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A “não-coin” do Nubank

Banco roxo anuncia o lançamento de uma cripto própria, a Nucoin. Mas, na prática, o conceito pouco difere dos velhos pontos de cartão de crédito. 

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 6 dez 2022, 08h23 - Publicado em 11 nov 2022, 05h03

O Bitcoin e o Ethereum, as duas maiores criptomoedas, caíram 70% em um ano. Os negócios com NFTs, outra faceta do mundo cripto, desabaram 97% desde o pico histórico, em janeiro. Mesmo assim, instituições financeiras convencionais seguem mergulhando cada vez mais nas criptomoedas – ou pelo menos no conceito de criptomoeda. 

A investida mais recente veio do Nubank. O banco roxo anunciou suas “Nucoins” para o ano que vem. Segundo a instituição, trata-se de uma moeda digital. Mas na prática não é bem assim.

A ideia é que a coisa funcione como a unidade monetária de um programa de recompensas. Todos os clientes receberão Nucoins. O banco ainda não divulgou como – tipo se a distribuição estará atrelada ao uso do cartão de crédito ou de outros produtos financeiros do banco. Tendo acumulado Nucoins, os clientes poderão trocá-las por “benefícios como descontos e outras vantagens”, de acordo com o blog do Nubank.

Bom, até aí a coisa não difere dos tradicionais pontos de cartão de crédito: algo que não é exatamente dinheiro, e que você junta para trocar por alguma coisa lá na frente. A maior diferença é que, em algum momento, será possível vender para outras pessoas as Nucoins que você tiver acumulado. Para fazer o mesmo com pontos de cartão, só depois de tê-los convertido em milhas aéreas de alguma companhia. 

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A ideia não é original: o Mercado Pago (braço financeiro do Mercado Livre) lançou suas “Mercado Coins” em setembro. Os usuários recebem cashback na forma dessas moedas, e podem usá-las como cupons de desconto no Meli. Também dá para comercializá-las dentro do app do Mercado Pago. Elas foram lançadas a R$ 0,50. Até o fechamento desta edição, valiam R$ 0,67. Alta de 34%. 

Mas o que determina o valor de uma Mercado Coin ou de uma Nucoin? As tais das “vantagens” que elas eventualmente oferecerem. É o que acontece com as “fan tokens” dos times de futebol. São criptos cuja posse dá o direito de participar mais ativamente da vida dos clubes. Exemplo: SCCP, do Corinthians, lançada em setembro de 2021, conferiu aos detentores o privilégio de votar em “qual será o próximo jogador homenageado com um busto no Parque São Jorge” ou “qual mensagem será colocada na faixa de cabelo do goleiro Cássio no clássico contra o Santos”. Pelo jeito, será preciso mais imaginação para tornar as fan tokens atraentes. A SCCP estreou a US$ 2. Hoje vale US$ 0,67. Queda de 66%.

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