Mercado global agora tem excesso de semicondutores
TSMC e Samsung, duas gigantes da produção de chips, veem seu lucro cair no segundo trimestre.
Um dos problemas da pandemia foi a falta de semicondutores para atender à alta demanda por eletrônicos em meio a gargalos de produção. Agora, há chips em excesso no mundo. É o que os balanços das fabricantes apontam.
A divisão de semicondutores da Samsung acumula perdas de US$ 7 bilhões em 2023. Outro dado da gigante coreana explica o porquê: no segundo trimestre, as vendas de chips caíram 22% em relação ao mesmo período do ano passado. A coisa está tão ruim que os meses de abril, maio e junho foram o pior trimestre da companhia em 14 anos, com uma queda de 84% no lucro líquido, para US$ 1,35 bilhão.
Trata-se do efeito-rebote de 2020, quando a demanda por eletrônicos disparou. Agora, a procura por smartphones e notebooks esfriou, enquanto a fabricação de chips se expandiu.
“[A falta de chips] foi um problema pontual durante os dois anos de pandemia. Ele se resolveu. Hoje está sobrando chip no mundo”, afirma Helio Bruck Rotenberg, CEO da Positivo Tecnologia, em entrevista à Você S/A.
E não é só porque todo mundo já montou seu home office. As vendas não andam bem principalmente porque a economia da China está patinando, isso enquanto países ricos seguem subindo juros, o que reduz o consumo de itens mais caros, caso dos eletrônicos.
A TSMC, que fornece chips para Apple e Nvidia, só não está tão ruim quanto a Samsung por conta da febre em torno da IA. A receita da taiwanesa caiu 10% no segundo trimestre, para US$ 15,6 bilhões, levando a companhia a ter sua primeira queda de lucro em quatro anos, com um recuo de 23%. A expectativa dos executivos é que o resultado de 2023 como um todo seja semelhante: tombo de 10% na receita, ante os 5% que previam no começo do ano, adiando para 2025 o início da produção em larga escala na fábrica que estão construindo no Arizona.