Empreendedorismo

A fórmula da blood para competir com gigantes do brand experience

Os fundadores da agência discordavam em quase tudo. Hoje comandam um negócio que vai faturar R$ 50 milhões em 2024.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 13 dez 2024, 17h41 - Publicado em 13 dez 2024, 17h00

A história da blood é uma verdadeira montanha-russa. Fundada por dois antigos colegas de trabalho, a agência de eventos e brand experience conseguiu superar adversidades, como uma pandemia global, e saltar de um faturamento de R$ 15 milhões para R$ 50 milhões nos últimos três anos.

O começo da sociedade, no entanto, foi inusitado. Quando soube que a agência em que trabalhavam iria fechar as portas em 2016, Marcos Carneiro – ou Marcão, como gosta de ser chamado –, que ocupava o cargo de diretor de atendimento, ligou para Alê Tcholla, então diretor de produção, e propôs a criação de uma nova agência. “Eu discordava muito do Marcão”, confessa Tcholla. “Fiquei em choque com o convite e consultei algumas pessoas, que me disseram que ia dar certo, porque a gente se completava.”

Tcholla, que havia acabado de empreender abrindo uma barbearia no bairro dos Jardins, topou o desafio. Marcão juntou os poucos recursos que tinha, Tcholla vendeu seu carro e ambos reformaram a casa que serviu de escritório inicial para a agência. Assim nasceu a blood, que no final de 2016 já tinha clientes fixos como Aon, Facebook e Luxxotica. Junto com Marcão, que se tornou sócio e responsável pelas áreas de clientes e backoffice, e Tcholla, sócio e líder de criação, planejamento e produção, também veio da antiga empresa David Contreras, que começou na blood comandando a área de planejamento, e hoje ocupa a cadeira de diretor comercial.

Mais mulheres que homens

A agência então ganhou um novo sócio, Daniel Werneck, que chegou no ano da pandemia e hoje atua como membro do conselho. Desde então, a blood passou de cinco funcionários para uma equipe fixa de 35 pessoas, tendo realizado mais de 200 projetos em sua trajetória. Um dado relevante é que 60% do quadro da empresa é composto por mulheres, e 50% das posições de liderança também são ocupadas por elas, incluindo a diretora de atendimento, Bianca Di Pierro.

Entre os maiores desafios enfrentados pela blood com o crescimento está a necessidade de expandir a equipe e investir em novas frentes de atuação. Para estruturar esse crescimento, a agência investiu em consultoria de gestão empresarial e está implementando um sistema CRM para organizar dados de forma mais eficiente.

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Com um portfólio diversificado que inclui projetos em cidades como São Paulo, Las Vegas, Lima e Londres, a blood tem como meta ampliar sua atuação em setores como o de bens de consumo e o automobilístico, ambos grandes investidores em experiências de marca. A agência, que preza por um trabalho criativo que vai além da execução de eventos, busca cada vez mais soluções inovadoras e sustentáveis.

“Non stop”

“O mercado não quer apenas uma produtora, quer uma agência criativa e parceira que fuja do comum e que traga propostas mais sustentáveis”, afirma Tcholla. “Nossos clientes sabem que nunca os deixaremos na mão. Estar próximo, entender o que precisa ser feito e entregar de forma impecável é o que faz nosso sangue ferver”, completa Marcão, em alusão ao nome da empresa.

O posicionamento “Non Stop Experience” da blood é reconhecido pelo mercado. O lema é aplicado em projetos de todos os tipos, como feiras, convenções, branded content, ações de relacionamento, incentivo e campanhas. A agência vive intensamente esse conceito, mas com consciência ambiental. Para mitigar os impactos de suas produções, a blood firmou parceria com a Ambify – unidade de créditos de carbono da Ambipar –, compensando suas emissões de carbono com créditos certificados e rastreáveis em 100% dos seus eventos e da sua operação. A agência também atende e é signatária do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.

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R$ 100 milhões no futuro

Entre os recentes projetos realizados pela Blood estão o Conecta Imobi, do Grupo OLX, que completou dez anos em 2024 e reuniu mais de 6 mil profissionais do mercado imobiliário, e o Bioeconomy Amazon Summit, realizado em Belém pelo Pacto Global e pela venture capital KPTL. Esse evento consolidou a capital paraense como o centro nacional da bioeconomia, reunindo startups e players importantes para discutir o futuro sustentável da Amazônia, já como parte da agenda da COP30, evento global que irá acontecer em Belém em 2025. Outro destaque de 2024 foi a convenção de vendas do Grupo Casas Bahia, que contou com mais de 1.200 participantes e 20 patrocinadores.

Para o futuro, a blood quer continuar crescendo de forma sustentável. O plano é investir em novas frentes de atuação e parcerias estratégicas, visando atingir um faturamento de R$ 100 milhões nos próximos dois anos por meio de um ecossistema completo para atender os clientes de forma abrangente. Além disso, a agência planeja expandir seus projetos proprietários, sempre com cautela e foco em processos estruturados. “Se atingimos as metas financeiras, todos ganham”, afirma Marcão. “É assim que pensamos e agimos desde o começo da nossa história: dividir para multiplicar.”