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Facundo Guerra diz por que é necessário propósito para empreender

Autor do livro “Empreendedorismo para Subversivos” acredita que, para ser dono do próprio negócio, é preciso encontrar o propósito

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 17 dez 2019, 15h15 - Publicado em 27 dez 2017, 16h00

Facundo Guerra já se reinventou inúmeras vezes. Formado em engenharia de alimentos, ele se especializou também em jornalismo e ciências políticas. Mas a grande guinada de sua vida aconteceu em 2005, quando resolveu empreender e criou negócios que transformaram a cidade de São Paulo, como o Cine Joia, o bar Riviera e o Mirante 9 de Julho. Nesses mais de dez anos empreendendo, Facundo colheu algumas lições que fogem do comum e que estão no livro Empreendedorismo para Subversivos (Planeta Estratégia, 41,90 reais). Em entrevista para VOCÊ S/A, ele fala sobre os desafios de ser dono do próprio negócio.

Empreender virou moda?

A gente está vivendo o imperativo do empreendedorismo, mas empreender pode deixar um monte de cicatrizes, pois existem várias armadilhas das quais ninguém nunca fala. Uma delas é a narrativa de que, se você não foi bem-sucedido no seu negócio, é porque não quis o suficiente. Outra coisa é a crença, ainda muito difundida, de que para ter sucesso é preciso ter dinheiro. Esse não pode ser o propósito do empreendedorismo, mas quem está desesperado acredita que esse é o caminho.

O que é ser bem-sucedido para você?

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O que me incomoda é que muita gente só se sente bem-sucedida com a legitimação alheia – os outros têm que achar que você é um sucesso para que você se sinta assim. Mas o que vale é como você se sente, é a sua trajetória. Eu nunca fui tão malsucedido do ponto de vista financeiro como sou hoje, mas me julgo mais bem-sucedido com menos dinheiro. Ninguém tem que sentir vergonha por isso. Muitas coisas são mais importantes do que dinheiro.

Por isso você diz, no livro, que é preciso encontrar o propósito antes de empreender?

Na ausência de uma palavra melhor, é propósito mesmo. Antes de uma viagem para fora, você precisa fazer uma viagem para dentro e se perguntar como é que você viveu até hoje e o que quer mudar. Uma coisa que aprendi é que, para empreender, primeiro você tem que acumular estímulos, vivência e erros. Por isso, acredito ser melhor empreender quando você tem mais bagagem e força para se reerguer – porque, se você cai aos 20 anos, pode ser que não consiga levantar mais. E isso é engraçado, porque a gente costuma ligar o empreendedorismo, necessariamente, aos jovens. Mas é preciso usar a palavra “empreendedorismo” com mais cuidado, porque virou uma palavra vazia.

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Acredita que as novas gerações estão mais conectadas com a necessidade de ter um propósito?

Sim, já estamos vendo isso. Numa visita que fiz à minha antiga universidade, a Mauá, notei algo interessante. Quando eu estudava, todo mundo queria trabalhar em grandes empresas – inclusive eu. Agora, os jovens querem trabalhar em coisas que mudam o mundo. Antes, as empresas compravam os anseios dos profissionais com dinheiro, mas as cosias mudaram. As pessoas buscam outras conexões. É romântico? Sim. Mas estamos vivendo a economia do compartilhamento e a falência do luxo.

Qual foi a grande lição que você aprendeu em seus anos como empreendedor?

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A não obedecer – principalmente quando a ordem é burra. Eu sempre penso por que estou obedecendo alguma ordem e se vale a pena ou não. Quando você faz isso, se livra de um monte de obrigações. Não precisa fazer média com ninguém. Se o seu negócio é bom, as pessoas vêm até você naturalmente. Se você tem que puxar saco, seu negócio não se sustenta.

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