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Bolsas têm dia Garfield e lembram por que não gostam de segundas-feiras

Medo de segunda onda de Covid e reportagem sobre bancos globais deixaram investidores tão mau humorados quanto o gato mais famoso dos quadrinhos

Por Tássia Kastner
Atualizado em 17 out 2024, 10h49 - Publicado em 21 set 2020, 18h56
 (John Lund/Getty Images)
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Hoje foi o dia do mercado financeiro incorporar o Garfield e amanhecer com uma caneca (ou balde) de café na mão entoando o mantra “eu odeio segundas-feiras”.

Isso porque o massacre das bolsas já estava anunciado desde sexta e foi se intensificando no final de semana, quando os mercados estavam fechados e não era possível reagir ao noticiário negativo. Aí na reabertura todo mundo se desespera e é basicamente o resumo do pregão, que nem terminou tão feio assim.

Por desespero entenda: bolsa em queda, dólar e juros em alta.

O que levou a tamanho mau humor? Investidores não gostaram de saber que cinco grandes bancos com atuação global são suspeitos de manter movimentações ligadas a lavagem de dinheiro por mais de 20 anos, isso mesmo depois de terem fechado acordos com o governo dos Estados Unidos para suspender condutas consideradas ilegais. No período, eles teriam movimentado US$ 2 trilhões (como comparação simples, o PIB brasileiro em 2019 foi de US$ 1,9 trilhão).

A denúncia é fruto de uma reportagem do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos baseada em documentos secretos da FinCEN (Financial Crime Enforcement Network), agência do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

Foram citados na reportagem JP Morgan, HSBC, Deutsche Bank, Standard Chartered Bank e Bank of New York Mellon. As ações dos cinco sofreram fortes quedas nas bolsas em que são listados. E quando banco tem problema, por prudência o investidor se afasta.

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O problema é que não é só essa questão das páginas de negócios (ou de polícia, se preferir) que anda tirando o sono do investidor.

O noticiário de saúde continua com bastante audiência no mercado financeiro e sozinho já seria negativo o suficiente para esta segunda.

Desde sexta-feira (18), o Reino Unido vem manifestando preocupação com o aumento do número de casos de Covid, o que também acontece em outros países importantes da Europa (como França e Alemanha).

Boris Johnson, o premiê britânico, disse que fará de tudo para evitar um novo lockdown, mas cautela nunca fez mal a investidor nenhum.

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E mesmo que não ocorra uma imposição de fechamento de comércio, o risco maior é de fechamento de fronteiras.
Portanto, sofrem as ações de empresas ligadas ao setor de turismo.

Ilustramos com o Brasil: as empresas do Ibovespa que mais se desvalorizaram foram Gol e Azul. Lembra da alta das duas companhias aéreas, que destacamos na segunda passada após o anúncio de que finalmente poderia sair a ajuda do governo? Pois o mercado mais que devolveu: boa parte tinha sido ao longo da semana mesmo e nessa segunda o bicho pegou de verdade.

O Ibov cedeu mais de 1%, mas teve luta para que o tombo não fosse ainda maior. O índice chegou a perder os 96 mil pontos durante a manhã, mas fechou a 96.990 pontos.

A luta aparece também no volume de negócios: foram movimentados quase R$ 38 bilhões na B3 só nesta segunda, acima da média diária recente que andava rondando os R$ 29 bilhões.

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E quando o investidor luta muito em ações, busca compensação no dólar. A moeda americana chegou a encostar nos R$ 5,50 novamente (em uma alta que foi generalizada antes as principais moedas globais).

Ter dólar é ter dinheiro na mão: é como se o Garfield tivesse dizendo “lucro pouco minha lasanha primeiro”.

Magalu

Na sexta-feira, o Magazine Luiza anunciou um programa de trainees exclusivamente para negros. E houve gritaria. Muito investidor se dizendo liberal questionou a medida em redes sociais (vamos pular manifestações de juízes fora dos autos nesse texto).

A máxima do mercado financeiro é bastante simples: as decisões dos gestores da companhia são medidas pela capacidade que elas têm de gerar (ou destruir) valor para o acionista.

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Nesta segunda-feira mau humorada, os papéis da companhia subiram 1,77%, a quarta maior alta do índice. O investidor pode não ter comprado Magalu por causa do trainee, mas o que podemos afirmar com certeza é que também não vendeu.

BOLSAS

Dow Jones: -1,84%
S&P 500: -1,16%
Nasdaq: -0,13%
Ibov: -1,32%

MAIORES ALTAS

B2W: +4,01%
SulAmérica +2,86%
WEG: +2,27%
Magazine Luiza: +1,77%
Braskem +1,47%

MAIORES QUEDAS

GOL: −8,46%
Azul: −7,80%
Embraer: −4,79%
Ecorodovias: −4,54%
Iguatemi: −4,51%

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DÓLAR

+0,43%, R$ 5,4005

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