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Lockdown em Xangai renova pesadelo logístico no mundo

O porto de Xangai, o maior do mundo, passa por lentidão há quase dois meses. E as cadeias globais de produção ainda nem se recuperaram do baque de 2020.

Por Bruno Carbinatto
13 Maio 2022, 07h01

Os mais de 22 milhões de habitantes de Xangai, capital econômica da China, entraram em rigoroso lockdown no dia 27 de março. Abril passou, e nada de as medidas de restrição acabarem. E “lockdown”, aqui, é no modelo chinês mesmo: todo mundo em casa, salvo as poucas exceções escolhidas a dedo pelo governo.

Isso afetou, é claro, toda a economia da cidade, com destaque para o porto de Xangai – o maior do mundo. Muitos funcionários foram dispensados, e, entre os que permanecem trabalhando, muitos têm de dormir no local de trabalho para evitar contato com pessoas de fora, segundo a mídia local.

O porto passou a operar com mais ou menos metade de sua capacidade. Dados do Automatic Identification System, o sistema de rádio usado pelos barcos, mostram um enorme congestionamento na área. Os contêineres importados, por sua vez, são deixados nos pátios por até 12 dias – antes do lockdown, a espera era de apenas quatro dias e meio.

A lentidão no maior porto do mundo afeta o planeta todo, como já vimos lá no começo da pandemia. De fato, o baque dos primeiros lockdowns chineses na logística mundial foi tão grande que é ainda sentido pelas empresas. Um setor que não se recuperou até hoje é o de semicondutores (chips), que ainda passa por uma escassez de produtos.

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Agora, o problema deve piorar. A Apple, por exemplo, já adiantou que o atual lockdown chinês vai custar à empresa algo entre US$ 4 bilhões e US$ 8 bilhões em vendas neste segundo trimestre – o equivalente a até 8,2% do faturamento que a companhia obteve no primeiro trimestre (US$ 97,3 bilhões). 

Não é só em Xangai. Sete dos dez portos mais movimentados do mundo estão na China (os outros três ficam na Coreia do Sul, em Singapura e nos Emirados Árabes). E o Partido Comunista Chinês já deixou claro que não pretende abandonar sua política de “Covid-zero” – o que significa que lockdowns restritivos como o de Xangai podem pipocar pelo país, a qualquer momento, se o número de casos aumentar. Nada é tão ruim que não possa piorar. 

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