pública a carteira de ações do analista, de forma parecida com o que fazem os fundos de investimento.

Alguns integrantes do mercado já foram convidados pelo órgão a oferecer propostas de mudança nas normas, mas não é para já. As discussões estão em fase bastante preliminar.

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Regras claras

Mas antes de qualquer medida de longo prazo, a CVM divulgou um ofício circular (equivale a um puxão de orelha público) reforçando o que a autarquia considera um analista de mercado e o que esse profissional pode e não pode fazer.

E reforçou que nossos amigos tuiteiros não são analistas de ações só porque falam sobre o tema — mas precisam se comportar.

O ponto central é ganhar dinheiro com a recomendação ou não. E no ganhar dinheiro com isso está receitas que venham das redes sociais, como anúncios no YouTube, ou gerar acesso a um site no qual a pessoa vá gerar alguma receita depois.

Depois de uma investida da autarquia contra os influencers, começou uma onda de publicações em que eles escreviam que as postagens “eram opiniões pessoais” e não eram “recomendações de investimento”. A CVM? Disse que só isso não adiantaria, era preciso algum comedimento no texto como um todo.

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